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Estudante maranhense apresenta Cazumbá em festival de dança na França

Artista e estudante da UFMA levou a performance “Cazumbá: Corpo que baila no terreiro” à Bienal de Dança de Lyon, um dos maiores eventos do mundo.

Na Mira, com informações do g1 MA

Atualizada em 03/10/2025 às 15h04

MARANHÃO - O estudante e artista maranhense Igor Cariman foi um dos nove brasileiros selecionados para a 21ª Bienal de Dança de Lyon, na França, realizada entre os dias 6 e 28 de setembro. O evento é considerado um dos maiores festivais internacionais de dança contemporânea e reuniu artistas de diversas partes do mundo.

Representando o Maranhão, Igor apresentou a performance “Cazumbá: Corpo que baila no terreiro”, trabalho que leva ao palco a ancestralidade, o misticismo e a espiritualidade do personagem maranhense. A obra já havia sido exibida em 2024, na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, ocasião em que o artista recebeu o prêmio “Cultura em Ação”, dividindo espaço com nomes como Ivete Sangalo e Regina Casé.

Ao G1, Igor Cariman contou que a participação na Bienal foi marcada pela emoção de poder levar a cultura maranhense a um evento de dimensão internacional. “O Bumba meu boi do Maranhão é imenso, nunca um barracão, um grupo é igual ao outro, apesar de ser a mesma manifestação cultural, e isso me faz ser apaixonado por brincar Boi. É o sentimento de pertencimento. É resistência negra em meio à diáspora no Maranhão”, disse o artista.

Além da atuação artística, Igor é acadêmico de Ciências Sociais pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), brincante do Bumba Meu Boi da Floresta de Mestre Apolônio, no Quilombo Urbano Liberdade, em São Luís, e membro-coordenador do Grupo de Estudos Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (Gedmma/UFMA).

Performance maranhense no cenário internacional

Estudante Igor Cariman. (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

O maranhense integrou a lista de nove jovens brasileiros contemplados pela Bolsa Funarte Brasil Conexões Internacionais 2025, iniciativa ligada ao Ministério da Cultura. A seleção permitiu que os artistas levassem seus trabalhos para a Bienal de Lyon e participassem de workshops, oficinas e mesas de debate.

Além de Igor, estiveram presentes representantes de estados como Goiás, Pernambuco, Pará, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, ampliando a diversidade da produção artística brasileira no festival.

Origem do personagem Cazumbá

A performance de Igor parte da figura do Cazumbá, personagem marcante do Bumba meu boi. Conforme a professora e pesquisadora Elisene Matos, doutora em Ciências Sociais pela UFMA, não há registros oficiais sobre onde e quando surgiu a figura, embora ela esteja concentrada principalmente na Baixada Maranhense e em alguns municípios do Litoral Norte do estado, como São Luís.

Em seu livro “Cazumbas: pessoas e personagens do bumba-meu-boi”, Elisene destaca que estudos elaborados entre 1986 e 2005 sugerem uma possível origem africana do personagem. A pesquisadora cita a análise do padre e antropólogo Bráulio Ayres, que associa as caretas e as indumentárias dos cazumbás a rituais ligados ao culto vodu na África.

Segundo o pesquisador, observado em comunidades africanas, cada vodu possui uma relação entre o humano e o espiritual. As máscaras utilizadas nesses rituais apresentam semelhanças com as caretas do Cazumbá, sobretudo no formato animalesco, o que reforça a ligação entre a tradição maranhense e práticas culturais do continente africano.

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