Economia britânica

Johnson promete fazer do ''Reino Unido o melhor lugar do mundo''

Em discurso ao Parlamento britânico, premier promete fechar novo acordo de saída da União Europeia e energizar a 5ª maior economia do mundo e critica sua antecessora

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Boris Johnson fala no Parlamento britânico um dia após tomar posse como premier (AFP)

LONDRES - Em seu discurso de estreia como primeiro-ministro diante do Parlamento britânico, Boris Johnson prometeu que o Brexit tornaria o Reino Unido “o melhor lugar do mundo”, ecoando a retórica nacionalista do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Johnson voltou a prometer fechar um novo acordo de saída da União Europeia (UE) e energizar a quinta maior economia do mundo depois do que ele considera um governo “melancólico” de sua antecessora, a ex-premier Theresa May.

"Nossa missão é entregar o Brexit no dia 31 de outubro com o propósito de unir e reenergizar nosso grande Reino Unido e fazer deste país o maior lugar do mundo", disse Johnson, negando que estivesse sendo hiperbólico, já que o Reino Unido poderia ser a economia mais próspera da Europa até 2050. "Filhos e netos britânicos viverão vidas mais longas, felizes, saudáveis e ricas".

Boris Johnson deixou claro onde está o problema ao estabelecer que o caminho para Londres e Bruxelas chegarem a um novo acordo “passa pela abolição do backstop” irlandês.

O mecanismo foi criado para que fossem evitados controles alfandegários entre a província da Irlanda do Norte e a vizinha República da Irlanda, no que seria a única fronteira terrestre entre o Reino Unido e a UE depois do Brexit. Esses controles iriam contra o estabelecido no Acordo da Sexta-Feira Santa de 1988, que terminou com o conflito entre Londres e separatistas norte-irlandeses, que defendiam a unificação da Irlanda.

Após o discurso, o negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, chamou de “inaceitável” a tentativa de Johnson de abolir o backstop.

“Claro que isso é inaceitável e não se enquadra no mandato do Conselho Europeu”, escreveu Barnier, num email enviado aos representantes dos 27 países do bloco e a que a agência France-Presse teve acesso.

Sem maioria

O governo de Johnson não tem maioria no Parlamento, e governa com a ajuda de 10 legisladores do Partido Democrático Unionista (DUP), da Irlanda do Norte, que se opõe veementemente ao mecanismo. Quando perguntado sobre a declaração de Johnson, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, disse que estava ansioso para discutir a questão com o novo premier.

Um dia antes, Varadkar afirmou que a promessa de Johnson de um novo acordo “não faz parte do mundo real”.

Em resposta à afirmação de Johnson de que seria possível negociar um “novo acordo, um acordo melhor” para o Brexit, a porta-voz da Comissão Europeia também reiterou que Bruxelas não vai reabrir as negociações.

"Acompanhamos o discurso do primeiro-ministro britânico. Não vou comentar tudo o que ele disse, mas posso reiterar a posição da UE, que se mantém inalterada. Assinamos um acordo de saída com o governo do Reino Unido e o acordo que alcançamos é o melhor possível", voltou a repetir a jornalistas Mina Andreeva, ontem, 25.

Em uma guinada à direita, o conservador se livrou de uma grande parte do time de sua antecessora e nomeou para os principais ministérios fervorosos defensores do Brexit, como Dominic Raab, de 45 anos, que herdou a diplomacia britânica; Priti Patel, de 47, nova ministra do Interior; ou Jacob Rees-Mogg, de 50, encarregado das relações com o Parlamento.

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