Entrevista: Carlos Brandão

"Unidade é importante, mas nem sempre se consegue"

Vice-governador do Maranhão é o último entrevistado da série de O Estado com os pré-candidatos; o tucano diz querer a unidade e que trabalha para que ocorra

Gilberto Léda/Da Editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Carlos Brandão não confrmou se vai aceitar abrir mão da reeleição caso ele não seja o escolhido de Dino (Carlos Brandão)

O vice-governador do Maranhão, Carlos Brandão, pré-candidato do PSD ao Governo do Estado, foi o último entrevistado da série de O Estado com os pré-candidatos ao governo maranhense.
Na conversa com a reportagem, o tucano explicou seu desejo de ser candidato à reeleição - já que assumirá definitivamente o cargo em abril do ano que vem, quando o atual governador, Flávio Dino (PSB), deixa o posto para disputar eleição para o Senado - destacou que o governador, pessoalmente, tem defendido a unidade do grupo em torno de apenas uma candidatura, mas se mostrou um tanto cético quanto a essa possibilidade.
"A unidade é importante, mas nem toda vez se consegue”, disse.
Sobre a eleição para o Senado, declarou não ver sequer alguém, hoje, com condições de disputar com Flávio Dino, e acrescentou apostar na vitória do ex-presidente Lula (PT) para a presidência da República no ano que vem.

Por que senhor deseja ser candidato a governador do Maranhão? E, como sua situação é diferente, já que vai assumir o governo a partir d ano que vem, acrescento: é só porque já vai ser governador que o senhor almeja uma reeleição?
Estou há 30 anos na vida pública. Já tive a oportunidade de exercer vários cargos importantes na gestão pública estadual: fui secretário adjunto de Meio Ambiente, secretário de Articulação Política, secretário-chefe de Gabinete e secretário-chefe da Casa Civil, uma secretaria que faz a gestão de todo o governo, o monitoramento das ações de todo o governo. E isso me credenciou a ter um profundo conhecimento de gestão pública. Depois, fui deputado federal por dois mandatos, onde tive também a oportunidade de participar de grandes debates nacionais que também me credenciaram dentro do parlamento. E sempre muito destacado como um dos 20 melhores deputados do Brasil, e isso foi pesquisa feita pela revista Veja.

O senhor acredita que a experiência como vice-governador também agrega nesse contexto?
Como vice-governador, por dois mandatos, acompanhei profundamente a gestão do nosso governo, que vai desde o planejamento, da construção de obras e ações do governo, até as inaugurações. Ou seja: conheço profundamente as ações do governo. E o fato de a gente conhecer bem o governo, saber que esse governo mudou a vida das pessoas, que melhorou a vida das pessoas, em diversas áreas, todos nós temos uma missão na vida, e eu me sinto na condição de dar continuidade a esse processo. Eu vejo que o Maranhão não pode retroceder, o Maranhão precisa continuar avançando, e eu, pelo fato de estar junto do governador Flávio Dino, programando e executando todas essas ações, entendo que tenho todas as condições de dar continuidade. Então, eu vejo, por parte da população por onde eu ando, muita gente me cobra que a gente dê continuidade a esse trabalho ao suceder o governador Flávio Dino.

Mas isso tem relação apenas com o fato de o senhor assumir o cargo?
Não é o fato de a gente apenas a assumir que a gente tem a obrigação e o compromisso de ser candidato. Eu acho que é uma questão de o governo estar bem avaliado e as pessoas confiam no nosso trabalho, sabem que eu sou parte desse processo, então, eu sou cobrado e entendo que o desafio não é impossível. Já tive a oportunidade de assumir o governo por seis vezes, conduzimos com muita retidão e com muita seriedade. Nesses 30 anos de vida pública temos uma vida, uma conduta muito ética, muito profissional, não respondemos a nenhum processo, uma vida limpa, uma ficha limpa. Então, tenho todos os requisitos para colocar meu nome à disposição.

O governador Flávio Dino tem defendido buscar a unidade do grupo para a eleição. Mas, diante da multiplicidade de pré-candidaturas da base - são quatro atualmente -, muito se tem debatido sobre a possibilidade de 2022 ser uma repetição de 2020, quando vários candidatos aliados do governador saíram candidatos a prefeito de São Luís e acabaram derrotados. O senhor acredita que 2022 pode ser essa repetição, ou o grupo caminha para a unidade?
Todos nós estamos trabalhando pela unidade. De fato, as candidaturas colocadas todas são legítimas, todos os pré-candidatos têm partidos, têm filiações partidárias, então é legítimo que eles possam pleitear. E todos têm projetos para o Maranhão. Agora, na carta que nós assinamos, na última reunião que fizemos, entre todos partidos e lideranças políticas, o governador foi bem claro sobre isso: primeiro foi colocado que nós teríamos apenas um candidato a senador; segundo, que o processo sucessório seria conduzido pelo governador Flávio Dino, e todos assinaram a carta; e que ele só teria um candidato [a governador]. Ele, inclusive, colocou bem claro que não iria repetir o que aconteceu em 2020, de ele ter vários candidatos e ele se manifestar apenas no segundo turno. Então ele deixou na carta que terá apenas um candidato. E que, durante esse período em que todo mundo está fazendo a sua movimentação, sua mobilização, a gente trabalharia pela unidade.

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E está havendo esse trabalho por unidade?
Eu mesmo tenho procurado, já conversei com todos para que a gente possa encontrar um caminho até para facilitar esses entendimentos. Uma coisa importante que também foi colocada na carta é que há um compromisso de todos para que a gente dê continuidade a essas ações que deram certo no governo. É muito importante que o governo não mude de rumo. O que a gente precisa, já que esses dois governos [de Flávio Dino] foram bem avaliados - por três vezes foi avaliado como melhor governo do Brasil -, a gente não pode deixar perder esse rumo. Então, esse também é um item da carta.

Um partido muito falado ultimamente é o PT. Muito cobiçado pelo senador Weverton Rocha (PDT), o senhor também tem buscado lideranças do partido para tentar uma composição, mas agora aparece a figura do Felipe Camarão, filiado ao PT, e tentando ser candidato a governador. O senhor acredita, ainda, numa composição com o PT? A ideia é ter o PT como vice na sua chapa?
O PT é um partido forte, grande, tem um grande líder nacional, que é o Lula, que desponta bem nas pesquisas aqui no Maranhão, e é extremamente legítimo que tenha um pré-candidato a governador. O Felipe é um bom quadro. Eu acredito que o pleito do PT e do próprio Felipe é legítimo. Ele, agora, começou, um pouco mais tarde, está se movimentando e, agora em novembro, a gente vai fazer uma nova reunião e o governador, junto com a gente, vai avaliar quem se enquadra mais nesse perfil do governo, do que diz a carta. Eu acredito muito no encaminhamento feito pelo governador Flávio Dino, porque é um homem de palavra, é um homem que cumpre as coisas. Então, o Felipe, também, tem todo o direito de participar desse debate. Até lá, a gente vai dialogando com todo mundo, se não for possível, a gente vai chegar ao final e tentar esse entendimento. Eu entendo que a unidade é muito importante, mas nem toda vez se consegue. Vamos ver se a gente, até lá, a gente consegue fazer algum esforço para estar todo mundo unido.

Nos eventos ao seu lado, o governador Flávio Dino tem dado sinais de que tem certa preferência por sua pré-candidatura. O senhor acredita que, sendo escolhido como o pré-candidato do governador, Weverton Rocha, Felipe Camarão e Simplício Araújo abrirão mão das suas pré-candidaturas pra lhe apoiar?
Não sei. Eu acho que a gente tem uma carta, assinada entre todos os partidos, todos os presidentes de partidos e as grandes lideranças, feito um acordo que dali sairia um candidato. Agora, pode ser que essa carta não seja cumprida. Mas eu acredito que, se nós todos assinamos essa carta dizendo que nós vamos colocar o governador Flávio Dino como líder do processo, que ele vai coordenar o processo, ele estabeleceu regras e, em cima dessas regras, ele vai definir quem é o candidato, então nós temos que aceitar. Vamos acreditar que haja a unidade. Agora, pode ser que não seja possível. Mas eu acredito e trabalho por isso.

Agora uma pergunta inversa: e se o candidato escolhido pelo governador Flávio Dino for um dos outros três - Weverton, Camarão ou Simplício -, o vice-governador Carlos Brandão abre mão da sua pré-candidatura?
Eu acho que esse é um assunto que, na realidade, a gente tem que deixar um pouquinho mais para a frente para a gente se manifestar. Vamos aguardar o governador fazer essa análise, fazer essa composição, fazer esse diálogo, para a gente ver. É um assunto que, provavelmente, vai ser em novembro que o governador vai decidir, então, eu não gostaria de antecipar uma posição do governador. Mas eu acho que todos nós vamos seguir essa carta. Já que a gente assinou, nós autorizamos. Eu credito que a decisão dele será coerente, eu prefiro aguardar essa decisão dele.

Qual o prognóstico que o senhor faz hoje para a eleição presidencial?
Aqui no Maranhão, as pesquisas falam que o presidente Lula está muito colocado, cerca de 65%, o Bolsonaro está na faixa de 19%, 20% e eu não vejo como mudar. Aqui presidente Lula muito forte, aliás no nordeste inteiro, então eu acredito que ele será vencedor aqui no Maranhão.

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