A forte chuva, com raios, atingiu a Região Metropolitana de São Luís na tarde desta quinta-feira, 30, pegou muita gente de surpresa. O fenômeno causou diversos transtornos na Ilha. Muitos locais ficaram alagados. Ruas até “desapareceram” sob a água na capital maranhense. A população ficou assustada, pois muitos raios e relâmpagos acompanharam o aguaceiro. O Laboratório de Meteorologia (Labmet), do Núcleo Geoambiental da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), informou que um “núcleo muito pesado” da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) provocou o temporal.
De acordo com o professor Gunter de Azevedo Reschke, chefe do Labmet, pelo que observaram nas imagens de satélite, não foi verificado nenhum fenômeno atípico que possa ter provocado a chuva forte de ontem. “A Zona de Convergência Intertropical fechou. Ela tem um núcleo muito pesado aqui em cima. Isso tudo provocou esses raios. Mas estão na época deles, mesmo”, explicou o meteorologista da Uema.
Conforme Gunter de Azevedo Reschke, o período chuvoso vai trazer muitos raios ainda, como já é esperado para essa época do ano no Maranhão.
Alagamentos na Ilha
Devido à forte chuva, vários pontos da Grande Ilha ficaram debaixo d’água. Nas imediações da Lagoa da Jansen, em alguns trechos, os motoristas tiveram dificuldades para trafegar, pois havia o risco de aquaplanar. Nos lugares com alagamentos menos expressivos, o principal problema era a derrapagem, que provoca o deslizamento devido à falta de aderência dos pneus na pista.
Nas ruas localizadas ao redor da Lagoa, motocicletas estacionadas quase ficaram submersas. A água chegou a invadir a recepção de hotéis. Na Avenida Litorânea, a pista ficou “ilhada” em vários trechos. Quando os veículos passavam, levantavam as poças d’água para o lado. Poucos condutores, como verificou O Estado, pararam os carros, para esperar a chuva passar.
Nas avenidas dos Africanos e Guajajaras, o alagamento cobriu os canteiros centrais. Na Cidade Operária, a água com lama desceu como uma “cachoeira” pelas ruas do bairro. Os outros pontos foram a Estrada da Mata, Estrada de Ribamar e Residencial Pinheiros (área da Cohama).
Janeiro chuvoso
De acordo com o meteorologista Gunter de Azevedo Reschke, já choveu em janeiro deste ano mais de 390 milímetros de precipitação pluviométrica em São Luís. Isto significa que ultrapassou a média esperada para o mês, que era de 244,2 mm. Até o último dia 25, esse índice era de 255,2 mm. Em pouco tempo, a quantidade aumentou. Em janeiro do ano passado, os valores acumulados pluviométricos foram de 393,4 mm na capital maranhense.
Em janeiro de 2019, choveu bastante, também, em Alcântara e Zé Doca. Respectivamente, os valores de precipitações foram de 525,4 mm e 345 mm. O principal sistema meteorológico causador dessa intensidade na estação chuvosa, no período do ano passado, foi o Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN), segundo informações do Labmet.
O VCAN é um sistema de baixa pressão atmosférica, de escala sinótica, que se forma na média e alta troposfera (entre 5 e 13 quilômetros de altitude). Conforme o Laboratório de Meteorologia da Uema, a nebulosidade causada pela forte instabilidade atmosférica do Maranhão ocasionou chuvas fortes contínuas em muitas localidades do estado, em janeiro de 2019, que foi considerado um dos mais chuvosos dos últimos anos.
A climatologia registrou que, em janeiro do ano passado, as regiões sudeste e nordeste o Brasil apresentaram os menores índices de chuvas no mês. Porém, o Maranhão e partes do Piauí, Ceará, Bahia e Alagoas obtiveram os maiores acumulados da região. O Norte do estado registrou os maiores volumes de chuva, com precipitações acima de 500 mm, valor muito acima do esperado.
Janeiro como transição
Janeiro é considerado um momento importante para o padrão de distribuição de chuvas no Maranhão, conforme o Núcleo Geoambiental da Uema. É durante esse período que ocorre a lenta transição da estação seca para a estação chuvosa no setor Centro-Norte do estado, processo que se inicia em dezembro de cada ano. A Zona de Convergência Intertropical (ZICT), gradativamente, se desloca do Hemisfério Norte para o Hemisfério Sul.
Em janeiro do ano passado, a ZCIT, na região oceânica próxima da costa maranhense, ficou acima da posição climatológica, o que demonstra que as chuvas ocorridas no Norte do estado foram causadas por outros fenômenos meteorológicos.
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OS RAIOS
Raio é uma descarga elétrica de grande intensidade que ocorre na atmosfera, entre regiões eletricamente carregadas, e pode dar-se tanto no interior de uma nuvem, como entre nuvens ou entre nuvens e terra. Esse fenômeno é capaz de ferir, matar, incendiar, quebrar estruturas, derrubar árvores e abrir buracos ou valas no chão. É consequência da existência de cargas elétricas opostas entre dois centros de cargas, causando uma atração muito forte, que rompe a capacidade de isolamento do ar.
O raio vem sempre acompanhado do relâmpago (intensa emissão de radiação eletromagnética também visível) e do trovão (estrondo). Portanto, alguns cuidados precisam ser seguidos, para evitar ser atingido por uma dessas descargas elétricas. Quando estiver na rua, evite lugares que ofereçam pouca ou nenhuma proteção contra raios, como pequenas construções vulneráveis, como celeiros, tendas ou barracos; e estruturas altas, tais como torres de linhas telefônicas e de energia elétrica.
Alguns locais são extremamente perigosos quando estiver caindo raios, como áreas abertas, incluindo campos de futebol, quadras de tênis e estacionamentos; alto de morros ou no topo de prédios; cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos; e debaixo de árvores isoladas. Quando estiver em veículos, evite estacionar próximo a árvores ou linhas de energia elétrica e também o contato com qualquer objeto metálico próximo ao veículo.
Em casa, não use telefone (o sem fio pode ser usado), Não fique próximo a tomadas, canos, janelas e portas metálicas. Também não toque em equipamentos que estejam ligados à rede elétrica.
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