Teatro

Espetáculos do Maranhão e Bahia em cartaz no no canal da Funarte

Núcleo Atmosfera de Dança-Teatro apresenta "Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo", na quinta-feira (2), às 18h30

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Momento do espetáculo "Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo" (Espetáculo Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo)

Rio de Janeiro - A Fundação Nacional de Artes – Funarte exibe mais dois espetáculos teatrais do Nordeste, encerrando a agenda da região no Festival de Teatro Virtual. Do Maranhão, o Núcleo Atmosfera de Dança-Teatro apresenta "Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo", na quinta-feira (2), às 18h30. A montagem faz uma releitura da vida e obra da maranhense Maria Firmina dos Reis (1822 – 1917), considerada a primeira romancista brasileira.

No dia seguinte, no mesmo horário, o grupo Território Sirius Teatro e a Cia Improviso Salvador, da Bahia, exibem "Épico – Casa Tomada", a partir de um processo de pesquisa sobre o improviso na cena on-line.

A agenda do festival tem 25 apresentações teatrais, de grupos e companhias das cinco regiões do país, voltadas ao público adulto e infantil. Um novo projeto é divulgado todas as quintas e sextas, até o final de outubro, sempre a partir das 18h30, no canal da Funarte no YouTube. Os vídeos ficam disponíveis para acesso posterior em: bit.ly/FestivaldeTeatroVirtual.

Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo

Representando o Maranhão com o espetáculo "Maria Firmina dos Reis, uma voz além do tempo", o Núcleo Atmosfera de Dança-Teatro resgata a vida e a obra de uma importante figura da literatura brasileira. A escritora negra Maria Firmina dos Reis, nascida em São Luís do Maranhão há quase dois séculos, é considerada a primeira romancista brasileira e foi professora, poeta, compositora e colaboradora de jornais. A montagem, com direção de Leônidas Portella e atuação de Júlia Martins, será disponibilizada no canal da Funarte no YouTube nesta quinta, dia 2, a partir das 18h30.

A atriz Júlia Martins, pesquisadora da escritora maranhense, conta que também faz um relato de sua própria trajetória, “como uma mulher preta e artista”. O desafio, segundo ela, foi levar o projeto para o on-line: "No começo, a gente se enche de questionamentos. Mas, depois, nos acostumamos e buscamos mecanismos para lidar com uma nova forma de fazer teatro".

A atriz também comenta sobre a importância de apresentar Maria Firmina em um evento como este: "Estamos muito felizes em participar do festival, principalmente com um trabalho de tamanha grandeza. Levar a história e vida desta mulher, tão representativa para o povo negro, é de uma dádiva tamanha. Maria Firmina precisa ser conhecida em todos os lugares, e sua obra e legado, debatidos e enaltecidos".

Épico – Casa Tomada

Já na sexta-feira, dia 3 de setembro, será a vez dos grupos Território Sirius Teatro e Cia Improviso Salvador, da Bahia, com "Épico – Casa Tomada". O trabalho é resultado de um processo de Experimentação e Pesquisa do Improviso na Cena On-line (ÉPICO). A diretora e atriz-improvisadora Daniela Chávez, da Cia Improviso Salvador, diz que o trabalho vinha sendo feito desde abril de 2020. "Todo esse período tem sido de grandes desafios e descobertas, no qual mergulhamos no estudo e experimentações de técnicas possíveis no teatro on-line", explica Daniela.

Na obra, quatro atuantes e uma equipe de cinegrafistas criam uma história em uma casa, utilizando ferramentas da linguagem de improvisação teatral e elementos do audiovisual. A história resultante revela três personagens e caminhos que se entrelaçam numa sequência de eventos, com temáticas como o racismo e o machismo. De acordo com os realizadores, o caráter de improvisação pode ser visto por meio das interações com a plateia e da exibição dos bastidores de construção da narrativa.

“ÉPICO é um grande ensinamento para nós, artistas. Utilizamos a linguagem da improvisação teatral, na qual todos os personagens, falas e história são construídos no momento do espetáculo, com a participação do público e de forma coletiva, lidando com o universo do audiovisual, com o qual vamos aprendendo cada dia mais”, complementa Daniela Chávez.

Fábio Vidal, ator-improvisador do Território Sirius, fala sobre a presença no festival: "Estamos muito felizes em participar desse festival e ser um dos classificados para representar o Nordeste. É uma possibilidade de fomento à classe teatral, envolvendo uma cadeia de artistas e técnicos, tão impactados pela pandemia".

Sobre o Festival de Teatro Virtual da Funarte

A programação é resultado do edital Prêmio Funarte Festival de Teatro Virtual 2020. O objetivo era incentivar montagens para apresentação virtual e contribuir para a manutenção de coletivos, grupos e companhias. “Ele foi elaborado em meio a pandemia como uma saída, uma alternativa de fomento à classe artística, contemplando não apenas os artistas, mas também os técnicos”, declara Renata Januzzi, coordenadora de Teatro e Ópera da Funarte. Com o festival, a Fundação busca ainda estimular a democratização e acessibilidade à linguagem artística.

O Teatro Virtual faz referência e homenagem a outro projeto da Funarte, a Série Seis e Meia, que promovia shows de música sempre às 18h30. A ideia é manter o compromisso de levar arte ao público com assiduidade, em um horário acessível, mesmo que à distância. Os vídeos, previamente gravados, ficam disponíveis gratuitamente para o público após a exibição.

Renata Januzzi ressalta a força histórica do teatro, que hoje enfrenta mais um desafio para se manter presente. “O teatro é uma arte milenar e vem sobrevivendo a diversas ameaças de extinção. Dentre elas, a tecnologia, que já foi uma dessas ameaças, surge agora como uma solução de fomento a uma linguagem tão artesanal.”

Programação do Teatro Virtual

O festival teve início em 5 de agosto com "O Homem e a Mancha" (SP), texto de Caio Fernando Abreu encenado pelo ator, professor, produtor e diretor Marcos Breda, com direção de Aimar Labaki e fotografia de Jacob Solitrenick. No dia seguinte, foi a vez de "Zapato busca Sapato", da Trupe de Truões (MG), história para todas as idades sobre um “sapato recém-nascido” à procura de seu par.

Na semana seguinte, foram exibidos "A Casa de Farinha do Gonzagão" e "A Cripta de Poe", os dois de São Paulo, inspirados, respectivamente, no instrumentista, compositor e cantor Luiz Gonzaga e no escritor estadunidense Edgar Allan Poe. Logo após, foram disponibilizados "Museu dos Meninos – Arqueologias do Futuro" (RJ), de Maurício Lima; Ombela (PE), da companhia O Poste Soluções Luminosas; "Salto" (PE), do Bote de Teatro com a Janela Gestão de Projetos; e "Suelen, Nara, Ian" (CE), do Grupo Pavilhão da Magnólia.

Os vídeos ficam disponíveis em: bit.ly/FestivaldeTeatroVirtual. Na semana que vem, o festival inicia a agenda da região Norte, seguida pela programação com os grupos do Sul e Centro-Oeste do país.

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