Medicamento

Usado em tratamento contra Covid-19, hidroxicloroquina já está em falta nas farmácias

Medicamento é classificado pela Anvisa como produto controlado, o que significa que precisa de prescrição médica para ser adquirido; ministração também merece cuidados, afirmam especialistas

Nelson Melo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20
Medicação hidroxicloroquina está sendo procurado em farmácias de São Luís (cloroquina)

A cura propriamente dita do novo coronavírus, ao que tudo indica, ainda está longe de ser encontrada. Isso, porque a vacina está sendo estudada em vários países, incluindo Estados Unidos da América (EUA), Brasil, Israel, Rússia e China. Muitos infectados recebem alta, mas, segundo especialistas, dizer que foram “curados” é muito relativo. Como esperança contra a doença, médicos estão prescrevendo hidroxicloroquina, usada no combate ao lúpus e artrite reumatoide. Na Região Metropolitana de São Luís, esse medicamento já está em falta nas prateleiras das farmácias.

O Estado esteve em algumas farmácias localizadas em São Luís, para saber se o medicamento poderia ser encontrado para comercialização. No entanto, em nenhuma delas havia unidades disponíveis. Vendida sob o nome comercial Reuquinol, a hidroxicloroquina está sendo muito procurada. Em média, o preço é R$ 78,85, mas, com desconto, chega a R$ 69,30. Nesses estabelecimentos comerciais, o produto acabou em poucas horas, após a chegada dos clientes.

“Em alguns locais, quando vemos no sistema que há apenas uma unidade do medicamento, pode ter certeza de que será comprado em instantes. A demanda aumentou bastante nos últimos dias”, declarou uma farmacêutica ouvida por O Estado. Ela frisou que, embora esteja sendo muito procurada, a hidroxicloroquina só pode ser comercializada com prescrição médica. Isso acontece porque está classificada na categoria conhecida como “Controle Especial”, da lista C1.

Em outra farmácia, localizada na Avenida Castelo Branco, no bairro São Francisco, as cinco unidades que chegaram ao estabelecimento na quarta-feira, 8, foram rapidamente vendidas. À tarde, não havia mais nenhuma caixa do produto. Apesar dessa demanda, não há resultados conclusivos para as pesquisas com o medicamento, usado principalmente contra a malária.

Em São Luís, o Hospital São Domingos (HSD) tem disponível as referidas medicações para o tratamento contra a Covid-19, como informou em nota. “Estão sendo utilizadas em casos específicos, de acordo com protocolo e após avaliação e decisão conjunta da equipe médica”, declarou. Naquela unidade hospitalar 31 casos foram confirmados do novo coronavírus. Desse total, 16 pessoas estão internadas e 15 em isolamento domiciliar.

Liberação nos estados
Apesar da polêmica envolvendo o medicamento, alguns estados do Brasil liberaram o seu uso para tratamento contra a Covid-19. No último dia 8, a Bahia permitiu a associação da hidroxicloroquina com a azitromicina para pacientes internados no Sistema Único de Saúde (SUS) com diagnóstico positivo para coronavírus. Porém, isso só pode acontecer com prescrição médica, em virtude das características da substância, cujo uso é controlado, devido ao efeito imunomodulador, ou seja, fornece aumento da resposta imune contra determinados micro-organismos.

Na Bahia, a deliberação ocorreu durante reunião da comissão científica para analisar as evidências científicas envolvendo a Covid-19. A recomendação é que os pacientes hospitalizados recebam os medicamentos o mais precocemente possível após a internação. No dia 23 de março, a Secretaria de Estado da Saúde baiana informou que garante acesso gratuito aos medicamentos com a referida substância para todos os pacientes que tiverem exames ou receitas médicas que comprovem a necessidade do uso, mesmo que não estejam cadastrados no Sistema Único de Saúde.

Porém, ela era válida apenas para quem tem diagnóstico de lúpus eritematoso sistêmico, lúpus cutâneo, artrite reumatoide, dermatomiosite e polimiosite. Na cidade de São Paulo, os hospitais municipais vão passar a utilizar a cloroquina no tratamento dos infectados pelo coronavírus.

SAIBA MAIS

O MEDICAMENTO

A hidroxicloroquina é usada em tratamento contra malária. Também é indicada para pessoas que tenham doenças autoimunes, como artrite reumatoide e lúpus eritematoso. Ela é muito confundida com a cloroquina, embora os benefícios clínicos sejam parecidos. Por outro lado, os efeitos adversos no organismo dos pacientes são distintos. A hidroxicloroquina, segundo alguns estudos científicos, é considerada um pouco mais segura, com menos efeitos colaterais.
As pesquisas mostram que os dois medicamentos podem causar problemas como distúrbios de visão, irritação gastrointestinal, alterações cardiovasculares e neurológicas, cefaleia, fadiga ou nervosismo. A hidroxicloroquina, que foi determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como produto controlado, possui contraindicações para pacientes que tenham menos de 6 anos ou alérgico a cloroquina. Devido aos efeitos colaterais, um hospital da França interrompeu o tratamento experimental usando hidroxicloroquina para pacientes com coronavírus.
Foi verificado que o eletrocardiograma dos pacientes analisados apresentou anomalias, o que comprova a conclusão de alguns estudos no mundo que mostram que o medicamento tem potencial para levar uma pessoa à morte súbita cardíaca em determinados infectados.

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