Entregadores preferem aplicativos do que trabalho fixo em restaurantes
Horário mais flexível proporcionado pelas plataformas é a principal vantagem, mas condições de trabalho ainda não são das melhores; quantidade de delivery aumentou com o isolamento social na pandemia
São Luís – A demanda por delivery de comida cresceu com a pandemia do novo coronavírus. Com os restaurantes fechados, por causa das portarias do Governo que determinaram a paralisação de atividades não essenciais, os donos de estabelecimentos recorreram ao serviço de entrega. Muitos empresários utilizam os aplicativos que realizam o serviço de delivery – e recebem uma taxa por isso –, no entanto, alguns ainda preferem pagar motoboys, de forma fixa, em seus restaurantes.
A questão é que os trabalhadores têm preferido atuar para os aplicativos, visto que possuem mais liberdade de horário. Diante disso, os restaurantes que precisam desse serviço estão sentindo dificuldade em manter entregadores em seus estabelecimentos.
João Arames, é proprietário de um estabelecimento que produz comida caseira, no bairro João Paulo, e contou como essa tendência tem prejudicado o restaurante. “Ultimamente, manter o padrão de qualidade tem sido um tanto desafiador, por conta da falta de motoboys disponíveis. Por esse motivo, estamos mudando nosso atendimento direto, ficará exclusivamente para empresas (com pelo menos cinco pedidos diários para o mesmo local). Para o público em geral, o atendimento permanecerá somente por aplicativo”, explicou o empresário.
“Hoje, eles preferem trabalhar para aplicativos como Uber e Ifood, assim eles têm mais liberdade para trabalhar a hora que quiserem”, complementou, João Arames.
Motoboys
São Luís, ainda não possui uma entidade específica que acomode os motoboys, porém, há o Sindicato dos Mototaxistas de São Luís (Sindimoto-SL). O presidente, Luís Gonçalo, disse a O Estado, que pretende acoplar a categoria ao sindicato, ainda no primeiro semestre de 2021. A ideia já foi discutida este ano, mas por consequência da pandemia, a mudança não foi possível.
Ele explica que os entregadores preferem os aplicativos, porque, geralmente, em estabelecimentos onde trabalham de forma fixa, a carga horária é extensa. Já nas plataformas de entrega, o horário é mais flexível.
Mas, na prática, a realidade deles não é muito favorável em nenhum dos meios, o que mostrou isso, foi o “Breaque dos Apps”, uma paralisação dos entregadores de todo o Brasil. Não houve um líder comum organizando a manifestação por melhores condições de trabalho, mas líderes espalhados pelos estados. O primeiro breaque aconteceu no dia 1º de julho.
Os motoboys reivindicaram um aumento no valor mínimo das corridas, um seguro de roubo e acidente, aumento do valor por km percorrido e auxílio pandemia. Outra greve aconteceu no dia 25 de julho, porém em proporção menor.
Única alternativa
Antônio da Silva, trabalha com entrega de comida há 10 anos, e faz parte da administração de uma cooperativa de motoboys. Em conversa com O Estado, ele citou dois pontos que têm feito os entregadores preferirem os aplicativos.
Para ele, um dos motivos, é que os motoboys de aplicativo não tem o mesmo conhecimento da cidade que os entregadores que trabalham de forma fixa em estabelecimentos e cooperativas. “A maioria trabalha com aplicativo, por causa do GPS. Por exemplo, quando aparece alguém pedindo para entrar na cooperativa, e o serviço não é para restaurantes que trabalham com essas plataformas, eles têm uma certa dificuldade em endereço”, frisou.
Outro ponto importante citado por ele, é que com a pandemia, muitas pessoas ficaram desempregadas e impossibilitadas de saírem de casa para trabalhar. “Havia uma motoboy que trabalhava com a gente, ela era autônoma, trabalhava com costura, fabricação de roupas, mas como ninguém podia comprar nada, nem sair de casa para isso, o único meio que ela encontrou foi o aplicativo, que não parou”, ressaltou.
SAIBA MAIS
Condições de trabalho
Mesmo com as reivindicações dos motoboys, eles ainda preferem o trabalho nos aplicativos. Uma pesquisa realizada pelo Ibope, mostrou que 70% dos entregadores não querem ter carteira assinada, enquanto 30% é a favor do vínculo empregatício. A pesquisa também mostrou o que a opinião dos motoristas sobre o Breaque dos Apps. Um total de 40% apoiou o movimento, 23% não apoiaram e 18% foram indiferentes. Já 8% não ficaram sabendo da iniciativa. O Ibope entrevistou 1.000 entregadores de apps nos dias 17 e 18 de julho.
No Brasil, um Motoboy ganha em média R$ 1.257,11 para uma jornada de trabalho de 43 horas semanais de acordo com pesquisa do salario.com.br junto a dados oficiais do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), o Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas (eSocial), e o Empregador Web. O estudo foi atualizado em setembro de 2020. No Maranhão, a carga horária média é de 44h semanais, e a média salarial é de R$ 1.186,22
Saiba Mais
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.