Explorando o conhecimento

Leitura na pandemia como forma de alento e conhecimento em SL

Seja qual for o campo escolhido do saber, a leitura influi no aspecto cognitivo, estimula a criatividade e influencia nos modos de vida e culturais da humanidade; além de expandir o vocabulário, ler faz viajar

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Leitura deve ser um hábito que traga prazer

São Luís - O hábito da leitura, por meio da criação de códigos (adaptados especificamente para as línguas estrangeiras e criadas por população), com a estipulação de significantes e significados norteia o conhecimento e o repasse de informações. O desenvolvimento de teorias e a possibilidade de descobertas, em diferentes áreas, foram incrementados a partir do costume fomentado de ler.

Seja qual for o campo escolhido do saber, a leitura influi no aspecto cognitivo, estimula a criatividade e influencia nos modos de vida e culturais da humanidade. Para autores, “durante a leitura, a compreensão, o poder de síntese e o intelecto são aprimorados, e a cada leitura as reflexões são plantadas e a noção de saber é expandida”.

Aspectos como vocabulário e desenvolvimento da fala e de outros comportamentos são aprimorados apenas no gesto de se debruçar em um bom livro ou obra, independentemente a princípio do tema escolhido. Com um vasto conhecimento linguístico, é possível neste caso a apresentação de outras habilidades, tais como a elaboração textual com coesão e construção de ideias lógicas e atuais.

No entanto, as carências nas políticas voltadas para o sistema educacional transformaram a leitura – costume a ser alimentado desde os primeiros anos de vida da criança – em algo subjetivo e menos comum do que deveria ser na sociedade brasileira.

Apesar do quadro ainda desfavorável, durante a pandemia, pessoas que porventura perderam até então o costume da boa leitura retomaram a prática, como forma de alento, de maior entendimento do período pandêmico e, principalmente, como combate a quadros mais graves de reclusão psicológica. Da tragédia da doença e da Covid-19, brasileiros (incluindo maranhenses) fizeram da leitura algo prazeroso e, ao mesmo tempo, útil para suas vidas.

No Brasil, segundo dados da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (cuja amostra é de setembro do ano passado), realizada pelo Instituto Pró-livro, em parceria com Itaú Cultural com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) de 2017, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país perdeu mais de 4,6 milhões de leitores.

De acordo com o índice, de 2015 a 2019, a porcentagem de leitores no território nacional caiu de 56% para 52%. Em contrapartida, os considerados “não-leitores”, ou seja, que estão abaixo da média normal de leitura anual, representam 48% da população, ou seja, 93 milhões de brasileiros.

As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior – passando de 82% em 2015 para 68% em 2019. Na classe A, o percentual de leitores passou de 76% para 67%.

Segundo a pesquisa, o brasileiro lê em média – cinco livros por ano – sendo aproximadamente 2,4 livros lidos apenas em parte e 2,5 livros inteiros. A Bíblia ainda é apontada como o livro mais lido pelos entrevistados no país e enquadrado no perfil do “mais marcante”.

A pesquisa mostra ainda uma “série de dificuldades de leitores”. No país, 4% disseram não saber ler, outros 19% definiram seu ritmo de leitura como “devagar”, 13%, não ter concentração suficiente para ler; e, 9% não compreender a maior parte do que leem.

Um dos fatores que interfere a leitura, de acordo com o estudo, é o incentivo de outras pessoas. Segundo a pesquisa, um a cada três entrevistados, o equivalente a 34%, disse que alguém os estimulou a gostar de ler.

E aqui na capital?
Ainda segundo dados da Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, mais da metade – ou 59% dos são-luisenses - são considerados leitores. No total, 602 mil pessoas na capital maranhense estão enquadradas neste perfil. A pesquisa considerou os dados coletados em 8.076 entrevistas realizadas em todo o país, em 208 municípios.

Do perfil de público leitor na capital, a predominância ainda é do sexo feminino (60%) contra 40% do sexo masculino. Ainda segundo a pesquisa, 44% dos leitores da capital registram entre 18 e 39 anos, qual seja, um público considerado em média mais jovem.

Além dos leitores nesta faixa etária, 30% dos leitores da cidade registram 40 anos ou mais. Dos que são considerados leitores (ou seja, aquele que leu, inteiro ou em partes, pelo menos um livro em determinado período referendado pela pesquisa), 59% não registram estudo (ou seja, formação educacional plena) e 54% da população em São Luís identificada como leitora não é considerada “compradora de livro”, e recebem suas fontes bibliográficas por outras formas, sendo a doação uma delas.

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Outros dados
Ainda de acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-livro, em parceria com Itaú Cultural, 59% dos leitores consumiram, em média, 2 livros na capital nos últimos três meses. Segundo o levantamento, 55% dos leitores admitiram ler livros por “vontade própria”.

De acordo com a pesquisa, 66% dos leitores consumiram, nos últimos 12 meses, 4,83 livros em média. No total, 29% dos leitores na cidade admitiram que leem pois gostam do hábito. E outros 21% admitiram que registram o hábito, em São Luís, por “atualização geral ou conhecimento”.

Na cidade, os dados se tornam melhores graças à iniciativa como a da professora Socorro Sales, que faz do acervo de livros um alicerce para o conhecimento gratuito e de qualidade.

Antes, é preciso conhecer quem fez da leitura um modo de vida dos mais compensadores.

Em sua rotina, Asmynne Barbosa gosta de ler histórias de ficção e outros temas

Experiência ao prazer da leitura
A temática da pandemia evidencia o prazer e o certo interesse acerca de temas que, no cotidiano mais corrido dos dias “normais”, estava relutado ao segundo plano. Em leituras menos complexos, estima-se um intelecto menos elaborado. Por sua vez, com o costume mais enraizado no dia-a-dia, é necessário ousar e pular para temas de explicação menos perceptível e material.

Uma destas temáticas é a relação entre a vida e a morte e a concepção de diferentes modos de pensar a partir da tragédia da pandemia. Foi por este caminho que Asmynne Barbosa, uma professora e jornalista de 33 anos, que desde quase sempre mantém a leitura como um mantra, decidiu enveredar. Ela assumiu a missão alicerçada por períodos históricos em que o livro ajuda na construção e reflexão acerca das mudanças ao longo dos séculos.

Para a professora, a leitura é uma obrigação. “Eu acredito que a leitura é fundamental, em minha opinião, pois é por meio dela que nós acessamos outras ideias, outros mundos, sejam eles reais ou imaginários. Podemos ainda conhecer pessoas diferentes, em situações distintas e entender as nossas vivências cotidianas. E por meio destas leituras, destas experiências que os livros nos proporcionam, a gente pode entender melhor o que é o outro e ter mais empatia”, afirmou.

Pelas escolhas da colega jornalista, é possível depreender que a escolha de conteúdo guarda proporcional relação com a realidade. “Atualmente, minhas leituras tratam do mundo contemporâneo, como obras que retratam o mundo em que a gente vive. Podendo citar por exemplo, uma obra da Ana Cláudia Quintana que trata das vivências do luto na obra intitulada ‘A morte é um dia que vale a pena viver’ e o livro ‘Notas sobre luto’, de Chimamanda Ngozi”, disse.

A professora Fátima Sales é outra personagem que reúne sabedoria e experiência de vida. Em seu agradável quintal de casa, no balanço da cadeira, ela se debruça sobre mais uma obra de cunho espírita. Para ela, trata-se de um costume fundamental. “A leitura é importante, pois ela faz bem para a mente. Com a leitura, conhece outras pessoas, serve de interação com outras pessoas. É muito importante que se leia, principalmente nos tempos em que estamos, a leitura é importantíssima”, afirmou.

Entre as leituras preferidas, estão romances e biografias. Sobre projetos que incentivem a leitura, a professora é unânime. “Acho maravilhosa a ideia de ler e doar. Quem tem esta ideia, deve ser homenageado ou homenageada”, disse. E temos exemplos de quem dedica algumas horas pela arte de doar conhecimento.

SAIBA MAIS

Perfil do leitor ludovicense

  • 60% são do sexo feminino
  • 40% são do sexo masculino
  • 44% dos leitores da capital têm de 18 a 39 anos
  • 30% dos leitores têm 40 anos ou mais
  • 59% dos leitores não estão em estudo
  • 54% dos leitores da capital não são compradores de livros
  • 59% dos leitores consumiu uma média de 2 livros nos últimos 3 meses
  • 55% dos leitores admitiram ler livros por “vontade própria”
  • 66% dos leitores na capital consumiram, nos últimos 12 meses, 4,83 livros
  • 29% dos leitores admitem que leem pois gostam do hábito
  • 21% dos leitores na capital admitem por atualização geral ou conhecimento
  • 82% dos leitores admitem gosto pela leitura
  • 51% admitiram, na capital, que não leem mais por falta de tempo
Fonte: Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-livro

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