Jovens desistem de atravessar ponte minutos antes de queda após verem notícias sobre a estrutura: 'Fez um estrondo'
Angelly Filho e Roger Sousa Brito estavam em Aguiarnópolis (TO) e iriam jogar videogame em uma barbearia de Estreito (MA).
ESTREITO - Os primos Angelly Filho, de 20 anos, e Roger Sousa Brito, de 21 anos, não atravessaram a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, entre Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA), no momento em que a estrutura desabou por poucos minutos antes do acidente.
O acidente aconteceu na tarde do último domingo (22) e deixou ao menos 9 mortos e oito desaparecidos. As causas do acidente são investigadas pela Polícia Federal (PF).
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Angelly Filho é estudante de medicina e Roger, que estava dirigindo, é empresário. Eles estavam com outro primo e iriam jogar videogame em uma barbearia na cidade de Estreito. No domingo, minutos antes do colapso da ponte, eles saíram de Aguiarnópolis e resolveram parar no acostamento da via pouco antes do início da estrutura, após verem muitos veículos pesados fazendo a travessia.
"Meu primo compartilhou que tinha visto uma notícia e informou a gente que a ponte tinha umas deformidades e rachaduras. Mas eram recorrentes essas falas em relação a ponte, nenhum de nós imaginávamos que o estado da ponte se encontrava tão crítico ao ponto de cair", disse o estudante.
Roger, que mora em Aguiarnópolis, contou que atravessava a ponte quase que diariamente porque estudava em Estreito e ficou desesperado ao ver a situação.
"Vi um enorme fluxo de caminhões, então eu fiquei com um pouco de medo de passar, e aí eu encostei no acostamento bem perto da ponte e fiquei esperando esse fluxo passar. A gente viu as rachaduras, o barulho enorme, que fez um estrondo e a gente desceu para praia e viu a ponte caída, aquela fumaça toda. Foi um desespero", relembrou Roger.
O estudante de medicina contou também que chegou a ver três carretas passando por eles enquanto estavam parados no acostamento e que os veículos que passaram em direção a Estreito caíram no rio. O desespero tomou conta dos primos.
"Quando estava vendo o post [sobre os problemas da ponte], meu primo começou a gritar bem alto e repetidas vezes “Meu Deus, meu Deus, meu Deus”. E eu olhei pra frente e vi a ponte rachando na frente do nosso carro. Fomos tomados pelo desespero, e Deus nos livrou por muito pouco. Porque podíamos ter continuado", disse Angelly Filho.
Roger, segundo o primo, chegou a passar mal por causa da situação e confirmou o sentimento de desespero.
"A gente desceu para praia e viu a ponte caída, aquela fumaça toda foi um desespero. Eu fiquei muito desesperado porque se eu não tivesse parado o carro e tivesse ido provavelmente eu teria ido junto e nem estaria mais aqui contando essa história. Foi um dia realmente que eu nunca vou esquecer", lamentou o empresário.
Profundidade dificulta trabalhos
Equipes de mergulhadores da Marinha do Brasil e do Corpo de Bombeiros continuam trabalhando para localizar os nove corpos desaparecidos após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. A operação, entretanto, está sendo dificultada pela profundidade do Rio Tocantins, de aproximadamente 48 metros.
De acordo com informações da Marinha do Brasil, drones subaquáticos estão sendo utilizados na operação de resgate dos corpos, mas o trabalho dos mergulhadores encontra dificuldades por causa da profundidade do Rio Tocantins, que reduz o tempo submerso nas águas, e da incerteza sobre as condições das estruturas.
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A Marinha do Brasil enviou mais uma equipe com 18 mergulhadores e mais de 12 toneladas de equipamentos para reforçar as buscas pelos desaparecidos no desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira.
Além dos mergulhadores, a nova equipe enviada pela Marinha conta com um médico hiperbárico, dois enfermeiros hiperbáricos e o operador de uma empresa especializada em inspeções subaquáticas, que está auxiliando de forma voluntária nas buscas.
Junto com a equipe da Marinha, equipamentos específicos para realizar mergulho a ar dependente (MARDEP) até uma profundidade de 57 metros também foram trazidos, além de outros dispositivos que darão ainda mais precisão às buscas, como três veículos submarinos do tipo ROV, que são pilotados de forma remota e têm capacidade para explorar águas profundas.
IML faz força-tarefa para identificar e liberar corpos
Equipes da Polícia Civil do Tocantins (PC-TO) montaram uma estrutura na cidade de Aguiarnópolis, por onde passava a ponte que desabou entre o Tocantins e o Maranhão, para identificar as vítimas da tragédia. Após a liberação para buscas submersas, a varredura por água está sendo feita por equipes dos Bombeiros dos dois estados e da Marinha do Brasil.
A ponte desabou por volta das 14h50 do domingo (22). A estrutura na BR-226 ligava o município tocantinense a Estreito (MA). Pessoas que estavam nas proximidades conseguiram filmar o momento exato em que a estrutura caiu.
Cargas intactas
Novas imagens divulgadas pela Marinha do Brasil, nesta quinta-feira (26), mostram uma parte da carga dos veículos que transportavam defensivos agrícolas e ácido sulfúrico e que ficaram submersos no Rio Tocantins, após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que fica entre a divisa dos estados do Maranhão e do Tocantins.
Os dois caminhões transportavam 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas. As imagens feitas por mergulhadores profissionais mostram os galões com defensivos agrícolas submersos no Rio Tocantins.
Risco de vazamento é mínimo
O supervisor de Emergência Ambiental da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Caco Graça, confirmou que os tanques dos três caminhões que caíram no Rio Tocantins, após o desabamento da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, transportando 76 toneladas de ácido sulfúrico e 22 mil litros de defensivos agrícolas, estão intactos e o risco de vazamento e contaminação do meio ambiental é mínimo.
Em entrevista à TV Mirante, Caco Graça informou que, durante a retirada do material contaminante, é possível que uma quantidade muito pequena de produtos químicos tenha contato com a água, mas não há possibilidade de causar sérios riscos à vida humana e ao meio ambiente.
“Como já foi trazida a informação pela Agência Nacional de Águas, se toda a carga que está ali tivesse vazada no rio, ainda assim ela não daria prejuízo à vida humana em função da diluição. Lógico que no local, no ambiente ali, no perímetro, você ia ter uma contaminação. E essa alteração de pH e outros tipos de ações ia provocar a mortandade da biota local. Por isso, que nós recomendamos que as pessoas não se aproximem do local, mesmo com embarcações. Então, na retirada, poderá haver (vazamento), mas o risco de contaminação e impacto ambiental ele é pequeno”, afirmou o supervisor.
Tragédia em Estreito
No último domingo (22), a Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os municípios de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, desabou sobre o Rio Tocantins, causando um grande susto na população da região. O caso aconteceu por volta das 15h e, segundo moradores locais, haviam três caminhões sobre a estrutura no momento da queda.
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