São Luís - O curta-metragem “Atotô Babá” é um documentário maranhense que aborda as visões das religiões de matriz africana sobre a pandemia do novo coronavírus e o impacto da doença nas comunidades de terreiro. A expressão Atotô Babá, significa "Calma, pai!" É uma saudação ao orixá Obaluaiê e um apelo para acalmar o planeta Terra, pois para os Povos de Axé a pandemia é uma das consequências da intensa degradação do meio ambiente, da violência, do preconceito, dos discursos de ódio e do descaso do ser humano com a vida.
Roteiro
O roteiro se inspira na mitologia dos orixás, as relações que essas divindades africanas têm com a natureza e com os processos da vida que envolvem nascimento, doenças, curas e morte. O curta também destaca o modo de viver dessas comunidades e os princípios que regem a religião. Coletividade, ancestralidade, o respeito com o meio ambiente e o cuidado com o outro. A obra é o primeiro trabalho cinematográfico independente da jornalista Márcia Carvalho.
"Foi uma experiência intensa. Apesar de algumas semelhanças a linguagem cinematográfica é completamente diferente da televisiva, que estou acostumada a trabalhar. Em 2020 fizemos vários trabalhos sobre a pandemia. Mas, falar desse momento a partir da visão dos povos de terreiro foi desafiador e maravilhoso. As comunidades de religião de matriz africana seguem princípios que servem de exemplo ao mundo. O curta faz essas reflexões e destaca a urgência de cuidarmos da nossa casa, a Terra, para evitarmos a nossa extinção" ressaltou, a diretora e roteirista.
O curta-metragem Atotô Babá foi produzido apenas com o recurso da Lei Aldir Blanc, destinado aos projetos de audiovisual aprovados pelo Governo do Maranhão no passado. Durante 06 meses, a equipe formada por seis profissionais iniciou o trabalho de pesquisa, roteiro, figurino, entrevistas, montagem e edição para que o material ficasse pronto, ainda no primeiro semestre de 2021. Além da equipe, o projeto contou com o apoio de consultores especializados na religião e de amigos que colaboraram com a obra.
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A direção de fotografia é de Jânio Ferreira, o som direto e designer de Juan Gusmão, a assistência de roteiro é de Mainumi Pinheiro e a montagem e finalização de Nayra Alburquerque.
Tradição
Quando a covid-19 se espalha no mundo, a humanidade é obrigada a se adaptar às medidas sanitárias que impõem, no primeiro momento, o distanciamento para impedir que doença - de efeitos até então desconhecidos- provoque o menor número de mortes possível.
Na África, sempre que yalorixás e babalorixás verificam a presença do orixá Obaluaiê, por meio dos seus sistemas adivinhatórios se preparam para conter, com ajuda de rituais, a proteção contra novas epidemias em seus países. No Brasil as religiões de matriz africana também receberam sinais de Obaluaiê, ainda em 2019. O que ninguém imaginava era que seria uma tragédia mundial.
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