Tecnologia

Empresas dos EUA e Canadá vão operar no Centro Espacial de Alcântara

As americanas Hyperion, Orion AST e Virgin Orbit e a canadense C6 Launch serão as primeiras a desenvolver produtos e tecnologias no Centro Espacial

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Expectativa é que primeiro lançamento do CEA seja em 2022 (Centro Espacial de Alcântara)

As empresas C6 Launch, Hyperion, Orion AST e Virgin Orbit foram anunciadas pela Força Aérea Brasileira (FAB) e Agência Espacial Brasileira (AEB), no início da noite desta quarta-feira, 28, como as primeiras empresas a firmar contrato para desenvolver produtos e tecnologias no Centro Espacial de Alcântara (CEA), no Maranhão. A cerimônia de anúncio ocorreu na Base Aérea de Brasília, com presença do presidente da República, Jair Bolsonaro, que não falou no ato; do presidente da Agência Espacial Brasileira, Carlos Augusto Teixeira de Moura, ministros, parlamentares e integrantes das Forças Armadas.

Cada uma das quatro empresas selecionadas será responsável por operar uma unidade do CEA. A Hyperion, dos Estados Unidos (EUA), vai operar o sistema de plataforma VLS. A Orion Ast, também norte-americana, ficará responsável por atuar no lançador suborbital. A canadense C6 Launch foi escolhida para operar a Área do Perfilador, que também é um ponto de lançamento; e a Virgin Orbit, outra empresa dos EUA, atuará no aeroporto de Alcântara, que faz parte da base.

A seleção das companhias pela Aeronáutica foi definida por edital elaborado pela Agência Espacial Brasileira, autarquia vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O Chamamento Público foi lançado em 2020 para identificar empresas, nacionais e internacionais, que tivessem interesse em realizar operações de lançamentos de veículos espaciais não militares, orbitais e suborbitais, a partir de Alcântara.

Esses são os primeiros acordos selados com a iniciativa privada para o uso compartilhado do centro. A expectativa é de que o primeiro lançamento orbital, a partir de Alcântara, seja realizado até o início de 2022.

A iniciativa visa tornar a base de Alcântara uma referência para o setor, seguindo o modelo já vivenciado no Centro Espacial John F. Kennedy, que abriga a SpaceX de Elon Musk.

Intercâmbio

Outro edital, lançado no último dia 16 de abril, vai selecionar empresas para atuar na Área 4 do Centro Espacial.

Segundo o comandante da FAB, tenente-brigadeiro do ar Batista Júnior, a operacionalização da Base de Alcântara vai ter impactos positivos no desenvolvimento do programa espacial brasileiro.

"Para o Brasil, a implantação do Centro Espacial de Alcântara implicará ainda no intercâmbio de experiências, no aperfeiçoamento técnico de recursos humanos, da nossa infraestrutura, no desenvolvimento de novos projetos e processos e no aumento do nível de prontidão operacional, advindos da cadência de lançamentos esperada", afirmou. Ele também espera maior desenvolvimento do mercado de serviços e da indústria aeroespacial.

"Nós lançamos, desde 2019 até agora, quatro satélites. Vêm outros pela frente. Essa é a decolagem do programa espacial brasileiro", comemorou o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.

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Fique por Dentro

O CEA

O Centro Espacial de Alcântara está localizado em uma posição estratégica para o lançamento de satélites. A sua proximidade com a linha do equador pode reduzir em cerca de 30% o consumo de combustível. A amplitude de lançamento de mais de mais 100 graus permite inserir cargas úteis em órbitas polares e equatoriais. A região também apresenta condições climáticas favoráveis, com tempo estável ao longo do ano, baixa interferência de fenômenos atmosféricos e ausência de eventos como terremotos e furacões. Além disso, é uma região de baixa densidade demográfica e baixo tráfego aéreo e marítimo, também consideradas características vantajosas.

Saiba Mais

O Acordo

Entrou em vigor no dia 16 de dezembro de 2019 o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos. O nome técnico designa o termo envolvendo a exploração da base espacial de Alcântara, no Maranhão, para atividades espaciais por companhias estadunidenses e as proteções que esses agentes terão no desenvolvimento de ações no local, como lançamento de foguetes e satélites.

O acordo tem por meta proteger a tecnologia desenvolvida pelos países contra o uso ou cópia não autorizados. Segundo a Agência Espacial Brasileira (AEB), sem a assinatura do acordo com os EUA, nenhum satélite com tecnologia norte-americana embargada poderia ser lançado da base de Alcântara, pois não haveria a garantia da proteção da tecnologia patenteada por aquele país.

O acordo foi assinado em março de 2019, em Washington, mas teve de passar pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal para ser validado.

No Congresso, foram realizadas audiências públicas nas quais foram apresentadas diversas posições. As maiores polêmicas estiveram centradas não na aprovação do acordo, mas nas medidas para proteção das comunidades quilombolas da região.

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