Inusitado!

Jogador com tornozeleira eletrônica atua em final da Série B2 do Carioca

Jogador com tornozeleira eletrônica atua na final da Série B2 do Carioca e mantém decisão aberta entre Macaé e Goytacaz.

Imirante Esporte

Atualizada em 03/12/2025 às 11h23
Yuri de Carvalho, jogador do Goytacaz que atua usando tornozeleira eletrônica, entrou em campo na final da Série B2 do Carioca (Reprodução)

RIO - A decisão da Série B2 do Campeonato Carioca ganhou um ingrediente inesperado neste domingo (30). O jogador com tornozeleira eletrônica, Yuri de Carvalho da Silva, entrou em campo na final entre Macaé e Goytacaz, que terminou empatada em 1 a 1, e mantém totalmente aberta a disputa pelo título da quarta divisão do futebol do Rio de Janeiro.

Atuação discreta, mas de grande repercussão

Aos 30 anos, Yuri, camisa 18 do Goytacaz, entrou aos 25 minutos do segundo tempo no Estádio Moacyrzão, em Macaé. Durante a transmissão, foi possível notar a tornozeleira eletrônica escondida sob o meião azul — equipamento que o jogador usa desde maio, quando passou ao regime semiaberto após sete anos encarcerado.

Mesmo sem marcar gols durante toda a competição, Yuri tem sido utilizado como opção importante pelo técnico Wellington Gomes, funcionando como um “12º jogador” do elenco.

Clube não vê impedimento no uso do equipamento

O Goytacaz optou por não se pronunciar oficialmente, mas pessoas ligadas ao clube afirmam que não há proibição no regulamento da Ferj para a participação de um atleta usando tornozeleira eletrônica.

Segundo uma fonte, o dispositivo “atrapalha, mas não impede” a prática esportiva. O clube, inclusive, chegou a solicitar à Vara de Execução Penal (VEP) a retirada do equipamento, mas o pedido ainda não foi analisado.

Posicionamento da Ferj

Procurada, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro enviou um comunicado ressaltando a importância da inclusão social no esporte. A entidade informou que irá verificar se há algum impedimento legal para o exercício da atividade profissional por um atleta que utiliza tornozeleira.

Trecho do comunicado:

A Ferj reforça seu compromisso com a formação de cidadãos.

A participação do atleta será analisada para evitar erros de julgamento.

A federação buscará informações sobre possíveis restrições jurídicas.

Histórico e ressocialização

Preso desde 2018 por tráfico de drogas, Yuri cumpriu pena na Casa de Custódia Dalton Crespo de Castro, em Campos dos Goytacazes. Em maio deste ano, teve reconhecido o direito à progressão de regime e passou a utilizar a tornozeleira eletrônica.

Funcionários do Goytacaz descrevem o jogador como tranquilo, dedicado e companheiro. A boa relação com a equipe e o desempenho dentro do possível fizeram a diretoria manifestar interesse em renovar seu contrato após o fim da Série B2.

O que vem pela frente

Com o empate no jogo de ida, o título da Série B2 será decidido no próximo confronto. A presença de Yuri na final não apenas chamou atenção dos torcedores, como reacendeu o debate sobre limites, direitos e oportunidades de ressocialização por meio do esporte.

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