WASHINGTON E BAGDÁ — O governo dos EUA afirma que o Irã está montando um arsenal de mísseis de curto alcance no Iraque, se aproveitando dos protestos que há meses abalam o país árabe e levaram à queda do premier Adil Abdul Mahdi.
De acordo com o New York Times, militares e funcionários da Inteligência a operação faz parte de uma campanha do Irã para ameçar seus adversários regionais, como Arábia Saudita e Israel , além de colocar em risco tropas americanas hoje presentes ao redor do Golfo Pérsico. Os EUA ainda acusam o governo de Teerã de usar bases "escondidas" em outros países, como Iraque e Iêmen, para "disfarçar" ações na área, como o ataque contra instalações petrolíferas da Saudi Aramco , na Arábia Saudita.
Os funcionários não revelaram evidências que corroborem as acusações ou de que tipo seriam esses mísseis, mas o arsenal iraniano é um dos mais diversos hoje no Oriente Médio — alguns mísseis possuem capacidade de atingir alvos a mais de 2 mil km de distância, colocando cidades como Jerusalém e Riad dentro de seu raio de ação. Nas últimas semanas, os EUA vêm alertando para a possibilidade de ataques contra interesses americanos, incluindo petroleiros e outras embarcações, o que levou a um aumento da presença militar do país na região.
Além disso, esse arsenal serviria como uma linha de defesa não apenas para a eventualidade de um ataque direto contra o Irã, mas também contra bombardeios realizados contra posições ligadas a Teerã dentro do Iraque.
'Incompetência miserável'
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Ontem,5, o chanceler iraniano atacou uma carta enviada à ONU por Reino Unido, Alemanha e França acusando o Irã de possuir mísseis balísticos capazes de transportar ogivas nucleares. Na mensagem, divulgada na quarta-feira, os três governos dizem que o programa de mísseis do país é "inconsistente" com o texto do acordo sobre o programa nuclear iraniano, assinado em 2015 mas gravemente prejudicado pela saída dos EUA.
Segundo diplomatas europeus, a carta vai "somar" a uma rodada de discussões sobre o estado do acordo, prevista para o dia 20 de dezembro. Segundo o texto, acordado por Irã, Reino Unido, França, Alemanha, Rússia, China e EUA, Teerã aceitaria uma série de limites a suas atividades atômicas em troca da suspensão de sanções econômicas e acesso aos canais usuais de comércio exterior.
Mas com a saída dos EUA em 2018 e a retomada das sanções, os iranianos passaram a deixar de observar algumas das obrigações, alegando que o próprio texto do acordo lhes permite isso.
Ao comentar a carta dos europeus, Javad Zarif disse que ela é uma "falsidade desesperada para acobertar a miserável incompetência deles (europeus) para cumprir de forma mínima suas obrigações no JCPOA", sigla em inglês para o acordo. Zarif ainda pediu que os governos não se rendam ao que chamou de " bullying " dos americanos.
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