COLUNA
Sexo com Nexo
Sexo com Nexo por Mônica Moura, sexologia clínica e Educação sexual.
Sexo com Nexo

Onde foi parar o meu desejo?

Confira a coluna desta semana da sexóloga e educadora sexual Mônica Moura.

Mônica Moura/ Sexologia clínica e Educação sexual

Coluna Sexo com Nexo. (Divulgação)

Carla era daquelas que idealizava a vida de casada no eterno “felizes para sempre”. E, nos primeiros meses, até que foi mesmo. Jantares românticos, olhares apaixonados, finais de semana de preguiça que começavam e terminavam na cama – o sonho de qualquer recém-casada.

Corta para o 4° semestre conjugal. O marido, João, há dias (muitos) vinha soltando algumas indiretas - umas mais diretas que outras, é verdade. Ele mandava um meme picante no meio do dia, relembrava uma safadeza do passado, passava as mãos pelo bumbum dela, e nada. Nenhum “friozinho” na barriga. Ela já estava se esquivando. Será que a magia tinha acabado?

Numa noite, depois de mais uma tentativa frustrada (com filme, pipoca e beijos no pescoço), João, com preocupação e confusão, perguntou: “Mas por que não, amor? Fiz alguma coisa?”. E Carla se deu conta: o problema não era o João (coitado), mas ela mesma. Estava sem o menor interesse em sexo. Naquele momento, tudo o que queria era um edredom quentinho e uma boa noite de sono. O desejo sexual ficou lá no fundo da gaveta, junto com as roupas que ela jurava que voltaria a usar depois do casamento.

Envergonhada, ela abriu o jogo. Sem vontade de nada, mas querendo tudo, lá foi ela pro meu consultório, na esperança de recuperar o tal do "friozinho na barriga". 

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Conversamos e ela entendeu que não era o fim. Era a vida acontecendo. O desejo agora divide o palco com o trabalho, a casa pra cuidar, o sono atrasado e os boletos que naturalmente se multiplicam na vida adulta. No meio de tanta coisa nova, o sexo não era mais o protagonista. Além do mais, alguns remédios e até seu anticoncepcional estavam jogando um balde de água fria no desejo. Era uma questão de tempo e paciência, porque os ajustes são sempre possíveis.

Depois de algumas sessões, a saúde mental e a vida sexual fizeram as pazes (e já andam de mãos dadas, viu?!). Cansaço, ansiedade, e até a pressão de “estar sempre no clima” tiram a magia da coisa mesmo. Carla viu que ela não era a única passando por essa “pane”. Aprendeu que na vida adulta, se não entrar na agenda como prioridade o “dia do namoro”, tudo volta pro fundo da gaveta do esquecimento, ou vai pro depósito do desnecessário, rapidinho.

E com a libido renovada, eles soltam a ideia “ousada” de que talvez já fosse a hora de engravidar.  “Agora vai, Dra!”, disse João empolgado como num gol do Flamengo. 

Notei que naquele instante de empolgação, o novo casal desconsiderou o fato de que os bebês costumam trazer uma leve baixa na vida sexual… mas essa é outra etapa a descobrir (vivendo). Sei que a terapia vai ter que continuar. E estou aqui para ajudar no que for possível!

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