Covid-19

Volta às aulas pode expor mais de 360 mil do grupo de risco no MA

Fundação Oswaldo Cruz alerta que o retorno da atividade escolar, durante a pandemia, que vem sendo anunciado de forma gradativa, coloca os estudantes em potenciais situações de contágio

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Tabela da Fiocruz mostra números de pessoas do grupo de risco que residem com estudantes (tabela fiocruz)

São Luís - Mais de 360 mil pessoas que compõe o grupo de risco para a Covid-19 no Maranhão – idosos com 60 anos ou mais e adultos de 18 a 59 anos com comorbidades (doenças crônicas), residem com pelo menos um menor entre 3 e 17 anos. O problema, segundo alerta a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é que o retorno da atividade escolar, que vem sendo anunciado de forma gradativa por vários estados e municípios, coloca os estudantes em potenciais situações de contágio, podendo levar o vírus para casa.

No Maranhão, o Governo do Estado confirmou para 10 de agosto o retorno das atividades presenciais de sala de aula para alunos dos 3º ano do ensino médio. No caso do Município de São Luís, a volta acontecerá em setembro. As escolas particulares também estão se preparando para reiniciar o ano letivo no próximo mês.

Desse modo, para a Fiocruz, a volta às aulas pode representa um perigo para 89.492 adultos no Maranhão (entre 18 e 59 anos) que têm doenças como diabetes e enfermidades no coração ou pulmão, e para 271.975 idosos. “Mesmo que escolas, colégios e universidades adotem as medidas de segurança (e elas sejam cumpridas à risca), o transporte público e a falta de controle sobre o comportamento de adolescentes e crianças que andam sozinhos fora de casa representam potenciais situações de contaminação por Covid-19 para esses estudantes”, diz a Fiocruz.

E se contaminados, esses jovens poderão levar o vírus Sars-CoV-2 para dentro de casa e infectar parentes de todas as idades que tenham doenças crônicas e outras condições de vulnerabilidade à Covid-19, representando uma brecha perigosa no isolamento social que essas pessoas mantinham até agora.

O estudo alerta para o fato de que “a discussão sobre a retomada do ano letivo no país não segue um momento em que é clara a diminuição dos casos e óbitos e ainda apresenta um agravante, que é a desmobilização de recursos de saúde e o desmonte de alguns hospitais de campanha”.

Novos óbitos
O epidemiologista do Icict/Fiocruz, Diego Xavier, que participou do estudo, destaca que, até agora, a maioria desses milhões de brasileiros em grupos de risco e que têm algum estudante dentro de casa vinha se mantendo em isolamento social. “Mas a volta às aulas pode representar uma perigosa brecha nesse isolamento. Nós estimamos, no estudo, que se apenas 10% dessa população de adultos com fatores de risco e idosos que vivem com crianças em idade escolar vierem a precisar de cuidados intensivos, isso representará cerca de 900 mil pessoas na fila das UTIs. Além disso, se aplicarmos a taxa de letalidade brasileira nesse cenário, estaremos falando de algo como 35 mil novos óbitos, somente entre esses grupos de risco”, analisa Xavier.

Christovam Barcellos, sanitarista e vice-diretor do Icict/Fiocruz, acha que seria recomendável que estados e municípios oferecessem aos pais informações necessárias para os cuidados que devem passar a adotar dentro de suas casas. “Se isso não for feito, muitos pais se sentirão inseguros frente à decisão de retomar os estudos presenciais dos seus filhos. Com a expansão da população exposta à infecção pelo vírus, deveriam também ser ampliadas as atividades de vigilância epidemiológica desses grupos vulneráveis por meio de testagens e acompanhamento clínico permanente”, afirma.

SAIBA MAIS

volta às aulas pode representar um perigo a mais para cerca de 9,3 milhões de brasileiros (4,4% da população total) que são idosos ou adultos (com 18 anos ou mais) com problemas crônicos de saúde e que pertencem a grupos de risco de Covid-19. Isso porque eles vivem na mesma casa que crianças e adolescentes em idade escolar (entre 3 e 17 anos). A quantidade de pessoas que pode passar a se expor ao novo coronavírus foi calculada por análise da Fiocruz feita com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), que foi realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Laboratório de Informação em Saúde (LIS) da Fiocruz.

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