Igrejas transmitem missas ao vivo nas redes sociais e recebem orações dos fiéis
Os fiéis estão participando das missas pela internet. No bairro Redenção, em São Luís, Igreja Nossa Senhora de Fátima distribuiu flores artesanais com mensagens aos moradores
Na semana passada, a Arquidiocese de São Luís emitiu um decreto, assinado pelo arcebispo Dom Belisário da Silva, sobre as medidas que as igrejas católicas devem tomar para evitar a propagação do coronavírus, doença que já causou a morte de quase 20 pessoas no Brasil. Mas o cenário não está impedindo que as missas ocorram, mesmo sem a presença física do povo. Na Catedral Metropolitana de São Luís (Igreja da Sé), na região central da capital, as celebrações estão sendo transmitidas ao vivo nas redes sociais, fato que já acontecia, mas está sendo reforçado. Os fiéis estão enviando as orações pela internet, para que sejam colocadas no pé do altar.
Segundo a Pastoral da Comunicação da Igreja da Sé, o objetivo de transmitir ao vivo as missas é não deixar que os fiéis fiquem sem a Palavra de Deus. As pessoas, apesar de não comparecerem às igrejas, por conta das recomendações do arcebispo Dom Belisário, estão participando e acompanhando as celebrações pelas redes sociais. O público está enviando as orações pelo Facebook e Instagram da Catedral Metropolitana de São Luís. Esses pedidos são transcritos para o papel e são deixados em uma cesta, que fica no pé do altar.
“O padre Roney Carvalho, pároco da Igreja da Sé, agradece as orações e abençoa durante a missa. Quando passar tudo isso, essa pandemia no mundo, o padre vai novamente abençoar as orações, que serão queimadas, pois não se pode ficar com a intimidade das pessoas com Deus”, disse a Pastoral da Comunicação da Catedral Metropolitana de São Luís. Para essas celebrações, que estão sendo realizadas com a igreja fechada, participam apenas sete pessoas, incluindo o padre, o ministro, fotógrafo, leitores, músicos e o responsável pela transmissão, mas respeitando a distância ideal de um para o outro, para reduzir a possibilidade de contágio do vírus.
Distribuição de mensagens
Em outros locais da região metropolitana de São Luís, as missas não estão mais acontecendo sob nenhuma forma, para evitar aglomeração de pessoas. No entanto, a conexão com os fiéis permanece. Na Igreja Nossa Senhora de Fátima, que integra a Paróquia Santa Terezinha e fica no bairro Redenção, os catequistas e demais membros percorreram as ruas da comunidade e distribuíram flores artesanais com uma mensagem de esperança sobre a importância da colaboração de cada um para que a pandemia da Covid-19 seja superada.
Na mensagem, a Igreja Nossa Senhora de Fátima frisa que cuidar da vida é um ator de amor e que cada pessoa deve colaborar, fazendo sua parte no combate ao coronavírus.
Decreto da Arquidiocese
Enquanto durar o período de contaminação do coronavírus, ficam suspensas várias atividades, dentre as quais as atividades celebrativas comunitárias, incluindo missas, batizados e confissões individuais, bem como os encontros de catequese, na circunscrição da Arquidiocese de São Luís e de outras. Importante destacar que o catolicismo ainda está vivenciando a Campanha da Fraternidade 2020 e a Quaresma.
De acordo com o decreto da Arquidiocese de São Luís, assinado pelo arcebispo de São Luís, Dom José Belisário da Silva, também estão suspensas as celebrações penitenciais, mutirões de confissão, celebrações da Palavra, procissões, Via-Sacra, encontros de oração e recitação do terço, além de outros atos devocionais em grupo. Foram canceladas, ainda, as exéquias, que acontecem, frequentemente, em três lugares: mo velório municipal, onde os parentes recebem os amigos do falecido; no cemitério, onde se sepulta o corpo do falecido; e na igreja, onde se celebra a Missa do Sétimo Dia.
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Com relação ao sacramento do matrimônio, os párocos foram orientados a conversarem com os noivos sobre a viabilidade da cerimônia. Em caso de realização, os critérios para a celebração devem ser discutidos. Segundo o arcebispo de São Luís, foram suspensos, também, palestras, grupos de reflexão, encontros de grupos e movimentos, novenas e festas de padroeiros e atividades culturais que aglomerem pessoas. Dom José Belisário destacou a suspensão das celebrações comunitárias da Semana Santa, quando os cristãos são convidados a viver um momento de comunhão com o sacrifício de Jesus na cruz.
“Para isso, propomos que esse período seja vivenciado em casa, com a família, em espírito de oração, meditando a Palavra de Deus, rezando, por exemplo, a via-sacra e o rosário, além de acompanhar as celebrações pelos meios de comunicação social”, assinalou o arcebispo de São Luís.
Orientações litúrgicas
A Arquidiocese de São Luís destacou que todos os fiéis ficam dispensados da obrigação cristã católica de participar das missas dominicais e de preceito e que os sacerdotes continuem celebrando a Santa Eucaristia na intenção do Povo de Deus. Nesse sentido, recomenda-se o uso do rito da Missa Celebrada sem povo, conforme Missal Romano. Algumas dessas celebrações devem ser transmitidas pelos meios de comunicação, como a televisão.
No decreto, o arcebispo recomenda que as igrejas permaneçam abertas para visitação e orações pessoais, sempre evitando aglomerações. Em caso de morte de um/a paroquiano/a, o fato deve ser comunicado ao pároco, para que este possa rezar a missa (sem povo), para consolo da família. Convém destacar que a Arquidiocese de São Luís é composta por 15 municípios. Destes, quatro são da região metropolitana, e outros 11 são do interior.
No total, são 58 paróquias e 10 foranias, que é um grupo determinado de paróquias dentro de um vicariato (instância de hierarquia inferior às dioceses).
Ações anteriores
No início deste mês, devido ao coronavírus, a Arquidiocese de São Luís emitiu um comunicado com algumas orientações para a prevenção à doença e infecções respiratórias agudas. As medidas foram as seguintes: evitar o aperto de mãos e abraços em acolhidas; omitir o abraço da paz na celebração; não dar as mãos na oração do Pai-Nosso; a Eucaristia será distribuída apenas sob uma espécie e recebida, exclusivamente, na mão; em salas e igrejas climatizadas, o ar condicionado (modo frio) deve ser regulado para uma temperatura mais próxima à temperatura ambiente.
Além disso, foi recomendado que onde não há climatização do ambiente, o ideal seria manter o espaço (salas e igrejas) o mais aberto e ventilado possível. Essas orientações seguiram as instruções do Ministério da Saúde para evitar que o coronavírus avance no Brasil, como está ocorrendo na China e outros países. Mas, devido ao avanço do Covid-19 no País, a Arquidiocese de São Luís tomou outras medidas.
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