BÉLGICA - A escassez de doses faz com que o programa de vacinação nos países que compõem a União Europeia se arraste em ritmo lento e alcance apenas 2% da população, em contraposição aos 11% já vacinados no Reino Unido. Impõe também medidas drásticas. A Espanha suspendeu a imunização em Madri, e a França fará o mesmo na próxima semana na região ao redor de Paris.
A frustração no bloco europeu deflagrou uma guerra por vacinas com o Reino Unido. A Comissão Europeia exige que a encomenda de dezenas de milhões de doses do imunizante feitas à Oxford-AstraZeneca seja desviada para os países da UE, depois que a farmacêutica britânica anunciou a redução da produção de 80 milhões para 31 milhões.
A demanda da UE fomenta a primeira tensão no pós-Brexit. O pedido do Reino Unido é anterior ao da União Europeia, embora o bloco tenha financiado o aumento na produção da vacina. As autoridades britânicas foram ágeis na aprovação do imunizante e na assinatura de contratos com fornecedores. O país foi o primeiro a aprovar as vacinas e a iniciar a imunização.
Com população de 450 milhões de habitantes, a UE apostou em oito farmacêuticas, mas concentrou-se em Pfizer-BioNtech, Oxford-AstraZeneca e Moderna. A Comissão Europeia fechou encomendas para garantir 2,3 bilhões de doses e inocular 70% da população até o início do verão no Hemisfério Norte. Mas, como habitual, o ritmo é vagaroso.
Abastecimento
A Pfizer, por sua vez, também enfrenta problemas de abastecimento em uma fábrica na Bélgica. À medida que a produção ficou reduzida, as farmacêuticas passaram a atender os britânicos, sob o argumento de que os contratos com o país eram anteriores. Os 27 países do bloco europeu ficaram para trás -- até agora a UE sequer aprovou as duas vacinas.
A briga com o Reino Unido acirra ânimos e alimenta surtos de nacionalismo em ambos os lados. Países ricos pressionam o braço executivo do bloco para uma vacinação rápida e intensa, ao contrário do que vem ocorrendo.
O conflito toma um rumo radical. A Comissão Europeia ameaça bloquear as exportações de vacinas da Pfizer e da AstraZeneca a fim de assegurar estoque à sua população. A guerra das vacinas tornou-se também a primeira do pós-Brexit.
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