lazer danoso

Brincadeira com linha de cerol é perigosa para o kart maranhense

Em pleno campeonato maranhense de Kart, atletas estão impedidos de treinar; a brincadeira com pipas no entorno do kartódromo causa prejuízos e medo para os praticantes do esporte

Kethlen Mata/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Linha com cerol atingiu próximo ao olho de kartista e enrolou no eixo de kart (cerol)

São Luís - Dois acidentes envolvendo linha de cerol e pilotos de kart, foram registrados no Kartódromo João Salém, situado no entorno do Castelão, este ano. São Luís ainda não tem uma lei que proíba o uso dessa mistura, que é utilizada em linhas de papagaios (ou pipas) para cortar a linha dos adversários, a brincadeira é comumente praticada por crianças e não possui fiscalização especializada. O presidente do Clube de Kart de São Luís, Marcelo Motta, está em uma situação complicada, muitas pessoas estão deixando de praticar o esporte, pelo medo de se ferirem com a linha de cerol.

É comum ver crianças e adolescentes brincado com pipas, principalmente no período de férias, mas o que parece ser uma brincadeira inocente, pode acabar machucando e até tirando a vida de outras pessoas. Acontece, que geralmente, em uma tentativa de melhorar a brincadeira, as crianças acabam utilizando o cerol, ou a linha chilena – que é mais perigosa que o cerol comum –, que garante que as pipas cortem as pipas dos adversários.

O presidente do Clube de Kart de São Luís, Marcelo Motta, contou que além do perigo do cerol, muitas crianças estão invadindo a pista para correr atrás dos papagaios ‘lanceados’. “Um risco eminente é a quantidade de crianças que ficam no meio da pista, olhando para cima, atrás dos papagaios, enquanto os carros passam, o que pode causar um acidente grave”, ressaltou.

O Esporte

Marcelo Motta afirmou que o Kartismo maranhense, é um esporte com muita visibilidade nacional, e o Kartódromo João Salém é o único apropriado para a prática na capital. Atualmente, está acontecendo a 4° etapa do campeonato estadual de Kart, e provavelmente, essa etapa será interrompida ou suspensa, por questão de segurança.

O presidente do clube se preocupa com os treinos dos atletas, pois, dois acidentes já aconteceram envolvendo as linhas com cerol. Uma das pessoas, teve um corte no nariz e perto de um dos olhos. Até o capacete de uma criança já foi cortado pela linha. “O problema é a questão da linha, que está cortando os praticantes do esporte, corta o macacão, chega até a machucar o rosto, pescoço das pessoas”, frisou.

Além de ser um prejuízo para o esporte, a situação afeta outros setores, já que as corridas movimentam a economia local. “O kart ludovicenses emprega direta e indiretamente, cerca de 100 pessoas, que estão com suas atividades suspensas, por causa da paralisação dos treinos”, afirma Marcelo Motta. Os vendedores ambulantes da região também sofrem com o perigo, pois, se não há corridas, não há público. Até mesmo os bandeirinhas, mecânicos, e preparadores, ficam prejudicados, muitos são moradores da região.

Legislação

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Em algumas cidades do estado a venda do cerol é proibida por lei, em São Luís, essa medida ainda não foi colocada em prática, no entanto, tramita na Câmara Municipal, o projeto de Lei n° 277/2019, do vereador Raimundo Penha (PDT). “Fica proibida a comercialização de linhas cortantes compostas de vidro moído conhecido como “cerol”, bem como a comercialização de linha cortante e industrializada obtida através da combinação de cola madeira ou cola cianoacrilato com oxido de alumínio ou carbeto de silício e quartzo moído ou qualquer produto ou substância de efeito cortante independente da aplicação ou não destes produtos nos fios ou linhas, conhecido como “linha chilena/ linha indonésia”, utilizadas para soltar pipas”, diz o Art. 1 da PL.

O vereador responsável pelo projeto, destaca que tratou de proibir a comercialização dos dois tipos de linha. “Assim é mais fácil fiscalizar a lei e ter eficácia”, frisa. No momento, a PL está tramitando nas comissões técnicas da Câmara, e depois seguirá para votação em plenário.

SAIBA MAIS

O Cerol

O cerol é um material extremamente perigoso feito a partir da mistura de vidro moído com outros produtos, como a cola, que serve como aglomerante, enquanto o pó de vidro ou ferro serve como abrasivo. O resultado é uma linha extremamente cortante, o seu uso pode causar acidentes com motociclistas, pedestres, além de curto circuito e danos a fiações elétricas, podendo provocar lesões, mutilações, ou até a morte.

A Linha Chilena

Enquanto o cerol é fabricado com uma mistura que pode ser feita com cola e pó de vidro, ou cola e pó de ferro, a linha chilena é feita industrialmente e seu poder de corte é elevado, pois à linha original são adicionados pó de quartzo e óxido de alumínio.

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