Curta-Metragem

Broders: curta com ares internacionais é gravado em São Luís

Filme conta a história do reencontro de dois maranhenses.

Gustavo Sampaio/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 12h00

SÃO LUÍS - "Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça", disse Glauber Rocha na época do Cinema Novo. Tanto a ideia, quanto as mãos, as cabeças e, é claro, a câmera, fizeram parte do processo criativo do curta-metragem "Broders", gravado na última semana em vários pontos de São Luís. Mas, longe da objetividade e facilidade que suponha a celebre frase, a gravação foi realizada de forma puxada e intensa, em apenas três dias.

Ideia

O filme conta a história do reencontro de dois maranhenses, Caio (vivido pelo ator Luan Paiva) e JJ (interpretado por Al Danuzio), que, afastados pelo tempo e pela distância, viveram realidades antagônicas. A ideia, neste caso, mesmo que inspirada em longas nacionais como "Cidade Baixa" (que conta com Wagner Moura, Alice Braga e Lázaro Ramos no elenco), nasceu de um acontecimento real, vivido por Al Danuzio, ator ludovicense de 24 anos, que mora nos Estados Unidos há cinco anos e já fez várias novelas, curtas e peças de teatro na Terra do Tio Sam. De volta a São Luís, o ator contou ao Imirante.com que a ideia para o filme surgiu de uma história vivida por um amigo. "Tem um amigo meu que voltou para a sua cidade natal, em Porto Rico e encontrou um amigo de escola, com problemas mentais", disse Al Danuzio. "Eu devo esse personagem a ele", acrescentou o ator.

Cenas do curta-metragem "Broders"/ Arte: Maurício Araya/ Fotos: Diego Chaves e Produção Broders

Com a "ideia" em mente, Al Danuzio traçou um objetivo: fazer um trabalho audiovisual que pudesse atingir o público maranhense e, inclusive, pudesse mostrar a realidade local. Esta necessidade de mostrar São Luís, inclusive, foi realizada com muito sacrifício pelo ator. "Todo este processo do filme é algo novo para mim. Fiquei na pré-produção e tive que trancar a faculdade de Cinema na New York Film Academy", confessou ao ator que, logo ao chegar no Estado, enfrentou problemas na captação de patrocínio.

Mas foi com o apoio de estudantes da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e do grupo Em Cena, de Josué Costa, entre outros patrocinadores e apoiadores, que a "ideia" começou a tomar corpo. E, somados ao projeto, Al Danuzio contou com os amigos da New York Film Academy, o diretor paulista André Matias (conhecido no Brasil e no exterior pela participação em comerciais e na dublagem de filmes e animações) e o fotografo sueco Fredrik Ekmark (já trabalhou em cinco longas e em mais de 30 projetos estudantis). "'Broders' não foi o projeto pelo projeto. Mas, também, um chamado para pessoas de fora do Maranhão de quererem mostrar a cultura local. Mostrar a nossa cidade. Mostrar a nossa gente", afirmou o ator.

"Broders" no momento das gravações/ Arte: Maurício Araya/ Fotos: Diego Chaves e Produção Broders

Cabeça(s) e mão(s)

Gravado em ritmo acelerado nos dias 24, 25 e 26 de novembro, "Broders" foi produzido de forma intensa, com sua idealização desde abril deste ano. "Surgiu como uma ideia e depois nós sentamos para escrever", revela André Matias. A idealização, inclusive, foi feita em pontos distintos: Al Danuzio em Nova York; André Matias em São Paulo. O "transporte" do roteiro até a coordenação das datas para reunião da produção foram etapas demoradas. Mas que começaram a engrenar quando duas universitárias demonstraram interesse na gravação do curta. E, assim, surgiam as "cabeças" e as "mãos".

Estudantes de comunicação social da UFMA no processo de gravação de Broders/ Arte: Maurício Araya/ Fotos: Diego Chaves e Produção Broders

Pelo menos 16 estudantes de comunicação social da UFMA participaram das filmagens. E, segundo o diretor André Matias, a entrega dos acadêmicos foi um ponto essencial para que as gravações tiverem funcionado de forma eficaz. "Eles trabalharam no curta como primeiro plano. Senti que todos estavam no lugar em que queriam estar. Eles mesmos comentaram que conheceram muita coisa boa com a gente", ponderou o diretor, que lembrou que logo no primeiro dia de gravação, todos trabalharam por mais de 12 horas seguidas, "virando a madrugada". A estudante do 6º período de Rádio/TV da UFMA, Zoraia Orbacz, afirmou que conseguiu aliar a sua participação nas gravações com a sua área de interesse: a fotografia. "Pra mim foi uma experiência incrível. Tanto por ter contato direto com a direção de fotografia, que é minha área de interesse e, também, por estar produzindo com pessoas tão novas quanto eu, mas que já tem uma bagagem inacreditável. Agora é só ansiedade para ver o curta pronto", contou a acadêmica.

Já para Rafael Batista, estudante do 8º período de Rádio/TV, o contato com profissionais do mercado nacional e internacional foi muito importante para seu crescimento acadêmico e, posteriormente, no mercado de trabalho. "Eu acabei botando em prática muitas coisas teóricas que estudei nesses anos no curso e a gente pegou um pouco da dinâmica de produção audiovisual. Dessa maneira, eu e outros amigos que participaram das gravações já estamos começando a nos organizar pra continuar o trabalho, fazendo produções independentes por conta própria, mostrando nosso trabalho, fazendo um portfólio e ir entrando no mercado de trabalho na medida em que a gente sair da universidade", revelou.

Câmera

As gravações foram realizadas, principalmente, em três pontos: em um sítio localizado no bairro da Vila Nova; no bar Canto da Cultura, no "Reviver"; e nas escadarias do Centro Histórico, próximo ao Catarina Mina e no Palácio dos Leões (e, também, em frente ao Terminal de Integração da Praia Grande).Segundo André Matias, o grupo de gravação enfrentou dificuldades na captação do som, dificultados pelas bandas que ficaram tocando até altas horas pelas locações. Em termos de segurança, a equipe teve reforço policial, além de um empréstimo de uma van (para locomoção da equipe) pela Fundação Nagib Haickel e do apoio do professor Márcio Carneiro e do Museu da Memória Audiovisual do Maranhão (Mavam).

Momento de filmagem em "Broders"/ Arte: Maurício Araya/ Fotos: Diego Chaves e Produção Broders

Com a captação de vídeo com material em alta definição, a equipe soube registrar os melhores cenários da capital maranhense. Entre os responsáveis, Fredrik contou ao Imirante.com que fazer a fotografia do filme em São Luís foi uma experiência nova e, principalmente, única. "Vejo muitos contrastes na cidade. São bem diferentes do que eu tenha visto na minha vida (...). 'So Amazing'", disse o profissional sobre a impressão que os casarões do Centro Histórico trouxeram para ele.

Fotografo sueco Fredrik Ekmark nas filmagens de "Broders"/Arte: Maurício Araya/ Fotos: Diego Chaves e Produção Broders

O curta, previsto para ficar pronto na primeira semana de janeiro, será lançado com subtítulo em inglês e espanhol. Mas não por acaso. Com pós-produção feita nos Estados Unidos - e uma parte em São Paulo -, a distribuição do curta será direcionada para os festivais locais, nacionais e, também, internacionais. "É um filme sobre família. E, mais que isso, conseguimos fazer o filme como uma família", revelou André.

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