SÃO LUÍS- A ativista do movimento negro do Pará, Nilma Bentes tem uma frase que diz “Ter consciência negra é reconhecer a força da nossa gente, que mesmo sob chicote nos fez permanecer e continuar essa luta, desde as escolas onde somos poucos até os presídios onde somos muitos, todos terrivelmente massacrados”. O texto retrata um pouco da realidade vivida até hoje por negros no Brasil e reforça a importância da reflexão sobre o Dia Nacional da Consciência Negra.
No dia 20 de novembro, é celebrado o Dia da Consciência Negra, a temática relembra a introdução dos negros na sociedade brasileira e o fim da escravidão no Brasil. A data faz referência à morte de Zumbi, em 1695, líder do Quilombo dos Palmares. Considerado símbolo da luta pela liberdade e valorização do povo negro.
Para o Professor e Mestre em Ciência da Educação do Centro Universitário Estácio São Luís, Zumbi Bahia, os Africanos escravizados desde que aportaram no Brasil foram vergonhosamente explorados como força de trabalho.
“O Brasil foi um dos últimos países a abolir o sistema escravista, é preciso acabar logo com essa mídia de que negro era dolente e não reagiu, negro passivo, humilde e manso, que aceitava o trabalho servil. A resistência politica do negro no Brasil, contra a escravidão começou nos navios negreiros com a prática do banzo, caracterizado como a greve de fome e espalhado em diversas formas de protesto como o suicídio, aborto, infanticídio, fugas individuais e coletivas com a formação de quilombos” relata o professor.
Simbólica
A celebração do Dia da Consciência Negra foi uma conquista da luta do movimento negro brasileiro contemporâneo, segundo o professor Zumbi essa foi uma homenagem aquele que morreu lutando pelo ideal de liberdade. “Zumbi disseminou a mais bela e exemplar lição de vida que tivemos, ao lado de negro Cosme, no Maranhão e tantos outros heróis e heroínas da história afrobrasileira”.
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Mederiá Brandão, tem 22 anos, é estudante de Artes Visuais, segundo ele o dia 20 de novembro é mais um dia de luta e resistência.
“É dia de ensinar, ouvir e de falar sobre as nossas vivências. É um dia de mostrar a beleza que existe no povo afrobrasileiro. O racismo ainda é muito latente, não está piorando agora, ele está sendo filmado e divulgado. Mas eu creio que a cada dia, aos poucos, o racismo enfraquece, a cada dia que passa um preto ou uma preta aprende a verdadeira história da escravidão e se empodera para continuar lutando e resistindo” acredita.
Entre as conquistas do movimento negro brasileiro também estão: a Lei 10.639 que estabelece que o calendário escolar inclui o dia 20 de novembro no âmbito de escolas públicas e particulares nacionais que trabalham com educação básica; A convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o Brasil faz parte, onde assegura aos grupos e comunidades tradicionais o direito de se autodefinir; A regulação de demarcação de terras quilombolas; E a Lei de Cotas para o ensino superior, que aumentou em 192% a quantidade de alunos autodeclarados negros nas universidades federais, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira.
Uma das beneficiadas pela Lei de Cotas foi a Elionete Silva, 30 anos, ela cursou contabilidade em uma universidade federal. Mesmo com um curso superior e ocupando o cargo de gerente de uma empresa, ela ainda sente o racismo na pele.
“A impressão que tenho é que as pessoas olham pra mim como se eu não pudesse ocupar o lugar que ocupo hoje. É muito difícil entrar numa loja e ser tratada como seu eu não pudesse comprar lá. A sociedade precisa ter mais empatia, o racismo está em todos o lugares. Vivi uma situação complicada com uma criança que conheci, ela dizia que eu não poderia brincar com uma boneca branca, por que ela não combinava com a minha cor, a culpa não é da criança ela provavelmente está repetindo a fala que ouviu de alguém, então as pessoas precisam se educar e aprender a respeitar as diferenças” explica a contadora.
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