Maré alta

Praça San Marco em Veneza é fechada em nova inundação

Na quinta-feira, 14, governo italiano decretou o estado de emergência na cidade por causa das marés altas excepcionais

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Pessoa atravessa uma arcada inundada perto da Basílica de San Marco, em Veneza, na Itália (Reuters)

ITÁLIA - A cidade de Veneza, na Itália, foi inundada por níveis de água excepcionalmente altos na sexta-feira,15, poucos dias depois de sofrer sua pior enchente em mais de 50 anos. A praça de San Marco, um dos principais pontos turísticos da cidade, foi fechada e a cripta debaixo da Basílica de São Marcos foi inundada.

Sirenes soaram em toda Veneza já nas primeiras horas do dia, alertando para a maré alta iminente. Na quinta-feira (14), o governo italiano decretou o estado de emergência na cidade por causa das marés altas excepcionais dos últimos dias, alocando 20 milhões de euros para tratar dos danos imediatos.

Na noite de terça-feira (12), Veneza registrou uma histórica "acqua alta" (maré alta), com um pico de 187 centímetros, o segundo recorde histórico, após o de 4 de novembro de 1966 (194 centímetros), danificando monumentos culturais, empresas e residências.

Após a elevação das águas desta sexta, meteorologistas previram marés de até 110-120 centímetros durante o final de semana. Em condições normais, marés de 80-90 centímetros são vistas como altas, mas administráveis.

Há dias, as inundações provocam danos incalculáveis ao patrimônio artístico e imobiliário de uma das joias arquitetônicas do velho continente. Vários hotéis tiveram reservas canceladas e temem pela temporada de inverno.

Por causa do estado de emergência, residentes com casas danificadas pelas inundações receberão até 5 mil euros (R$ 23 mil) e empresas com até 20 mil euros (R$ 22,5 mil) em compensação.

A cidade, alvo de um controverso turismo de massas, recebe 36 milhões de pessoas por ano, 90% deles estrangeiros.

Futuro de Veneza

Veneza debate há anos sobre os sistemas mais adequados para se proteger das marés altas. Alguns chegaram inclusive a propor que seja transformada em um museu gigante, sem habitantes, para evitar seu desaparecimento. Atualmente, 50 mil habitantes no centro histórico.

Ante a fragilidade de uma das joias da arquitetura bizantina, o governo convocou para 26 de novembro uma reunião do comitê especial sobre Veneza para analisar a fundo seus problemas de infraestrutura.

Estimativas apontam que o fenômeno das marés altas aumentará devido à mudança climática e ao aquecimento do mar Adriático, de acordo com a France Presse.

O ministro italiano do Meio Ambiente, Sergio Costa, reconheceu na véspera que as causas do desastre são a "consequência direta da mudança climática e da tropicalização dos fenômenos meteorológicos com precipitações violentas e fortes rajadas de vento".

Na reunião do fim de novembro, será discutido ainda o plano para evitar a passagem de grandes cruzeiros por seus canais assim como o controverso megaprojeto MOSE, que prevê a construção de uma barreira submersa para proteger a cidade da maré alta.

O complexo e custoso sistema de comportas, que foi idealizado há 30 anos, ainda não entrou em funcionamento. As comportas começaram a ser construídas no exterior da lagoa em 2003 deveria estar concluído em 2016, mas não estará pronto antes de 2021.

O projeto enfrenta problemas que se tornaram característicos de grandes programas de infraestrutura da Itália: corrupção, custos estourados e adiamento prolongados.

Enquanto o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, pede que se "termine o quanto antes", os ecologistas o consideram faraônico, custoso demais, obsoleto e inadequado.

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