Fora do poder

Primeiro-ministro da Itália, Conte renuncia ao cargo

Giuseppe Conte perdeu a sua maioria no Senado semana passada, quando o partido de centro Itália Viva deixou a coalizão por uma disputa pela maneira como o governo lidou com a crise do coronavírus e a recessão econômica

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Giuseppe Conte gesticula durante sessão do Parlamento em Roma (Giuseppe Conte gesticula durante sessão do Parlamento em Roma)

ITÁLIA - O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, entregou renúncia ao presidente do país ontem,26. Ele estava no poder desde 2018. Conte já havia anunciado que iria apresentar sua renúncia.

Sergio Mattarella, o presidente, vai conversar com os líderes partidários hoje, 27, para decidir como resolver a crise política.

A expectativa é que Mattarella entregue a Conte um mandato para formar um novo governo, com mais apoio no parlamento, disseram fontes do governo.

Conte perdeu a sua maioria no Senado semana passada, quando o partido de centro Itália Viva, liderado pelo ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, deixou a coalizão por uma disputa pela maneira como o governo lidou com a crise do coronavírus e a recessão econômica.

Decisões
Uma das principais reclamações de Renzi é que Conte tomou decisões sobre a pandemia sem passar pelo Parlamento, com base em relatórios de técnicos que não foram eleitos.
Conte soube que não tinha mais o apoio no Congresso ao tentar fazer nomeações de seu governo.

As tentativas de Conte para atrair senadores de centro e independentes aos quadros do governo não tiveram sucesso.

Anteriormente, parlamentares da própria coalizão do primeiro-ministro alertaram que ele seria derrotado no parlamento esta semana na votação de um relatório sobre o sistema judiciário, o que poderia ser evitado apenas com a sua renúncia.

Conte resistiu a renunciar até agora por medo de não ser novamente indicado. Em vez disso, tentou atrair senadores que se afastavam com promessas vagas de um novo pacto governamental e possíveis cargos nos ministérios.

Segunda renúncia
Essa não é a primeira vez que Conte renuncia. Em 2019, ele perdeu a maioria do Congresso depois que a Liga, um partido da extrema-direita que formava a coalizão de governo, apresentou uma moção de desconfiança.

Ele foi reconduzido ao poder nove dias depois, ao conseguir formar uma coalizão que incluía os partidos rivais Movimento 5 Estrelas (M5E) e Partido Democrata (PD), de centro-esquerda.

Eleições

Por sua vez, a oposição de extrema direita pede a convocação de eleições o mais rápido possível, convencida de que irá ganhá-las, enquanto a direita moderada liderada por Silvio Berlusconi se oferece para apoiar um Executivo de unidade nacional.

O primeiro-ministro, um advogado sem experiência política, revelou-se um "camaleão", capaz de governar com a direita e com a esquerda. A decisão está agora nas mãos do presidente Mattarella, árbitro da situação, segundo o atual sistema parlamentar na Itália.

Um possível terceiro governo presidido por Conte, já chamado pela imprensa de "Conte ter", teria como objetivo implementar planos-chave para reativar a terceira economia da zona do euro após uma pandemia que ceifou 85.000 vidas. "Com um governo que renunciou, tudo fica mais lento e difícil", alertou o chanceler Luigi Di Maio, entre as lideranças do M5E.

A busca de consenso é, por enquanto, muito complicada e embora ainda conte com o PD e o M5E, deve compactuar com o desleal Renzi, o que parece difícil, bem como com setores da direita moderada e "europeístas".

A renúncia foi decidida para evitar uma humilhação política na quarta no Senado, por ocasião da votação das reformas propostas pelo ministro da Justiça, Alfonso Bonafede, um dos líderes do M5E, e que incluíam a adoção de novas regras para julgamentos civis e penais e abolição da controvertida prescrição após a primeira condenação.

Para evitar sua queda na semana passada, Conte teve que comparecer ao parlamento para um voto de confiança de ambas as casas.

O chefe do Executivo, que superou com folga a votação na Câmara dos Deputados, teve resultado apertado no Senado e saiu enfraquecido.

Desde a Segunda Guerra Mundial, a Itália teve 66 governos, quase um por ano, jogo político ao qual está acostumada.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.