Portas fechadas

Fundação da Memória Republicana tem atividades suspensas

As visitações públicas foram encerradas devido a exoneração dos ocupantes de cargos comissionados.

Divulgação/Assessoria

Atualizada em 27/03/2022 às 11h46
Oficina de confecção de máscaras carnavalescas promovida pela Fundação da Memória Republicana. (Foto: Biaman Prado/O Estado)

SÃO LUÍS - A Fundação da Memória Republicana Brasileira fechou, nesta sexta-feira (16), suas portas à visitação pública devido ao Decreto Nº 30.621, de 2 de janeiro deste ano, publicado no Diário Oficial do Estado, em que exonera ocupantes de cargos comissionados, incluindo os funcionários da fundação, que por mais de dois anos trabalharam na execução de projetos educacionais, culturais e sociais.

Segundo a assessoria da Fundação, nesta conjectura, o Convento das Mercês, um dos Sete Tesouros de São Luís, sendo um dos mais visitados pontos turísticos da cidade, deixa de receber turistas, o que, consequentemente, causa um impacto negativo na economia da cidade e do Estado.

Ainda de acordo com a assessoria, somente nas duas primeiras semanas de janeiro, cerca de mil pessoas do Brasil e do mundo estiveram na sede da FMRB conhecendo as exposições que contam desde a história do prédio até o período de redemocratização da política no país.

Nos últimos anos, a FMRB promoveu atividades educativas que atingiram escolas públicas da região e crianças e adolescentes da comunidade do Desterro e adjacências, como a Mostra À Mercê das Artes, Projeto Reforço Escolar, Concurso de Redações, Cursos de Análise de Obras Literárias do Vestibular da Uema, Cursos profissionalizantes, Projeto Férias com Artes, que aproximou os menores do rico acervo museológico e bibliográfico da fundação.

Além disso, a mostra Mulheres em Destaque, que homenageou importantes figuras femininas que contribuíram para a construção da sociedade maranhense, o Ciclo de Palestras sobre Literatura Maranhense, o Seminário Literário e a Primavera dos Museus desenvolveram atividades educativas, com promoção de debates e palestras que refletiam questões ligadas à arte, à política e à educação no Maranhão.

No período de funcionamento da FMRB, mais de 71 mil pessoas e alunos de 254 participaram das atividades promovidas no Convento das Mercês. Por meio da exposição multimídia “Memória da República Brasileira”, por exemplo, puderam interagir com as peças do museu que contam fatos que levaram à redemocratização do país. Já a exposição Cadê a Química, da mesma forma interativa, com músicas, vídeos, jogos e experiências, facilitou o entendimento das reações e procedimentos químicos que estão presentes no dia a dia.

A qualificação profissional também atingiu servidores dos centros culturais e arquivísticos do estado, por meio do projeto da FMRB com apoio da Fapema. Cursos de restauro de livros e de peças museológicas foram realizados na sede da Fundação que recuperaram diversas peças do museu, entre eles Oficina de Restauração e Restauro de Papéis, curso Tratamento Técnico de Documentos Acumulados e curso de Educação Patrimonial e Elaboração de Projetos Culturais

Além disso, dentro do projeto de digitalização e modernização do acervo, 495 mil páginas do acervo textual foram digitalizadas, 1.028 discos LPs, fitas VHS e K7 do acervo audiovisual convertidos para DVD, além de 23.900 livros da Biblioteca Padre Antônio Vieira foram inventariados, o que mostra o esforço da FMRB em preservar para as futuras gerações a história da nação.

Ofícios

A presidente da FMRB, Anna Graziella Neiva, desde a publicação do decreto enviou ofícios para a Casa Civil e para Secretaria de Cultura, com objetivo de nomear funcionários para a instituição como forma de dar prosseguimento ao cronograma de atividades. Mas apesar das tentativas, nenhuma resposta ainda foi alcançada pela presidente, resultando na dispensa dos antigos funcionários e na suspensão das atividades da FMRB.

“Fechamos as portas, em respeito aos servidores exonerados, que permaneceram trabalhando voluntariamente nos últimos dias por entender a importância de suas atividades para a população, em respeito aos visitantes que precisam de serviços prestados com qualidade, em respeito à comunidade em geral e em respeito especialmente a todo o bairro Desterro, que ao longo de todos esses anos foi beneficiado com inúmeras atividades realizadas por esta fundação”, afirmou Anna Graziella Neiva.

Segundo ela, por zelo ao patrimônio público e compromisso da FMRB com seus visitantes, foram mantidas a visitação aberta nesta primeira quinzena de janeiro, bem como foi realizado o evento Queimação de Palhinhas, que estava agendado e divulgado na imprensa, contabilizando um total de 934 visitantes do dia 2 de janeiro até a quarta-feira (14).

“Soubemos no dia 14, por meio de entrevista concedida pelo governador Flávio Dino, em um veículo da imprensa nacional, da possibilidade de o órgão vir a ser privatizado pelo atual governo – fato que desmotivou nossos colaboradores a continuarem a prestar seus serviços, voluntariamente, inviabilizando o funcionamento atual da instituição, que até a tarde de ontem esteve de portas abertas”, explicou.

Anna Graziella Neiva disse que trabalhará em prol do funcionamento da fundação e espera que o governo estadual consiga alinhar uma finalidade justa e correta para a fundação.

Números

71 mil pessoas participaram das atividades promovidas pela FMRB

254 escolas levaram seus alunos para as exposições da fundação

119 trabalhos foram selecionados para mostra À Mercê das Artes

7.373 atendimentos foram realizados em duas ações sociais na FMRB

23.900 livros da Biblioteca Padre Antônio Vieira foram inventariados

495 mil páginas do acervo textual foram digitalizadas para site da FMRB

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