Cinema maranhense

Na arte de Frederico Machado

Filme "As Órbitas da Água" será exibido de forma online no festival Cine Jardim, estará disponível neste sábado e domingo em plataforma digital na programação competitiva de Longas-metragens brasileiros do Cine Jardim

Bárbara Lauria / Equipe O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15
Frederico Machado com atores em bastidores do longa (As Órbitas da Água )

São Luís – Disputando o prêmio na categoria competitiva de longas-metragens, o filme “As órbitas da Água”, do maranhense Frederico Machado, conquistou espaço em mais um festival, o Cine Jardim, Festival Latino-Americano de Cinema de Belo Jardim. Neste sábado e domingo, o longa será exibido no site do Cine Jardim e na Plataforma Cardume, e vai ser tema de debate, que será realizado na quarta-feira (25), às 20h, compresença de Frederico e do crítico de cinema Filippo Pitanga.

Lançado em 2020, o longa é o último capítulo da trilogia “Dantesca” que contempla a obra do poeta maranhense e pai do cineasta, Nauro Machado, composta pelos filmes “O Exercício do Caos” (2013) e “O Signo das Tetas’ (2015). Intimista, a obra aborda os traumas passados e relações humanas explorando o cenário do litoral maranhense, e transformando poesia em cinema.

“A trilogia Dantesca são filmes baseados na poesia de Nauro Machado, no teor de sua poesia, que é meu pai e grande escritor e poeta daqui do Maranhão. Então, eu decidi fazer esses filmes baseados nessa atmosfera poética do escritor, e tratando dos seus temas, como o existencialismo, finitude da vida, a questão das famílias destroçadas, a questão religiosa. São temas impregnados na poesia do Nauro, e eu traduzi em imagens e sons nessa trilogia Dantesca”, conta Frederico Machado.

A história começa a partir da chegada de um casal em uma vila de pescadores no litoral maranhense, que transforma a rotina dos moradores, iniciando várias situações familiares, e traumas antigos passam a ser revividos. “É um filme impregnado de mistério, bem sensorial, que trata de um acerto de contas entre dois irmãos envolvidos em muitas tragédias e muitos traumas juvenis, e com esse retorno há um ajuste de contas em relação a esses traumas. É um filme sobre solidão, relacionamentos humanos, de família, trata de como uma dor que a gente tem pode ser revertida em amor. É um filme que tem uma carga muito forte, muito densa”, comenta o cineasta.

Com a participação de Rejane Arruda, Cristiano Burlan, Auro Juriciê, Flávia Bittencourt, Antonio Saboia e outros artistas, o longa estreou no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro 2019 e desde então, selecionado em diversos festivais de cinema nacionais e internacionais, como a 43 ª Mostra Internacional de São Paulo em 2020 e o Festival de Campina Grande, onde ganhou cinco prêmios, dentre eles, o de melhor filme e melhor roteiro.

Machado conta que pretende lançar o filme nos cinemas ainda neste ano, além de liberar para plataformas de streaming. “A gente pretende lançar no circuito cinema ainda nesse ano, quando melhorar mais um pouco da pandemia. Provavelmente em novembro ou dezembro. E depois lançar em streaming”, diz.

Influências

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Em conversa com O Estado, ao ser questionado sobre as influências em suas obras, Frederico conta que há um interesse nas questões sociais e emocionais, no uso do silêncio como um emissor de um sentimento e, principalmente, nas relações humanas. Tudo isso explorando o cenário do Maranhão, onde nasceu e se inspirou para contar suas histórias.

“Eu acho que o norte da minha obra é a questão social, de fato. Tem uma questão existencial e íntima dos personagens muito grande e essa solidão está intrínseca nos personagens o tempo todo. Essa questão da angústia, da dor, do sofrimento. Mas tudo inserido em um contexto social e do estado do Maranhão, que é um estado em que eu vivo e sou apaixonado. Sou apaixonado por São Luís, nunca sai daqui. Já fui chamado para fazer projetos fora, mas o meu cinema é todo voltado para o contexto daqui e do povo de São Luís e do Maranhão, esse povo miserável, mas que tem um aspecto de luta muito grande, uma força muito grande, e ao mesmo tempo tem essa angustia e essa solidão no peito. Embora não tenha muito texto, são pouquíssimos diálogos, é mais silêncio e sons de um desenho sonoro que reforcem essa ambiência da natureza, dos pequenos barulhos e gestos, eu acho que também é muito forte a questão da literatura na minha obra. Embora tenha pouco diálogo, há essa influência da literatura russa e do próprio Nauro Machado”, conta.

Festival Guarnicê

“As Órbitas da Água” também fará sua estreia em São Luís, na categoria Mostra Competitiva do Festival Guarnicê de Cinema 2021 – Edição 44. Por causa da pandemia, pelo segundo ano consecutivo, o festival será realizado em formato híbrido, com exibições presenciais em São Luís e ações online. O evento ocorre entre os dias 17 e 24 de setembro.

Veja aqui o trailer de “As Órbitas da Água

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