São Luís – “Muitos levam seus cachorros para passear; eu levo meus olhos para passear, eles se encantam com tudo”, disse Rubem Alves uma vez ao escrever sobre um de seus amores, os ipês-amarelos, que florescem durante a primavera para trazer cor a cidade. E assim como Rubem, os olhos de muitos ficam encantados com a paleta de cores que transformam a cidade de São Luís em uma obra de arte.
Brancas, rosas, amarelas e roxas, essas sãos as diversas cores que marcam as ruas ludovicenses. Ao passar pela Av. Ferreira Gullar, chegando no bairro Jaracati, já é possível ver as altas árvores cobrindo o chão em uma espécie de tapete de flores rosas. No local, moradores varrem as ruas para evitar o acúmulo de folhas e dar espaço para as novas que cairão. Ao atravessar a ponte, seja a Bandeira Tribuzi, seja a ponte São Francisco, já nos deparamos com mais ipês no centro da cidade. Grandes, coloridas e provedoras de ótimas sombras.
E é justamente por essa sombra que no Parque Bom Menino, Centro, pessoas vão todos os dias se exercitar ao ar livre. Garrance Lobato, estudante de direito, conta que ao menos uma vez por semana vai até o local “Gosto por ser arborizado, apesar de antigamente ser muito mais, haviam mais Ipês por aqui e eram lindos”, contou a estudante admirada pelas árvores do local. “Particularmente, eu acho os Ipês uma das árvores mais lindas, pela forma que suas flores caem no chão”, concluiu.
Novas cores
O parque, que nesse mês de setembro está com flores espalhadas por todo seu território, recebeu no início do mês, em homenagem a campanha de prevenção contra o suicídio, mudas de ipês-amarelos para lembrar da importância do contato com a natureza. Perto dos antigos ipês rosas e amarelos, mudas com laços amarelos enfeitam o local e prometem novas cores ao lugar, e encantam turistas. Antônio Carlos Pereira, aposentado, está em São Luís há um mês e conta sobre a beleza do local. “É uma cidade linda e com belas árvores”, relatou sobre o parque e os ipês. Mas não é só o Parque Bom Menino que é contemplado pelos magníficos ipês, além dele, o Rangedor também possuí os grandes floridos para proporcionar sombra e bem-estar.
Seguindo para o Monte Castelo, a presença das árvores se torna ainda maior nas avenidas e calçadas. Dentre ônibus, carros e todo cenário caótico da avenida Getúlio Vargas, os ipês cor de rosa e roxo vão colorindo a avenida. A presença das árvores continua até o Ipase, onde os próprios moradores decidiram plantar as árvores. Raimundo, aposentado, foi um dos responsáveis pelo enorme ipê com flores rosas na praça em frente a sua casa. Apesar do local desgastado, a árvore traz beleza à comunidade.
A avenida Daniel de La Touche não fica para trás. Com 12 pés de ipês cor de rosa, ao longo de sua avenida fazendo sombra e embelezando as ruas, as flores se destacam de cima do viaduto que dá acesso à Via Expressa. Local que de longe podemos ver grandes ipês antigos brancos, rosas, roxos e amarelos.
Ipês
“Os ipês já se tornaram uma característica da cidade, principalmente nessa época do ano. São árvores que se mostraram eficientes em cumprir o objetivo pelo qual foram plantadas aqui. Além da beleza cênica, elas conseguem se reproduzir com uma frequência que garante a sua manutenção. Não é à toa que são plantas muito utilizadas na arborização da cidade e, nesse ponto de vista, podemos dizer que já são características de São Luís em termos paisagísticos e de arborização urbana”, explica o biólogo e pesquisador da Universidade federal do Maranhão, Luann Costa.
Apesar do Ipê amarelo ser o mais conhecido, na Grande Ilha é muito comum a presença dos Ipês com flores rosas, roxas e até mesmo brancas. Contudo, as flores passam por um ciclo e cada cor floresce uma de cada vez. “Na botânica existe uma linha de pesquisa que chamamos de fenologia. A fenologia estuda as fases de desenvolvimento e reprodução das plantas, ou seja, brotamento de folhas, queda das folhas, quando a planta irá florir e quando essas flores darão origem aos frutos. Com base nisso, o que se observa é que o ipê roxo perde suas folhas e nascem as flores primeiro, seguido do amarelo e depois o rosa. Mas isso não é uma regra, vai depender da espécie, do ambiente em que ela está, dos nutrientes do solo e outros fatores. Inclusive, isso pode determinar quanto tempo vai durar a floração”, conta Luann Costa.
Tipos de Ipê
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Ipê Amarelo - Handroanthus ochraceus ou Tabebuia ochracea
Espécie comum na região centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, sua árvore pode alcançar de 6 até 14 metros de altura e tronco de 30 a 50 cm. Suas flores são amarelas e costumam florescer a partir do final de julho até setembro.
Ipê Amarelo do Cerrado - Tabebuia aurea ou Handroanthus caraiba
Comum da região amazônica e nordeste até o sudeste, frequente no cerrado, na caatinga e no pantanal mato-grossense. Sua altura é de 12 a 20 metros e seu tronco é tortuoso com diâmetro de 30 a 40 cm, com casca suberosa. Floresce durante os meses de agosto a setembro apenas.
Ipê Branco - Handroanthus roseoalba ou Tabebuia roseoalba IPE BRANCO
Esta árvore possui em média de 7 a 16 metros de altura e seu tronco de 40 a 50 cm de diâmetro, é raramente encontrada na caatinga do nordeste brasileiro, mas muito comum no sudeste e centro-oeste. Possui flores brancas, podendo ser encontradas até em tons rosados, floresce de agosto a outubro.
Ipê Rosa - Tabebuia avellanedae ou Handroanthus avellanedae
Ocorre com mais frequência no Sul do país, desde o Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul. Pode alcançar de 20 até 35 metros de altura, com tronco ereto e cilíndrico de 60 a 80 cm de diâmetro. Suas flores possuem tons de rosa e roxo, floresce de junho a agosto.
Ipê Roxo ou Ipê Roxo Sete Folhas - Handroanthus heptaphyllus ou Tabebuia heptaphylla
Possui altura média de 10 a 20 metros e corre principalmente no nordeste e sudeste do país, seu tronco tem de 40 a 80 cm de diâmetro e é revestido por casca áspera cinzenta. Suas flores são roxas e aparecem durante julho até setembro.
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