Samba de Benneditto

"Benneditto Seja é uma louvação ao bumba meu boi e blocos tradicionais do Maranhão", diz Rita Benneditto

A música de autoria de Rita, com a direção musical de Luis Filipe de Lima, já está nas plataformas digitais. Ela faz parte do projeto Samba de Benneditto, cuja a turnê nacional tem início no Sesc Pompéia, em São Paulo.

Pedro Sobrinho/Jornalista

Atualizada em 27/03/2022 às 10h56
Rita Benneditto fala do single Benneditto Seja e do projeto Samba de Benneditto na Mirante FM. Foto: Thais Gallart (Rita Benneditto)

Em entrevista ao Plugado, na Mirante FM, na tarde desse domingo (27/1), a cantora Rita Benneditto, falou do single "BENNEDITTO SEJA", de autoria dela, com direção musical de Luís Filipe de Lima, lançado na última sexta-feira (24/1), nas plataformas digitais e integra o projeto "SAMBA DE BENNEDITTO".

No novo projeto, a cantora e compositora maranhense mostra o seu olhar sobre o samba e os muitos estilos com que ele é executado em diferentes regiões do país.

- Resolvi incursionar pelo samba justamente para mostrar que o gênero tem várias vertentes, não só apenas o carioca. O samba no Brasil é absoluto em todos lugares. No Maranhão, nós temos um samba muito peculiar representado pela batida dos Fuzileiros da Fuzarca, pelos blocos Tradicionais, presentes no Carnaval. É a batida diferente, o suingado diferente, bem típico do Maranhão, assim como o Samba de Roda da Bahia, o Samba de Véio da Ilha de Massangano da cidade Petrolina, em Pernambuco, e tantas outras variações em todo o Brasil. A gente sabe que a capital maior do samba no Brasil é o Rio de Janeiro. Estou no Rio há 18 anos e vivencio tudo isso naturalmente. O Rio de Janeiro pulsa samba todos os dias. Resolvi fazer um show reverenciando o gênero samba, mas com essa descontração de não me preocupar em fazer samba original, em sua essência. Estou dando a minha leitura sobre o que eu entendo, sinto e penso sobre o samba. Daí, surgiu a ideia do projeto Samba de Benneditto, onde estou cantando vários compositores brasileiros, entre eles, Roque Ferreira, Arlindo Cruz, Xande de Pilares, Antônio Vieira, Nei Lopes, que fez um samba para mim falando da Encantaria no Maranhão. Tem ainda, Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara, novos nomes do samba como João Martins, um músico fantástico, e a Luedji Luna, que não é uma sambista, mas lançou um belíssimo samba recentemente. Então é uma forma de abordar o gênero samba de um jeito particular. Por isso, é chamado de Samba de Benneditto, que é o meu samba, samba do meu Axé, samba do meu encanto - define.

Benneditto Seja: Conexões

Rita nasceu na cidade de São Benedito do Rio Preto, próxima à região dos Lençóis Maranhenses. Ela é devota de São Benedito, o santo católico também conhecido como o Mouro ou o Negro. A artista tem respeito também pela figura de Pai Benedito, entidade cultuada pela Umbanda, uma das religiões brasileiras de matriz africana. Mas a principal motivação da mudança esteve na vontade de homenagear seu pai, Fausto Benedito Ribeiro, e também uma forma de contar a história da mudança do nome artístico de Rita Ribeiro para Rita Benneditto. Para Rita, "BENNEDITTO SEJA" é uma canção lúdica que também da vazão ao casamento de Santa Rita com São Benedito.

- Benneditto Seja é uma música de minha autoria, tem uma sonoridade para o samba, mas também voltada para o Samba de Benneditto, o meu projeto que traz abordagem diferenciada para o samba como gênero. Até porque sou do Maranhão, as minhas influências estão dentro desta música. Eu coloquei elementos do bumba meu boi, especialmente do sotaque de Pindaré. É também uma referência da batida dos blocos tradicionais. A música fala do encontro de Santa Rita de Cássia com São Benedito. É também uma forma de contar a história da mudança do meu nome artístico de Rita Ribeiro para Rita Benneditto. Nela, eu reverencio a cidade que eu nasci que é São Benedito do Rio Preto, interior do Maranhão, próximo aos Lençóis Maranhenses, e também porque sou devota de São Benedito e do preto velho Pai Benedito das Almas. E resolvi, ainda, homenagear o meu pai Fausto Benedito Ribeiro. Meu pai era uma grande influência musical para mim. Meu pai junto com a família dele "os Ribeiros", tinham um grupo de pau e corda. Eles tocavam no interior, meu pai tocava banjo, violão, cavaquinho. Gostava de assobiar os sambas dele, as música dele. É uma felicidade pra mim tê-lo comigo neste samba, mesmo não estando presente. Assim como eu, a minha família ficamos muito felizes e, ao mesmo tempo, saudosos da presença dele conosco. Portanto, o Benneditto é uma homenagem também ao meu pai e eu conto de uma forma lúdica, também usando o recurso dos cordéis, para falar desta conexão do samba carioca, hoje moro no Rio de Janeiro, com todas as referências musicais que eu tenho e retrata o Maranhão. Benneditto Seja é o carro-chefe do meu novo projeto que se chama Samba de Benneditto - explica.

Turnê Nacional

Evocativo das origens dessa cantora extremamente afinada, o single "BENNEDITTO SEJA" promove o ainda inédito show "SAMBA DE BENNEDITTO", com o qual Rita dará voz às diversas modalidades do samba feito no Brasil. Programado para estrear em São Paulo (SP) em 30 e 31 de janeiro, em duas apresentações no Sesc Pompéia, Rita afirmou que a cidade é o ponto de partida da turnê nacional de "SAMBA DE BENNEDITTO", haja vista a relação afetiva e a maneira carinhosa com que o paulistano acolhe o trabalho dela como cantora e compositora.

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- Escolhi São Paulo porque é uma cidade que me dá estrutura para realização de um projeto grandioso. E como o Sesc Pompéia comprou a ideia ficou melhor para mim, mais fácil, desenvolver o projeto lá. Além disso, São Paulo é uma cidade muito aberta, muito cosmopolita. O público paulistano é bastante diversificado, está atento as novidades, as experiências, sempre de braços abertos para o novo, o diferente. Sem falar também que considero São Paulo a minha segunda casa. Apesar de morar no Rio de Janeiro, que já é minha casa, São Paulo foi a minha segunda casa depois que sai do Maranhão para o mundo. Foi a cidade que me acolheu, me estruturei como artista. Fico feliz em voltar e poder estrear este show em São Paulo, pois sei que as pessoas estão bastante curiosas, o meu público está bastante curioso para saber deste projeto que tem todo o apoio estrutural dado pelo Sesc Pompéia para que a gente realize um lindo show, para que a gente apresente um grande espetáculo. Por isso, São Paulo sai na frente - explica.

SAMBA DE BENNEDITO tem, também, agendado shows no Rio de Janeiro, em fevereiro. Indagada da possibilidade de trazer o show para o Maranhão, a artista disse que a vontade é grande de mostrar o espetáculo para os conterrâneos, mas depende de convites.

- Logo na sequência, em fevereiro, faço Rio de Janeiro, com dois shows agendados. A gente vai seguindo com o Samba de Benneditto, se Deus quiser até São Luís do Maranhão. Eu não entendo porque volto tão pouco a minha terra para cantar. Gostaria de voltar mais. Como eu digo, não dá para se fazer tudo sozinho é importanta que aconteça os convites. Eu tenho uma estrutura de equipe grande que preciso viabilizar. Com o convite a gente fica mais assegurado com a estrutura para levar os shows. Eu espero este ano de 2020 voltar a São Luís com o Samba de Benneditto e poder cantar para os meus conterrâneos. Eu sei que tem muita gente que curte o meu trabalho. Enfim, São Luís é a minha terra, um lugar onde me refaço, meu Porto Seguro. Então espero levar o Samba de Benneditto o mais breve possível para minha ilha querida - enfatiza.

Discografia

Em 2012, quando Rita Ribeiro virou Rita Benneditto, a artista já tinha lançado cinco álbuns, incluindo os registros de estúdio e ao vivo do show Tecnomacumba.

Em cena desde o início dos anos 1980, mas projetada em escala nacional somente a partir da edição do primeiro álbum em 1997, Rita Benneditto tem cacife para cantar em qualquer terreiro.

FICHA TÉCNICA DA FAIXA
Autoria, voz e vocais: Rita Benneditto
Direção musical e violão 7 cordas: Luís Filipe de Lima
Cavaco: Thiago da Serrinha
Baixo: Ivan Machado
Acordeon: Kiko Horta
Flauta: Eduardo Neves
Percussões: Ronaldo Silva, Thiago da Serrinha e Cacau Amaral
Coro: João Martins, Pedro Miranda, Roberta Nistra, Alceu Maia, Clarice Magalhães e Elisa Addor
Gravado por Lucas Morais Macedo no Estúdio Emestúdio ​–​ RJ em outubro de 2019
Editado por Lucas Morais Macedo e Luís Filipe de Lima
Mixado e masterizado por Lucas Morais Macedo no Estúdio Emestúdio

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