Infectologista e professora da UFMA tira dúvidas sobre coronavírus em site

Apesar de completados quase quatro meses que o coronavírus começou a infectar pessoas no mundo - fato que começou na China, no continente asiático -, ainda há muitas dúvidas sobre a doença. Além das fake news, surgem, informações equivocadas sobre a pandemia. Para esclarecer a população sobre Covid-19, a médica infectologista, pesquisadora e professora Universidade Federal do Maranhão (UFMA) Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco criou um site. Na plataforma, há vídeos e conteúdos de fácil compreensão acerca do assunto.

Em entrevista a O Estado, a médica, que possui doutorado na área de concentração Doenças Tropicais e Saúde Internacional no Instituto de Medicina Tropical de São Paulo da Universidade de São Paulo, disse que já tinha a ideia de criar um site há alguns anos, mas o objetivo era a divulgação de suas pesquisas e trabalhos produzidos pelos alunos. De acordo com ela, seria uma plataforma voltada para a popularização do conhecimento, sem que o público tivesse dificuldades de compreensão.

“Com essa pandemia de coronavírus, a ideia ganhou uma dimensão maior, sobretudo depois das várias entrevistas que concedi à imprensa sobre a doença. A partir das entrevistas, recebi muitas mensagens carinhosas de agradecimento pelos esclarecimentos”, declarou Maria dos Remédios Freitas Carvalho Branco. Então, o site foi criado, como uma frente de combate a doença, no campo da prevenção e às informações falsas sobre o assunto. Comumente, nas redes sociais, por exemplo, são divulgados conteúdos que não condizem com a realidade científica sobre a infecção.

O site foi lançado na noite de terça-feira, 24. Das 21h30 até o início da tarde do dia seguinte, foram mais de 1.700 acessos. “As pessoas estão compartilhando, também. Isso está muito dinâmico e é importante, porque mostra que a população deseja, de fato, saber as verdades sobre o coronavírus”, expressou a médica infectologista.

Site sobre coronavírus
No site, há vídeos que se referem a entrevistas, depoimentos e palestras sobre Covid-19 feitos pela professora universitária. Aliás, a médica também aborda outros temas relacionados, como H1N1 (Influenza A), dengue, zika e chikungunya. O público pode ler alguns artigos escritos pela pesquisadora. As pessoas enviam perguntas e questionamentos, que são respondidos pela docente, que é graduada em Medicina pela UFMA, com residência médica em infectologia pelo Hospital Emílio Ribas/São Paulo.

Como novidade, a professora Maria dos Remédios gravará vídeos curtos, de 2 a 3 minutos, sobre Covid-19, respondendo perguntas dos internautas. A ideia é publicar um por dia, segundo a pesquisadora. Para quem deseja acessar o site dela, o endereço é o seguinte: www.mariadosremedios.com.br/coronavirus

Publicação sobre coronavírus
Em uma de suas publicações, ela descreve as características do coronavírus, classificado como um betacoronavírus da linhagem 2B. Segundo a autora, do final de dezembro de 2019 até meados de fevereiro deste ano, não houve mutações significantes. Em média, de acordo com a professora da UFMA, o período de incubação é de 5 a 6 dias, variando de 1 a 14 dias. Além disso, a proporção de infecção verdadeiramente assintomática não está clara, mas parece ser relativamente rara e não parece ter importância na transmissão.

Os sintomas também são variados. O infectado pode sentir febre (87,9%), tosse seca (67,7%), fadiga (38,1%), produção de escarro (33,4%), falta de ar (18,6%), dor de garganta (13,9%), calafrios (11,4%), náuseas ou vômitos (5,0%), congestão nasal (4,8%) e diarreia (3,7%). O tempo médio do início dos sintomas até a recuperação clínica, em casos leves, é de 2 semanas. Já nos casos graves ou críticos, é de 3 a 6 semanas. Entre os que morreram, o tempo de doença variou de 2 a 8 semanas.

Com relação ao tratamento, a pesquisadora observa que os casos graves ou críticos requerem ventilação mecânica (25%) e somente suplementação de oxigênio (75%). Já a taxa de letalidade pelo Covid-19 está realmente entre 0,5 e 3%. “Essa taxa de letalidade é semelhante à da gripe espanhola (2 a 3%) e muito mais elevada do que a da epidemia pela influenza A H1N1 (0,02%) em 2009 ou da gripe sazonal”, frisa a professora da UFMA no artigo.

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SAIBA MAIS

Sobre a professora

Maria dos Remédios é médica infectologista e atende pacientes em consultório particular e também no ambulatório do Departamento de Patologia da Universidade Federal do Maranhão, em São Luís. Na universidade, dá aula nas seguintes disciplinas: Doenças Infecciosas e Parasitárias, para alunos do Curso de Medicina; Epidemiologia, para alunos do Programa Pós-Graduação em Saúde e Ambiente, e Epidemiologia das Doenças Transmissíveis, para alunos do Programa Pós-Graduação em Saúde Coletiva. Ela possui duas linhas de pesquisa, na área de análise espacial de arboviroses (dengue, Zika e chikungunya), e de beribéri, incluindo determinantes sociais da saúde. Maria dos Remédios concluiu seu mestrado em Saúde e Ambiente na Universidade Federal do Maranhão.

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