Crise política

Impasse político perpetuado marca eleições na Espanha

Embora sejam favoritos nas eleições deste domingo, 10, socialistas novamente não devem alcançar maioria, e extrema direita ganhará mais espaço, segundo pesquisas; o Parlamento deverá manter-se bloqueado, perpetuando a instabilidade no país

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Caixas com cédulas são enviadas para as assembleias de voto da eleição geral da Espanha (Reuters)

MADRI - Os espanhóis vão às urnas pela segunda vez esse ano para tentar tirar o país do impasse político, mas as pesquisas de opinião indicam que as eleições deste domingo,10, equivalerão, de novo, a mais do mesmo. O Parlamento deverá manter-se bloqueado, perpetuando a instabilidade no país. O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), do premiê Pedro Sánchez, conseguirá o maior número de cadeiras, mas não o suficiente para governar.

Ele terá que buscar alianças, da mesma forma que ocorreu após as eleições de abril, quando tentou negociar com o Podemos e fracassou. Presidente interino do governo há praticamente nove meses, Sánchez entra ligeiramente enfraquecido nesse segundo pleito, de acordo com as pesquisas. O Podemos, partido anti-austeridade que compõe o chamado bloco de esquerda, deverá perder dez cadeiras.

E, para a apreensão de todos os partidos, de esquerda ou direita, o único que deverá tirar vantagem dessa eleição repetida é o Vox, de extrema direita. Algumas pesquisas preveem que a legenda poderá dobrar o número de deputados, passando a ser a terceira força política do país.

Com uma plataforma anti-imigração e homofóbica, o Vox teve uma ascensão meteórica, após adentrar o Parlamento espanhol em abril, com 24 deputados. Em novembro passado, o partido se impôs no Parlamento de Sevilha e partiu para a campanha nacional, repartindo o bolo da direita, até então composto pelo Partido Popular e pelo Cidadãos.

Diferente de abril, o líder do partido, Santiago Abascal, ganhou credenciais para participar do único debate entre os candidatos, na última segunda-feira. Foi praticamente ignorado pelos concorrentes, que não quiseram confrontá-lo. Por isso mesmo, saiu-se bem, na avaliação de analistas políticos.

Catalunha

A crise na Catalunha dominou essa curta campanha eleitoral, atropelada pela condenação de 9 dos 12 líderes separatistas julgados por realizar um referendo sobre a independência da região. O veredito deflagrou protestos violentos, radicalizou posições e deu mais munição à extrema direita.

A quarta eleição em quatro anos mostra que a Espanha bipartidária ficou no passado. A fragmentação política, refletida em governos minoritários e de curta duração, deixou o partido vitorioso refém de um estressante processo para tentar e sustentar alianças.

Apurados os votos em abril, a tendência mais natural seria um pacto entre o bloco de esquerda. O tempo revelou o contrário. O Podemos, de Pablo Iglesias, demandava ministérios estratégicos, e o premiê recusou.

Não por acaso, o mote da campanha do PSOE é “Agora sim”. O próprio Sánchez declarou ao jornal “El País”, que o voto de domingo é pelo desbloqueio do governo. Mas dificilmente as eleições de domingo dissiparão o clima de desconfiança entre os partidos.

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