Precário

Entre urubus e esgoto exposto, situação é cada dia mais precária na Feira do Portinho

Espaço, localizado ao lado do Mercado do Peixe, foi alvo de reportagens de O Estado, e continua sendo ponto de sujeira; odor fétido atrapalha vendas

Bárbara Lauria / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Entorno da feira acumula lama, esgoto exposto e urubus, muitos urubus

São Luís – A Feira do Portinho, um dos mais antigos pontos comerciais da cidade de São Luís, está em situação cada vez mais precária. Com esgotos a céu aberto, sujeira, restos de comida no chão e a presença constante de urubus, o odor fétido afeta a venda do local, e o espaço virou abrigo para pessoas em situação de rua e dependentes químicos.

Por ser próxima ao Mercado do Peixe, a sujeira e o mal odor chega a atrapalhar a venda dos comerciantes ao lado. “Essa feira sempre foi assim, cheia de sujeira, bichos, urubus, esgoto. Sempre falam que vão ajeitar, mas continua do mesmo jeito, e isso atrapalha a gente. Nenhum cliente quer comprar comida onde está fedendo, e por mais que a gente mantenha o mercado limpo, em volta está tudo sujo por causa da Feirinha”, desabafa João Lobato Machado, vendedor de peixe que trabalha há mais de 20 anos no Mercado do Peixe.

Em março de 2021, O Estado esteve na Feira do Portinho e verificou que o espaço era destino de lixo e restos de peixe. Ainda naquela ocasião, o Comitê Gestor de Limpeza Urbana de São Luís informou que um contêiner é mantido no local para que feirantes e consumidores do Mercado do Peixe e da Feira do Portinho possam descartar, adequadamente, os resíduos gerados no local.

Contudo, a sobrecarga de resíduos, tem feito com que um único contêiner não seja suficiente e atraia bichos. No espaço, em volta da caçamba, um bando de urubus, aves que se alimentam de carne em decomposição, habitam o ambiente. Apesar da má fama, os urubus fazem um bom trabalho no local, e evitam a propagação de doenças e bactérias que poderiam adoecer ou matar outros animais, inclusive o homem.

“A clientela muitas vezes até evita vir aqui, pois do lado de fora está cheio de urubus e sujeira, e isso causa medo. Quem vai garantir que o mercado está limpo se do lado de fora só tem lixo? Então, essa situação atrapalha muito a nossa venda, o odor e a sujeira de lá vem para cá”, reclama Raimundo Protásio, vendedor de pescado no Mercado do Peixe, há 23 anos.

Outro problema
Além da sujeira, outro problema no local é a presença de pessoas em situação de rua e dependentes químicos.
No final da venda de peixes, que costuma acontecer entre 5h e 7h, o espaço passa a ser ocupado por pessoas em situação de rua e dependentes químicos, que buscam abrigo e comida, o que dificulta mais ainda a limpeza do lugar, por causa do acúmulo de lixo e restos de comida, que são deixados por eles.

Em março, o Comitê Gestor de Limpeza Urbana ainda informou que o recolhimento dos resíduos é feito diariamente, assim como o serviço de manutenção da limpeza, por meio da varrição e catação de resíduos descartados irregularmente no mercado e em seu entorno.

Em nota enviada a O Estado, a Prefeitura de São Luís destacou que a lavagem da feira é realizada regularmente, e tem sido intensificada como medida de prevenção à Covid-19. O Município pede, ainda, a colaboração dos comerciantes e consumidores para que façam o descarte dos resíduos gerados no local de forma ambientalmente adequada, evitando descargas ao ar livre e nas calçadas.

A Secretaria Municipal de Saúde (Semus) informou também que a Vigilância Sanitária Municipal realiza, constantemente, vistoria sobre a situação do local e que na última fiscalização, foi constatada a ausência de infraestrutura e de condições de higiene adequadas para a comercialização de alimentos. Diante disso, o órgão elaborou um relatório técnico no qual foi recomendada a intervenção urgente do poder público para a promoção de ações que melhorem a infraestrutura e o esgotamento sanitário. A Semus acrescentou que nos próximos dias fará nova inspeção no local para adoção de medidas.

Sujeira e descaso fazem parte do cenário da Feira do Portinho

Reforma
Em 2019, o Mercado do Peixe passou por uma reforma interna e externa, realizada pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretária de Estado da Infraestrutura (Sinfra), em conjunto com a Secretária Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima), que realizará a administração do mercado junto aos feirantes. Contudo, a Feira do Portinho não foi contemplada naquele momento pela obra.

Ainda em 2018, a Secretaria de Cidades e Desenvolvimento Urbano (Secid) apresentou o projeto arquitetônico do Entreposto Pesqueiro, que revitalizaria ao lado do Mercado do Peixe, no Desterro/Portinho, no Centro de São Luís.
Em março deste ano, a Secid divulgou que, finalmente, o Entreposto Pesqueiro Mercado de Mariscos (Feira do Portinho) passaria por serviços de revitalização para garantir segurança, higiene e comodidade para trabalhadores e consumidores. A obra, que é de responsabilidade da Agência Executiva Metropolitana (AGEM), estava prevista para se iniciar em abril, porém a revitalização ainda não se iniciou.

O projeto inclui serviços de drenagem, cobertura, pavimentação, pisos e revestimentos, esquadrias, louças e acessórios, instalações hidráulicas e sanitárias, reservatórios de água, instalações elétricas e iluminação, reforma dos quiosques existentes, pintura, paisagismo e estacionamento.

Em nota enviada a O Estado, a Agência Executiva Metropolitana (AGEM), esclareceu que “após a emissão da ordem de serviço em 22 de setembro de 2021, a obra da Construção do Entreposto Pesqueiro segue o cronograma de execução. No momento acontece a limpeza para posterior isolamento da área”.

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