Teatro

Ator maranhense Dionisio Neto estreia peça inédita de Walcyr Carrasco

"Jonas e a Baleia" inicia temporada em São Paulo este mês

Atualizada em 11/10/2022 às 12h22
Dionisio Neto e Pedro Nasser encenam a inédita “Jonas e a Baleia” (Dionisio Neto)

São Luís - O ator maranhense Dionisio Neto dá prosseguimento ao trabalho que realiza com o dramaturgo Walcyr Carrasco no teatro e se prepara par estrear, este mês em São Paulo, a terceira e última parte da “Trilogia do Amor”, composta ainda pelas peças “Seios” e “Desamor”. Trata-se da inédita “Jonas e a Baleia”.

A montagem traz à cena um casal de amantes: o amargurado estudante pré-vestibulando Jonas (Pedro Nasser) um menino maltratado pela vida por causa da sua homossexualidade e o pai de sua ex-namorada Carol, Amadeu (Dionisio Neto), um executivo da área das finanças bem-sucedido que rejeita sua própria orientação bissexual.

Em tom realista, a direção calcada na construção das personagens, a peça faz referências à iconografia LGBTQI+ em um diálogo contemporâneo através de releituras de Tom of Finland, Bruce Weber, Pierres et Gilles, em busca de uma gestualidade que dialoga com as fontes. O mesmo para a trilha sonora, que traz hinos como “I am what I am”, de Gloria Gaynor, “Being Boring”, dos Pet Shop Boys, “Menino Bonito”, de Rita Lee, “Flutua”, de Johnny Hooker e Linilker, entre outros, intensificando a atmosfera do imaginário do espetáculo.

A iluminação é inspirada em quadros de Caravaggio, realçando luz e sombra nos corpos dos atores. A cenografia minimalista utiliza-se apenas de um tapete, uma cadeira e um lençol, nas cores vermelho, preto e branco. Os atores fizeram aulas de luta greco-romana para as coreografias de luta e sexo.

Direção

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A direção de Lucia Segall (mestra do Lee Strasberg Institute de Nova Iorque e do CPT de Antunes Filho, que também dirigiu o sucesso “Desamor” do mesmo autor há oito anos em cartaz) é realista, centrada na direção de atores e construção das personagens.

O espetáculo aborda diversos temas contemporâneos como aceitação da sexualidade, homoafetividade, homoerotismo, bissexualidade, vingança, homofobia, machismo, em uma mistura com a fábula bíblica de Jonas e a baleia.

Em cenas carregadas de delicadeza, erotismo e emoção, o autor coloca em cena um tabu social com extrema originalidade e questiona até que ponto ser quem se é torna-se um karma ou um dharma. Jonas, que foi oprimido durante toda sua vida por simplesmente ser quem ele é, obrigado por seu pai a ser quem ele não é, e vive no ventre da baleia. Durante o espetáculo, ele tenta se libertar.

Maranhense formado pelo CPT de Antunes Filho, Dionisio Neto é ator. Atuou em dezenas de espetáculos em peças de José Celso Martinez Corrêa, Bia Lessa, Márcio Aurélio, Ivan Feijó, entre outros. Na TV atuou nas novelas “A Favorita”, “Morde e Assopra”, “A dona do pedaço” e mo cinema integrou elenco de filmes como “Carandiru”, “Contra todos”, “Mundo Cão”, “Garotas do ABC”, entre outros.

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