PARIS - Miguel Hidalgo era um bebê recém-nascido quando Sandra Soldan conquistou que seria, por 24 anos, o melhor resultado do triatlo brasileiro em Jogos Olímpicos. Nesta quarta-feira (31), o paulista de Saltos fez uma prova de recuperação impressionante na corrida, seu ponto forte, para conquistar em Paris o primeiro top 10 da história do país na competição. Entre os homens, o recorde até então era um 14º lugar, de Leandro Macedo, também em Sydney 2000.
Miguel cruzou a linha de chegada na Ponte Alexander III na 10ª colocação, com o tempo total de 1h44s27, pouco mais de um minuto atrás do campeão, britânico Alex Yee. Apesar do tamanho do feito estava claramente frustrado por ficar fora do pódio.
“Sei que nunca peguei um pódio em Mundial, mas fiz uma preparação para tentar ganhar a prova. Eu poderia ter feito uma prova mais conservadora e talvez ficar numa colocação melhor, mas fiz tudo o que eu pude para tentar pegar medalha. (...) Estou orgulhoso da minha performance, mas insatisfeito com o resultado. Sei que tenho muito para amadurecer como atleta. Para 2028 tenho certeza que vou fechar esse gap.”
Se a preocupação pública era com a qualidade da água do Rio Sena, os brasileiros não sofreram neste sentido. Até se queixaram da falta de possibilidade de fazer treino de reconhecimento do local de forma adequada, mas a crítica geral foi sobre a pancadaria entre os adversários debaixo da Ponte Alexander III.
Manoel Messias, outro brasileiro a disputar a prova e 45º no geral, sofreu mais e terminou a primeira etapa apenas na 51ª colocação, enquanto Miguel foi o 23º. No ciclismo Miguel caiu para 27º, enquanto Messias subiu para 47º. Os dois melhoraram na corrida, e Miguel chegou a sonhar com a medalha na terceira e penúltima volta, quando ocupou a quinta posição, a apenas três segundos do líder do pelotão.
“Debaixo da ponte eu apanhei muito, mas mantive a cabeça boa. Gastei um pouco mais de energia do que precisava na bike. Na corrida fiz meu melhor, passei em 5º na terceira volta, mas acabou minha energia e acabei lutando só pelo top10. Mentalmente eu estava buscando a medalha o tempo inteiro. Poderia ter começado a correr mais fraco, em muitos momentos eu puxei muito para fechar os grupos. Mas eu queria terminar a prova com a certeza de que eu dei tudo o que eu tinha”, avaliou Miguel.
O britânico Alex Yee sagrou-se campeão olímpico do masculino, seguido de Hayden Wilde, da Nova Zelândia, e Leo Bergere, da França. Os donos da casa ficaram no topo do pódio no feminino com Cassandre Beaugrand, seguida pela suíça Julie Derron e a britânica Betty Potter.
Vittoria Lopes sofre queda, mas não preocupa o revezamento
No feminino, Djenifer Arnold terminou na 20ª colocação, com 1h58min45 no percurso, enquanto Vittória Lopes foi a 25ª, com 2h0010. Vittória tem a natação como ponto forte e saiu do Sena em terceiro lugar, mas sofreu uma queda na bicicleta, viu a sapatilha esquerda se soltar, e foi para a transição para a corrida apenas na 28ª posição. Apesar das fortes dores conseguiu ainda ganhar três postos até a linha de chega.
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A dinâmica da prova foi oposta para Djenyfer, que sofreu na água e fez grande recuperação no ciclismo, saindo do 27º para o 11º lugar. Na corrida perdeu algumas posições e fechou em 20º lugar geral. A brasileira ainda tomou uma punição de 15 segundos e lamentou a falta do treino de reconhecimento do local, impossibilitada pelas condições das águas do rio.
O Brasil está inscrito no revezamento misto, marcado para 5 de agosto. Na entrevista após a prova, Vittoria Lopes demonstrou preocupação com sua participação pelas dores derivadas do tombo. Ela fez um exame de raio-x e não foi constatada nenhuma fratura. Ela será observada nos próximos dias pelo departamento médico do Comitê Olímpico do Brasil, mas sua participação na prova no momento está confirmada.
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