ENTORPECENTE

Riscos do uso do "Loló" no período carnavalesco

Também conhecido como lança-perfume, o "loló" é amplamente consumido no Carnaval, mas poucas pessoas conhecem os riscos do uso do produto

Kethlen Mata / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h21
Grande quantidade de loló foi apreendida no município de São José de Ribamar, nesta segunda-feira (Loló)

No último domingo, 9, uma mulher morreu quando participava de um bloco de Carnaval, no Cohatrac, após fazer uso de “loló”, droga ilícita, amplamente consumida, principalmente no período carnavalesco. O caso trouxe de volta a discussão sobre o uso do produto, que em alguns casos pode levar o usuário a morte.

O loló tem como base três compostos químicos, clorofórmio, éter e o cloreto de etila, além de uma essência perfumada, que pode variar. Geralmente a substância é preparada em laboratórios clandestinos, onde o controle acerca das quantidades dos compostos é menor, e a higiene também. Muitos fabricantes utilizam até mesmo o gás de isqueiro na produção, que é altamente inflamável.

O loló pode ser inalado pela boca ou pelo nariz, e imediatamente a substância chega nos pulmões e depois atinge dois órgãos vitais do corpo humano, os rins e o fígado, e por último chega até o sistema nervoso, conforme explicou o diretor do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas do Maranhão (CAPS –AD), Marcelo Soares, especialista em saúde mental.

Efeitos no corpo
Os principais efeitos físicos dessa droga são a euforia, excitação e sensações de felicidade, que liberam uma dose maior de adrenalina no corpo, um hormônio que regula o sistema cardiovascular, ou seja, automaticamente a substância acelera a frequência cardíaca, que pode chegar a até 180 batimentos por minuto, com apenas uma inalação do produto.

A curto prazo, o loló pode não causar a morte. “Quando isso acontece, geralmente a vítima já era acometida de alguma doença cardiovascular ou respiratória e, em alguns casos, por associar a substância com outras drogas lícitas e ilícitas”, completou Marcelo Soares.

O efeito psicológico provocado pelo loló, a curto prazo, é a alucinação, que dura de cinco a 10 minutos, gerando dependência no usuário. Se o uso for contínuo o indivíduo pode desenvolver depressão, insônia e esquizofrenia, além de outros transtornos mentais.

Com o período de Carnaval se aproximando o consumo da substância cresce, e consequentemente o tráfico. A venda dessa droga ilícita se enquadra no crime do Art. 278: “Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação ou a fim medicinal”, diz a Lei 2848/40. A pena é de um ano a três anos de detenção, além de multa.

Uma grande quantidade da droga foi aprendida nesta segunda-feira (7) da cidade de São José de Ribamar. “Durante todo o mês de fevereiro, nós temos realizado incursões em algumas áreas de alto consumo, na capital e no interior do estado”, afirmou o delegado Augusto Barros, chefe do Departamento da Capital da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (SEIC). Segundo ele, a Polícia Civil pretende realizar uma operação de grande porte em alguns pontos específicos do circuito carnavalesco.

SAIBA MAIS

Lança-Perfume

O lança-perfume foi industrializado na Argentina e importado para o Brasil do início até meados do século XX. Ele aparece no carnaval de 1906 no Rio de Janeiro, tornando-se popular como símbolo do carnaval. Originalmente era embalado em frascos dourados e utilizado até como uma brincadeira inocente e comum nos bailes do carnaval brasileiro, onde esguichava-se o produto entre os foliões causando uma sensação refrescante agradável e perfumada, porém aos poucos passou a ser inalado como uma droga.

Em 1961, após muitas mortes por parada cardíaca e por embriaguez seguida por quedas em janelas o Presidente Jânio Quadros acatou uma sugestão do jornalista Flávio Cavalcante e por seu decreto o uso do produto foi proibido inicialmente em salões e posteriormente a sua importação, isto explica a placa que observa-se nas fronteiras com os dizeres: “No Brasil portar ou usar lança-perfume é crime”, concluindo-se que, sendo assim pode levar à prisão por porte ou tráfico.

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