Pesquisa e Catalogação

Maranhão representado na defesa do forró como Patrimônio Imaterial do Brasil

Na Mirante FM, Alexandra Nícolas anunciou o Encontro do Fórum Nacional do Forró e o Festival Pisa na Fulô, em outubro, em São Luís.

Pedro Sobrinho / Jornalista

Atualizada em 27/03/2022 às 10h56
Alexandra Nícolas em bate-papo com Pedro Sobrinho, no Plugado (Divulgação)

É de origem maranhense, do município de Pedreiras, o autor de Pisa na Fulô, conhecida em todo o Brasil. Quando escreveu a canção, ainda, na década de 50 em parceria com Silveira Junior e Ernesto Pires, João do Vale, de voz forte e vida humilde, não poderia imaginar que a canção se tornaria um dos hinos do forró tradicional.

Se estivesse vivo, um dos compositores mais representativos da cultura nordestina, com certeza, iria contribuir para a pesquisa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que investiga a complexidade das Matrizes Tradicionais do Forró na sua terra natal, o Maranhão.

É que o Estado está contemplado nesse estudo, sendo uma das etapas do processo de registro para avaliação do bem como Patrimônio Imaterial e Cultural do Brasil.

A pesquisa se estenderá até meados de 2020 e resultará no dossiê de Registro a ser analisado pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural que irá deliberar se o bem receberá o reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil.

Fase Inicial

O início dessa fase tem como marco o Seminário Forró e Patrimônio Cultural, que ocorre de quarta-feira (8/5) a sexta-feira (10/5), em Recife, capital pernambucana.

O Maranhão será representado por equipes de técnicos do Iphan e pela cantora Alexandra Nícolas, coordenadora do Fórum de Forró de Raiz no Maranhão, em convite feito por Joana Alves, presidente da Associação Balaio Cultural do Nordeste, localizada em João Pessoa (PB).

Pesquisa e Catalogação

Em bate-papo nesse domingo, no Plugado, Alexandra Nícolas, falou da presença do Maranhão nesta fase de instrução técnica na contribuição para que o forró se legitime Patrimônio Imaterial e Cultural do Brasil.

- O forró do Maranhão está muito presente e todo este trabalho de catalogação será apresentado neste seminário em Recife - enfatiza.

Questionado sobre a força do gênero no Estado, ela cita João do Vale como ícone do movimento, mas também destaca o Seu Raimundinho e o resgate, a valorização do forró de raiz em alguns municípios maranhenses.

- João do Vale é o grande desbravador do forró no Maranhão. Isto é fato em nosso trabalho de pesquisa, mas também temos outro representante; Seu Raimundinho. Um grande mestre do forró, exímio sanfoneiro, e que todo o seu ensinamento é passado de pai pra filho, de filho pra neto. Seu Raimundinho é dono de uma riqueza cultural profunda e que precisa ser reconhecido. Quando eu passei as informações sobre ele em um fórum em Brasília, as pessoas ficaram impressionadas - destacou.

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Festival Pisa na Fulô

Na capital São Luís, o forró é pulsante em diversas épocas do ano e principalmente nas festividades de São João.

Já no interior, acontece anualmente a festa do Forró em Pedreiras, em homenagem a João do Vale. Em Lucindo, povoado do município de Porção de Pedras, a Festa é dos Sanfoneiros, onde reúne tocadores de todo o Estado. É o explica a coordenadora do Fórum de Forró de Raiz no Maranhão, a cantora Alexandra Nicolas.

- O forró tradicional no Maranhão tem sido observado com um olhar mais atencioso e a novidade é que seremos a sede de um Encontro do Fórum Nacional do Forró que acontece em outubro deste ano, quando também faremos o Festival Pisa na Fulô, nosso primeiro festival de forró, com a presença de atrações nacionais e pessoas que atuam em políticas públicas - anunciou.

Roots e For All

E ao questionar sobre na possibilidade do forró se transformar em Patrimônio Imaterial e Cultural do Brasil abraçar a todas as vertentes do gênero, inclusive com a polarização existente entre o que é forró de raiz e modernizado pelo "viés do eletrônico", Alexandra disse que existe um respeito ao processo de modernização do forró, mas que a tese defendida pelos atores envolvidos no dossiê da pesquisa é pela "salvaguarda da matriz do forró'.

- O forró é um balaio de sotaques. Existem várias vertentes do gênero, o xote, baião, coco, entre outras nomeações criadas pela mídia. Mas não podemos deixar de citar que o forró nasce com um trio: triângulo, sanfona e zabumba. Isto hoje é resistência no São João. O objetivo é salvaguardar as matrizes do forró. Por favor, a gente tem diretrizes, matrizes. Você não pode confundir o sertanejto com o forró. Cada um tem a sua peculiaridade de formas brilhantes. Enfim, vamos abraças tudo o que vir, mas priorizar as raízes é o fundamental - explica.

Centenário de Jackson do Pandeiro

Alexandra Nícolas anunciou da sua agenda para o São do João do Maranhão 2019 e afirmou que a prioridade será aproveitar a ocasião para difundir o forró e esclarecer do que está sendo feito para que o mesmo se torne patrimônio dos brasileiros.

Alexandra destacou, ainda, o trabalho que ela está desenvolvendo em uma escola particular de São Luís, envolvendo o corpo docente e 6 mil alunos da instituição de ensino para reverenciar o centenário de Jackson do Pandeiro durante o período junino. Segundo ela, a pesquisa vai se transformar em um livro digital.

- É significativo celebrar o centenário de Jackson do Pandeiro, um das mais brilhantes autoridades do forró e do regional brasileiro. E o resultado de todo o trabalho vai resultar em um livro - comemora.

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