Comércio

Estudo demonstra que o comércio foi a atividade mais afetada pela Covid-19

De acordo com o Dieese, houve significativa queda nas vendas do setor e ainda demissões, devido o fechamento da grande maioria dos estabelecimentos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Comércio da Rua Grande, em São Luís, ficou por quase três meses fechado como medida de isolamento social (rua grande)

São Luís - Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), denominado “A covid-19 e os trabalhadores do Comércio”, mostra que o setor comercial foi a atividade econômica mais impactada pela pandemia do novo coronavírus, a partir das medidas de isolamento social, tanto em relação à queda nas vendas quanto em número de trabalhadores que foram desligados.

Segundo o Dieese, a relevância do comércio para a economia brasileira pode ser vista através do tamanho da força de trabalho empregada no setor, do volume de vendas e do peso na composição do Produto Interno Bruto (PIB) – o setor responde por 12% do PIB.

Composto por três grandes segmentos – varejo, atacado e veículos –, o setor incorpora desde grandes redes nacionais e internacionais até uma imensa quantidade de micro e pequenos estabelecimentos familiares. Cabe salientar que os micro e pequenos negócios, além de gerarem a maior parte dos empregos do setor, não raro, são a única fonte de renda das famílias proprietárias.

Este ano, o comércio lidera o fechamento de vagas de trabalho formal no país. Entre janeiro e maio, foram encerrados 446 mil empregos no setor, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No Maranhão, foram eliminados 5.838 postos e trabalho na atividade comercial.

O estudo revela que no 1º trimestre de 2020, o Brasil contava com 15,6 milhões de comerciários, entre trabalhadores assalariados (com carteira e sem carteira), trabalhadores por conta própria e trabalhadores familiares, o que correspondia a 17% dos trabalhadores ocupados no país, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (PNADc/IBGE).

Desligamentos

O setor demanda grande número de trabalhadores e, em especial, atrai muitos jovens por possibilitar a inserção em funções não especializadas e que não requerem maiores qualificações ou experiência anterior. Ao mesmo tempo, é um setor conhecido pelo alto grau de flexibilidade nas condições e relações de trabalho, elevada taxa de informalidade (cerca de 33%), altas taxas de rotatividade (em torno de 64%) e grande número de trabalhadores submetidos a extensas jornadas e baixos rendimentos.

Esse alto número de desligamentos de trabalhadores devido a pandemia tem impactado no seguro-desemprego. Conforme dados do Ministério da Economia, o número de pedidos do benefício, considerando todos os setores, acumulado de janeiro até maio deste ano, foi de 3.297.396, um crescimento de 12,4% (363.502 pedidos) frente a igual período de 2019, quando foram registrados 2.933.894 requerimentos.

No mês de maio, o aumento foi de 53%, com 960.268 solicitações de seguro-desemprego contra 627.779 verificadas em maio de 2019. Desse total, 25,8% corresponde ao setor do comércio, somando 248.084 pedidos no mês, uma alta de 19,8% frente a abril de 2020 e de 35,7% em relação a maio de 2019.

Ademais, no comércio há um agravante, que é o expressivo contingente de trabalhadores na informalidade, cerca de 1/3, o que torna a situação mais dramática uma vez que essas pessoas perderam praticamente toda a renda com a pandemia. A esse quadro deve ser agregado o desemprego no setor, pois só no período de janeiro a maio de 2020 foram fechados 446 mil postos de trabalho formais.

Vendas em baixa

As vendas já estavam fracas por conta da baixa renda disponível e do fechamento da grande maioria dos estabelecimentos de rua e dos shoppings centers, a partir da segunda metade de março. E em abril, o comércio varejista não escapou da queda maior ainda.

Segundo a Pesquisa Mensal do Comércio do IBGE (PMC/IBGE), o volume de vendas caiu 17,5% de março para abril de 2020 e recuou 27,1% na comparação com abril de 2019; queda recorde na série histórica iniciada em janeiro de 2004.

Dentre as atividades consideradas essenciais e que não foram interrompidas, o segmento do varejo que apresentou a menor retração em abril foi o de material de construção (-1,8%). Supermercados e Farmácias, que apresentaram crescimento de vendas no início da crise sanitária, tiveram quedas de 11,8% e 17,0% em abril, respectivamente.

Assim como no mês de março, as maiores quedas nas vendas em abril foram nos segmentos de Tecidos, vestuário e calçados (-60,6%), Livros, jornais, revistas e papelarias (-43,4%), Veículos e autopeças (-36,2%) e Materiais de escritório e informática (-29,5%).

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Comércio eletrônico

A crise provocada pela pandemia e a necessidade do isolamento social para contenção da propagação do vírus atinge toda a economia, porém seus impactos não são lineares nem homogêneos. A crise para alguns negócios torna-se oportunidade para outros, é o caso, por exemplo, do comércio eletrônico, que tem crescido neste período. A pandemia tem acelerado transformações nas estratégias das empresas e nos hábitos de consumo das famílias.

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