Próximo de completar cinco meses desde a detecção das primeiras manchas de óleo no Brasil, o problema continua afetando o litoral nordestino e um pedaço da costa sudeste. Até o momento, não se sabe o que de fato causou a poluição dos mares e praias. Muitas hipóteses foram levantadas, tanto do ambiente acadêmico como de órgãos oficiais do governo federal. No Maranhão, 27 pontos continuam atingidos pela substância tóxica, como está descrito no mais recente relatório do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Em termos nacionais, as manchas já afetaram 1.004 localidades, segundo o Ibama. No total, são 11 estados e 130 municípios atingidos pelo derramamento. As áreas com presença do material tóxico detectadas no litoral maranhense foram classificadas como “Oleada (Vestígios Esparsos)”. Essa categoria significa que o trecho possui até 10% de contaminação, diferentemente do “Oleada – Manchas”, que possui mais de 10% de contaminação.
Importante destacar que, segundo o Ibama, o conceito de localidade utilizado no mapeamento se restringe a uma área de 1km ao longo da costa. Portanto, uma praia com uma faixa de areia de 10km possui 10 regiões.
Monitoramentos
Para conter o avanço das manchas no litoral maranhense, foi criado o Centro de Operações de Incidentes de Poluição por Óleo, coordenado pela Capitania dos Portos do Maranhão (CPMA), que está realizando mais uma etapa das ações, caracterizadas apenas pelo monitoramento dos pontos atingidos. No ano passado, várias intervenções de limpeza da substância tóxica foram registradas.
As operações de monitoramentos estão sendo feitas por meio de embarcações e também pelo ar. Helicópteros da Marinha do Brasil estão sendo utilizados nos sobrevoos no litoral maranhense. Na região do Delta do Parnaíba, na divisa com o estado do Piauí, foram feitas diversas inspeções aéreas.
Primeiras manchas
O primeiro caso no território maranhense, como acompanhou o Jornal O Estado, ocorreu no dia 18 de setembro de 2019, quando a substância foi encontrada na Ilha dos Poldros, em Araioses, na divisa com o estado do Piauí. Ali, só foi recolhido, nas primeiras ações, cerca de 1kg do material, ou seja, pouca quantidade, segundo o Ibama. Devido à presença das manchas de óleo no Delta do Rio Parnaíba, uma tartaruga marinha impregnada da substância morreu.
Já no dia 23 de setembro, ocorreu o segundo caso, na Praia de Itatinga, em Alcântara, onde uma tartaruga foi encontrada suja de óleo na faixa de areia. Um universitário achou o animal quando fazia uma caminhada. A partir dali, surgiram novos pontos. Então, o Ibama, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) e Corpo de Bombeiros fizeram as operações conjuntas.
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Centro de Operações
Assim como o Grupo de Avaliação e Acompanhamento (GAA) no Piauí, foi criado no Maranhão o Centro de Operações de Incidentes de Poluição por Óleo, que foi anunciado, oficialmente, no dia 31 de outubro de 2018, em uma entrevista coletiva na Capitania dos Portos do Maranhão. O objetivo é agilizar o fluxo de informações e a coleta das manchas de óleo no litoral maranhense.
Desde o primeiro surgimento das manchas, na Ilha de Poldros, na área do Delta do Parnaíba, já havia um esforço conjunto para combater o problema ambiental. Com o segundo caso, que aconteceu em Alcântara, na Praia de Itatinga, os trabalhos se intensificaram, pois envolveu outros órgãos, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.
No dia 6 de outubro, foi montado o Grupo de Monitoramento e Avaliação, em âmbito nacional. Mas tornou-se necessária a criação de uma coordenação setorizada e local. Isso aconteceu porque a contaminação se alastrou no litoral maranhense, embora em pouca intensidade quando comparada aos outros estados do Nordeste.
Em nota, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema) informou que desde as últimas ocorrências de manchas de óleo, datadas de 18 de dezembro de 2019, não houve notificações de novos registros.
A Sema lembra, ainda, que foram recolhidas cerca de dez toneladas de resíduos das praias afetadas no litoral do Maranhão.
Explicações sobre manchas
Desde o surgimento das manchas no Brasil, várias hipóteses foram lançadas para tentar explicar o fenômeno. São formulações diversas, mas nenhuma conseguiu comprovar, cientificamente, as causas. Uma das primeiras teorias foi com relação ao “navio fantasma” ou “dark ship”. Seriam embarcações irregulares que transportam cargas sem identificação, como o petróleo da Venezuela, cujo comércio está sob embargo dos Estados Unidos da América (EUA). Um desses navios teria abastecido na Venezuela e, posteriormente, trocado a carga com outra embarcação. Outra explicação teve como peça-chave os barris da Shell. A Marinha do Brasil encontrou um desses objetos flutuando no mar e recolheu para análise, no litoral do Rio Grande do Norte. Os barris deveriam estar repletos de lubrificantes, mas continham o mesmo óleo derramado nas praias do Nordeste. A Shell, porém, emitiu uma nota descartando seu envolvimento na origem do desastre. A empresa disse que as embalagens foram reutilizadas por outras pessoas. Já a Polícia Federal (PF) apontou um navio grego como origem das manchas de óleo, a partir de um relatório elaborado por uma empresa. No entanto, a substância era clorofila, como o Ibama, por meio do Centro Nacional de Monitoramento e Informações Ambientais (Cenima), frisou pouco depois. O Ibama já havia rejeitado o relatório após o Cenima ter detectado problemas no documento. A ação da PF que apontou o petroleiro grego Bouboulina como a suposta origem do óleo vazado foi denominada de “Operação Mácula”.
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