A pós quase sete horas de inquirição na CPI da Covid, o policial militar de Minas Gerais Luiz Paulo Dominguetti, que se apresentou como representante da empresa Davati Medical Supply, reafirmou a denúncia sobre pedido de propina de um diretor do Ministério da Saúde, teve o celular apreendido e foi acusado por senadores de ser uma "testemunha plantada".
O policial militar foi chamado a depor à comissão parlamentar de inquérito após ter concedido entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", publicada nesta terça, 29, na qual disse que em fevereiro deste ano o então diretor de Logística do ministério, Roberto Ferreira Dias, pediu propina de US$ 1 por dose de vacina que seria adquirida pelo Ministério da Saúde. Conforme a reportagem, a negociação envolvia 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca.
Dominguetti disse à CPI que o pedido de propina partiu "exclusivamente" do então diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias. O policial afirmou ainda que foi solicitado o pagamento de US$ 1 por dose.
"Era US$ 1 por dose. US$ 3,50, excelência, a primeira proposta. A Davati estava ofertando ao Ministério da Saúde 400 milhões de doses", afirmou.
Nega
Roberto Dias nega ter feito pedido de propina e vê interesses de "terceiros" na denúncia.
"É importante frisar que ao contrário do que é alegado pelo Dominguetti, o tema propina, pedido de dinheiro, facilitação... NUNCA foi tratado a mesa ou em qualquer outro ambiente em que eu estive presente", disse em nota.
Dominguetti relatou que o contrato não foi celebrado por ser "imoral" e porque seria difícil incluir o dólar extra no contrato e nas notas fiscais.
"Então, por isso que não tem como eu chegar e aceitar qualquer coisa, embora seja imoral também. Mas [não poderia] aceitar qualquer coisa, porque eu teria que tirar do meu bolso para pagar, porque se lá [na oferta] não sai esse valor, como é que eu ia colocar um dólar aqui? Quem ia pagar essa nota, onde eu ia arrumar uma nota para isso? Não existia", prosseguiu.
Durante a sessão, o policial militar apresentou um áudio à comissão que seria supostamente do deputado Luis Miranda (DEM-DF) e teve o celular apreendido. Miranda foi o deputado que, junto com o irmão dele, denunciou suspeita de corrupção no contrato de aquisição da vacina indiana Covaxin.
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