Pandemia

Estudo revela quais são os principais sintomas da síndrome pós-Covid-19

Transtornos de humor, fadiga e comprometimento cognitivo são algumas das sequelas relatadas por pacientes que participaram da iniciativa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
(covid-19 / coronavirus / pandemia)

São Paulo - Pacientes diagnosticados com síndrome pós Covid-19, também conhecida como "PCS", "síndrome de Covid de longa duração" e "sequelas pós-agudas de SARS COV-2", apresentam sintomas como transtornos de humor, fadiga e comprometimento cognitivo que podem afetar negativamente o retorno ao trabalho e a retomada de atividades normais, de acordo com um estudo da Mayo Clinic publicado no Mayo Clinic Proceedings.

O estudo relata os casos dos primeiros 100 pacientes a participar do programa Covid-19 Activity Rehabilitation (CARP) da Mayo Clinic, um dos primeiros programas multidisciplinares estabelecidos para avaliar e tratar pacientes com síndrome pós-Covid-19. Os pacientes foram avaliados e tratados entre 1º de junho e 31 de dezembro de 2020. A média etária era de 45 anos e 68% eram mulheres. Eles foram avaliados, em média, 93 dias após a infecção.

O sintoma mais comum de pacientes que buscam avaliação para síndrome pós-Covid-19 foi fadiga. Dos pacientes no estudo, 80% relataram fadiga incomum, enquanto 59% tinham queixas respiratórias e uma porcentagem semelhante tinha queixas neurológicas. Mais de um terço dos pacientes relatou dificuldades para realizar as atividades básicas diárias e apenas 1 em cada 3 pacientes havia retornado às atividades laborais de forma irrestrita.

"A maioria dos pacientes no estudo não tinha comorbidades preexistentes antes da infecção por Covid-19, e muitos não tiveram sintomas relacionados com a Covid-19 suficientemente severos para requerer hospitalização”, diz o Greg Vanichkachorn, diretor médico do programa Covid-19 Activity Rehabilitation da Mayo Clinic e primeiro autor do estudo. “A maioria dos pacientes apresentou resultados de exames laboratoriais e de imagem normais ou não diagnósticos, apesar de apresentarem sintomas debilitantes. Esse é um dos desafios de diagnosticar a PCS em tempo hábil e, então, responder com eficácia."

No retorno

No entanto, os sintomas frequentemente resultavam em efeitos negativos significativos à medida que os pacientes tentavam retornar às atividades diárias normais, como o trabalho. "A maioria dos pacientes com os quais trabalhamos necessitava de fisioterapia, terapia ocupacional ou reabilitação cerebral para lidar com o comprometimento cognitivo percebido”, diz o Dr. Vanichkachorn. “Embora muitos pacientes apresentem fadiga, mais da metade também relatou problemas com o pensamento, comumente conhecidos como “névoa do cérebro” (brain fog). E mais de um terço dos pacientes tinha dificuldades com as atividades básicas. Muitos não puderam retomar sua vida profissional por pelo menos alguns meses."

A Mayo Clinic desenvolveu o programa Covid-19 Activity Rehabilitation na Mayo Clinic em Rochester em junho de 2020 para cuidar de pacientes com sintomas persistentes após a infecção por Covid-19. Além de Vanichkachorn, equipes de várias especialidades da Mayo Clinic estão envolvidas no diagnóstico e tratamento. Entre os serviços prestados estão o apoio psicossocial para pacientes que frequentemente relatam sentimentos de abandono, culpa e frustração durante a avaliação inicial.

A Mayo Clinic está conduzindo pesquisas intensivas sobre a síndrome pós-Covid-19, em parte para definir melhor como a condição se apresenta em diferentes grupos socioeconômicos e etnias. Sintomas prolongados, como aqueles experimentados com a síndrome pós-Covid-19, foram relatados em epidemias anteriores.

"À medida que a pandemia continua, esperamos ver mais pacientes com sintomas muito depois da infecção, e os profissionais de saúde precisam se preparar para isso, saber o que procurar e saber como atender da melhor forma as necessidades dos pacientes", disse o Vanichkachorn.

Os pacientes que se recuperaram de uma infecção aguda não devem esperar para serem avaliados se apresentarem sintomas prolongados, embora Vanichkachorn diga que os provedores devem ser criteriosos ao recomendar testes diagnósticos caros, que muitas vezes não são cobertos pelo seguro e não revelam informações significativas.


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