Análise

STF suspende julgamento sobre venda de estatais

Análise sobre venda de empresas estatais sem a autorização do Congresso será retomada na próxima quarta-feira, 5

Atualizada em 11/10/2022 às 12h24
Ministros do Supremo acompanharam manifestação da AGU e PGR (STF)

Brasília

O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a analisar ontem se o Governo Federal pode vender estatais sem a autorização do Congresso Nacional. O julgamento foi suspenso após a manifestação de advogados das entidades autoras da ação, da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) e deve ser retomado na próxima quarta-feira, 5, para o voto dos ministros.
A ação foi ajuizada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf).
A decisão final do STF neste caso também valerá para governos estaduais e prefeituras. Os ministros da Suprema Corte definirão se é necessário a concordância de assembleias legislativas e câmaras municipais no caso de venda de empresas públicas.
Em junho do ano passado, ao analisar preliminarmente a ação proposta pela Fenae e pela Contraf, o ministro Ricardo Lewandowski – relator do caso – entendeu que o aval do Legislativo é obrigatório quando a venda de estatais implica na perda do controle acionário por parte do poder público. Agora, o plenário vai decidir se referenda ou derruba a decisão liminar (provisória) de Lewandowski.
Ao dar a liminar, o ministro do Supremo estabeleceu que, para a ven­da, é necessária a realização de licitação e que o processo só pode ser dispensado se não houver perda do controle acionário das empresas públicas (o que inclui sociedades de economia mista e subsidiárias).
Neste julgamento, o plenário da Suprema Corte também vai decidir se mantém ou derruba uma outra liminar concedida na semana passada pelo ministro Luiz Edson Fachin que suspendeu a venda de 90% da participação acionária na Transportadora Associada de Gás, a TAG, uma subsidiária da Petrobras que atua no segmento de transporte e armazenamento de gás natural.
Fachin considerou que a venda da TAG desrespeitou a decisão de Lewandowski por não ter ocorrido licitação.

Competitividade
Ao se manifestar na tribuna do STF, o advogado-geral da União, André Mendonça, afirmou que, se o Supre­mo liberar a venda de ações e subsidiárias sem lei própria e sem licitação, a Petrobras e outras estatais po­dem se modernizar.
"Nos deparamos com o caso TAG. Teríamos um aporte de quase R$ 34 bilhões, que deixaram de ser depositados. Petrobras poderia manter os empregos que tem, se modernizar, se tornar mais competitiva", disse.
Segundo o AGU, a Constituição assegura, como princípio fundamental do estado democrático de direito, a iniciativa privada. Por isso, para ele, o Supremo deve liberar as operações nas estatais. Na avaliação do AGU, permitir a venda de ações pode reduzir as dívidas das estatais, em especial da Petrobras.
"Não justifica empresa como Petrobras ter quase 130, 140 subsidiárias e controladas. Não estamos trabalhando na venda das holdings, da Petrobras, estamos tratando da possibilidade de a Petrobras desinvestir para reinvestir nela mesma. (....) Com endividamento, as estatais estão se sucateando, sem capacidade de investimento. Elas incharam, por ideais, não deu certo, e estão endividadas”, disse.

Mais

Importante

Apesar de o Supremo Tribunal Federal (STF) ter divulgado a pauta de todo o semestre no fim do ano passado, as duas ações foram incluídas para julgamento apenas nesta semana para solucionar impasses de interesse do governo federal em relação a vendas de ativos e privatizações.
Dados do governo indicam que o país pode gerar
de caixa mais de R$ 80 bilhões com privatizações.
Nos últimos dias, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o advogado-geral da
União, André Mendonça, conversaram com ministros do Supremo para alertar sobre a importância do tema
para o governo.

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