Troca de Ideia

Espetáculo Por Ti Portinari no Maranhão

As sessões do espetáculo da Cia Druw (SP) ocorremde sexta a domingo, nas cidades de Imperatriz, Açailândia e João Lisboa

Pedro Sobrinho / Jornalista

Atualizada em 20/08/2024 às 09h32
Miriam Druwe, coreógrafa e diratora do espetáculo Por Ti Portinari (Divulgação)

Com direção de Miriam Druwe, o espetáculo infantil Por ti, Portinari, da Cia Druw, faz
apresentações no Maranhão de sexta (16) a domingo (18), com patrocínio do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Rouanet, lei federal de incentivo à cultura. As sessões ocorrem nas cidades de Imperatriz (no Centro Cultural Tatajuba), João Lisboa (no Complexo Poliesportivo Zuza) e Açailândia (no Teatro Municipal de Açailândia).

Criado durante a pandemia de Covid-19, o trabalho é uma declaração de amor à obra
de Cândido Portinari (1903 – 1962) e à sua forma de ver o mundo. É uma viagem por seus quadros clássicos que parte de “Guerra e Paz” e traça um caminho afetivo para a
nossa infância.

Mas o embrião dele é antigo. Em 2012, durante uma turnê pelo Brasil, Miriam Druwe,
mergulhada na reflexão sobre quais seriam os próximos passos das criações para a
companhia, foi atravessada pela obra de Portinari, em especial “Guerra e Paz” e “Os
retirantes”, seguindo pelos trabalhos destinados à infância. Foi uma ideia duradoura
que ficou alojada em sua mente desde então, levantando questões e despertando
paixões.

Desde aquele momento, o nome Por ti, Portinari se apresentou. O pintor passou a
alimentar o imaginário da Cia Druw, dando suporte para a criação do espetáculo
“Poetas da Cor”, denominação dada a Portinari, que buscava no universo da cor, luz e
cor pigmento, sensações e sentimentos em sua essência.

Agora, em Por ti, Portinari, o público acompanha os bailarinos formarem imagens
impactantes de obras como “Os retirantes”, “Os espantalhos”, “Meninos no Balanço”,
“Meninos Soltando Pipas” e “Palhacinhos na Gangorra”. Estão em cena Alessandra
Fioravanti, Elizandro Carneiro, Letícia Rossi, Manu Fadul, Moisés Matos, Orlando
Dantas e Anderson Gouvea.

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“Não é porque é um espetáculo infantil que não podemos tratar de temas difíceis. Então, questões relacionadas ao sofrimento humano, como fome,miséria e guerra, dividem o espaço no palco com o universo das brincadeiras infantis”, conta Miriam Druwe, em entrevista ao jornalista Pedro Sobrinho, no quadro TROCA DE IDEIA, no PLUGADO, na MIRANTE FM.

Até porque, sua arte é formada por contrastes: a profusão exuberante da nossa terra – fauna, flora e cultura – dividia espaço com a pobreza, a dor e a dificuldade.

Em termos narrativos, Por ti, Portinari mostra uma pequena cidade onde as noites ainda são iluminadas pela natureza e as crianças brincam e se deitam sob os fios luminosos do céu estrelado. Nesse ambiente acolhedor, elas falam dos seus sonhos e medos, fazem perguntas e esperam respostas no silêncio da noite.

O grupo visitou Brodowski, cidade natal do pintor, e usou dados autobiográficos da
infância do artista coletados do livro “Portinari o Menino de Brodósqui”, publicado
originalmente em 1979.

“O interessante é que nossos projetos são criados coletivamente. Na maioria das
vezes, tenho algumas imagens construídas na minha cabeça, mas os bailarinos
também trazem elementos que complementam e enriquecem a dramaturgia. Sempre
acreditei, assim como o pintor russo Kandinsky (1866-1944), que as obras devem partir de uma necessidade interior e que devemos ouvir a voz do coração”, defende a
diretora.

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