Especial

Trazendo o nerd para o dia a dia com sede de saber e de justiça

Advogado criminalista e professor se inspira no mundo dos quadrinhos e leva seu pseudônimo a sério, para levar justiça aos que necessitam e ensinar seus alunos o ofício que domina; Tony Stark do Direito Penal se destaca no meio nerd

Emmanuel Menezes / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25

[e-s001]SÃO LUÍS - Quando se conhece um advogado e professor, é difícil imaginar que seu apelido seja “Tony Stark do Direito Penal”. O advogado criminalista Thales de Andrade é carinhosamente chamado assim por seus alunos. Mas não apenas dentro da sala de aula a postura de defensor se mantém. Essa estética pode ser vista no seu dia a dia, na sua forma de trabalho e até em seu escritório.

“Sou apaixonado desde crian­ça por quadrinhos. Como eu sou filho único, o meu maior contato então eram quadrinhos e videogames. Eu lembro que, ainda pequeno, eu ia para a fila da Mesbla, no Centro, onde vendiam quadrinhos e bonecos. E assim essa paixão começou”, diz o advogado.

Réplicas de personagens de Star Wars, Cavaleiros do Zodíaco, Esquadrão Suicida e, lógico, Ho­mem de Ferro, ficam em destaque nas estantes do escritório do profissional. “Essas artes me acompanham. Em casa eu possuo muito mais, que tenho ciúmes de trazer”, comenta Thales de Andrade.

Essa paixão pela indústria geek foi importante para a decisão do curso. Por ser ligado a tecnologia, cursou Ciência da Computação e Engenharia Mecânica, mas de algum modo acabou não se adequando. “Entrei no Direito, muito influenciado pelos meus pais. Como o curso exige muita leitura, ser acostumado a ler quadrinhos me ajudou para a adaptação”. Formado há 10 anos, foi fazer especialização em Minas Gerais e, como morava só, afirma que nesse período foi quando ele mais imergiu na cultura nerd. “Lá já eram realizados eventos grandes, o mercado de lá já era muito vasto, e isso foi fascinante”, conta.

Tony Stark do Direito Penal

O apelido surgiu após uma mensagem de um aluno do curso de Direito, que questionou o advogado a respeito das notas de uma prova que a turma havia feito. “Ele me mandou essa mensagem tarde da noite, e acho que para querer descontrair me chamou de Tony Stark, que é o Homem de Ferro. Aí, o apelido pegou”, diz, em meio a risadas.

Essa foi a principal motivação para Thales de Andrade começar a usar a estética de super-herói em seu Instagram, e a hashtag #TonyStarkdoDireitoPenal é uma marca de todas as suas publicações.

“No meu aniversário, os alunos fizeram uma festa surpresa e uma caricatura minha vestido na roupa de Homem de Ferro. Hoje, eu uso essa arte nas minhas re­des”, completa.

Fazer justiça

Como advogado criminalista, Tha­les de Andrade conta que faz desse exercício uma verdadeira saga de herói. “Existe um princípio do Direito Penal que diz que ele vem quando os outros ramos do direito não são capazes de resolver determinada situação. E, paralelamente a isso, na história de heróis, podemos fazer um elo, até porque toda aquela narrativa é similar ao que fazemos na vida real”, explica.

Sobre esse argumento, o advogado não nega que faz do ofício uma verdadeira saga. Segun­do Thales, na área criminal há esse embate, acusação e defesa, e a defesa geralmente está ali para dar voz a quem não pode falar e que espera por justiça. “Eu sempre tentei encarar as minhas causas dessa forma, como se fosse o bem enfrentando o mal. Pode parecer um devaneio infantil, mas isso é algo que já está no meu dia a dia”, diz o advogado.

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A recepção não é positiva por parte de todos. Há, ainda, muito preconceito pelo fato de o profissional tentar trazer o entretenimento para dentro do Direito, que segue um modelo ainda muito engessado quando se pen­sa na teoria.“A gente não pode ignorar que no Direito vivemos um mundo muito formal, então acaba que esse meu jeito é um pouco criticado, inclusive por pessoas da nossa geração, que poderiam ser as mais flexíveis em relação a descontração dentro da nossa área. Ainda assim, têm muita gente que acha legal eu tentar desmistificar essa formalidade”, expõe.

[e-s001]Gênero musical coreano toma espaço em terras tupiniquins

Como imaginar que um ritmo popular coreano poderia se transformar em profissão no Maranhão? A estudante Michelle Vieira, de 22 anos, também não pensava que isso poderia ser capaz de acontecer, mas aconteceu. Hoje, professora do ritmo k-pop, no Núcleo de Artes da Ilha (NAI), “Misha” contou para O Estado um pouco mais sobre a sua experiência com a música asiática e como isso se tornou uma tarefa séria.

“Desde criança eu gostava de dançar. Minha mãe via que eu tinha um potencial, pois ela também gostava de dança. Quando eu tinha 7 anos, ela me matriculou no ballet da escola e no início de 2012, quando fui para o ensino médio, conheci o k-pop. Então, eu nunca me afastei da dança por causa dele”, diz a professora.

Ainda pouco popular na cidade, a música popular coreana é um gênero musical originado na Coreia do Sul, que se caracteriza por uma grande variedade de elementos audiovisuais. E foi com base na videografia que Misha descobriu esse gênero.

“Eu descobri o k-pop de uma maneira muito aleatória. Eu estava viajando com a família e passeando em um shopping. Em uma loja tinha TVs à venda e estava passando um clipe do grupo Girls’ Generation. Eu fiquei me perguntando o que era aquilo. Nove meninas dançando num cenário bonito e com roupas lindas e aquilo não era conhecido. Anotei o nome, fui pesquisar no YouTube sobre, e fiquei chocada com o tanto de informação que já existia”, conta.

A jovem começou a investir no gênero, mas seguiu sem imaginar que aquela dança poderia se tornar algo profissional. Ao sair do ensino médio, cursou veterinária por um ano e percebeu que desejava estudar e tornar profissional em algo relacionado à dança.

“Estudei, novamente, para prestar vestibular e, como aqui em São Luís não temos nenhuma graduação voltada a dança, encontrei na Educação Física uma maior proximidade com aquilo que busco. Quando comecei a cursar Educação Física, também conheci a escola que dou aula hoje. Comecei como aluna e depois de um tempo os donos perceberam que o k-pop estava em alta e pediram pra eu comandar uma turma”, comenta.

Aulas de k-pop

Geralmente, as aulas de danças seguem um modelo clássico da sua própria categoria. No jazz tem o aquecimento, depois uma série na barra de ballet, mas com movimentos do jazz, e depois uma série de abdominais para fortalecer o corpo, além de alongamento. No fim, uma coreografia.

“O k-pop foi algo que tive que explorar do zero. Esse tipo musical asiático é caracterizado por conceitos, cada música traz um em suas coreografias. Existem aquelas mais sensuais, ou as do conceito girl crush, que traz algo mais poderoso entre as mulheres; o conceito ballad, que tem coreografias mais fofinhas e calmas; e também hip-hop, que predomina nas boy bands de k-pop, com uma coreografia mais pesada. Durante o ano, eu tento passar para os alunos pelo menos uma coreografia de cada conceito”, expõe.

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O objetivo é fazê-los passar pelos vários conceitos que existem dentro do k-pop. Nesse ritmo, é comum dos fãs acabar gostando de um determinado grupo e ficar sempre treinando músicas em apenas um conceito, não saindo da zona de conforto. “Então, é importante fazer com que quem quer dançar k-pop sinta a energia de todas suas ramificações”, completa Misha.

[e-s001]K-pop em São Luís
Misha esteve presente no primeiro evento no qual foi aberto espaço para grupos de k-pop na Ilha. Já é de se imaginar que ela esteve, também, no primeiro grupo de k-pop da Ilha. Isso tornou a profissional um dos nomes mais populares do ritmo, passando por mais de 30 eventos e tendo recebido mais de 19 prêmios, em grupo, dupla e solo.

“Os eventos em São Luís começaram em 2012. Toda essa criação foi despretensiosa. A partir disso, o k-pop foi tomando muita popularidade e foi necessário começar a pensar em eventos só para a dança, pois o espaço cedido dentro de outras feiras, como nas de anime, não suportavam mais o público do k-pop. Desde 2017 já fazem eventos só de k-pop”, explica.

As premiações também foram crescendo no decorrer do tempo. Os prêmios eram, muitas vezes, simbólicos, ou valiam quantias mais baixas, como R$ 100. “Tudo mudou. Os eventos começaram a chamar a atenção do público externo, principalmente por sempre serem feitas em praças de shoppings”, finaliza a jovem.

SAIBA MAIS

On Pix

Visando proporcionar uma maior interação entre os fãs da cultura nerd, o Grupo Mirante, em parceria com o site Volts, anunciou o On Pix, evento que promete mexer com esse público maranhense. São Luís Shopping, SKY, Fanta e Wizard são os grandes patrocinadores do evento.

O festival, que será realizado no dia 25, no Centro de Convenções do Sebrae, em São Luís, abrirá espaço para artistas, cosplayers, dubladores, youtubers e admiradores desse extenso universo. A programação promete ser variada, com o intuito de agradar o exigente montante de geeks presente na Ilha.

“Sempre tivemos a vontade de fazer um evento desse segmento, pois temos noção do tamanho desse público aqui em São Luís. Ficamos felizes que, mesmo antes de ter sido realizado, a recepção está 100% positiva”, diz Adriana Caminha, gerente de Marketing do Grupo Mirante. O On Pix é um projeto completo e o primeiro a integrar todas as mídias do Grupo Mirante.

O Centro de Convenções do Sebrae promete se tornar um paraíso para o público nerd. Além de um palco principal, chamado de Palco On Pix, com diversas atrações nacionais confirmadas, outros espaços terão atrações paralelas, como o Artist’s Alley, Board Game e Arena Gamer.

Atrações

A primeira atração nacional confirmada no On Pix foi o conhecidíssimo Daniel HDR. Ele tem mais de 30 anos de carreira e é um dos nomes mais atuantes do mercado de quadrinhos e ilustrações nacionais.

O evento promete trazer um variado leque de influenciadores do mundo nerd e geek. Dentre eles: a gamer Samira Close, a Mulher-Maravilha brasileira Juliana Lopez, o dublador Charles Emmanuel, o escultor Alex Oliver, dentre outros. A programação completa pode ser vista no site http://onpixoficial.com.br/

SAIBA MAIS

K-pop
A música popular coreana originou-se na Coreia do Sul, e se caracteriza por uma grande variedade de elementos audiovisuais. O termo é usado mais frequentemente para descrever uma forma moderna da música popsul-coreana, que abrange estilos e gêneros incorporados do ocidente como pop, rock, jazz, hip hop, R&B, reggae, folk, country, além de suas raízes tradicionais.

O gênero surgiu com Seo Taiji and Boys, um dos primeiros grupos de k-pop formado em 1992. Sua experimentação realizada com diferentes estilos de música remodelou a cena musical da Coreia do Sul. Como resultado, a integração de elementos musicais estrangeiros, tornou-se uma prática comum aos artistas de k-pop da atualidade.

O k-pop conquistou popularidade primeiramente no Leste da Ásia no final da década de 1990 e entrou no mercado de música japonês na virada do século XXI. No final dos anos 2000, cresceu de um gênero musical comum entre adolescentes e jovens adultos pertencentes ao Oriente e Sudeste da Ásia, para uma subcultura. Atualmente, com o advento dos serviços de redes sociais online, a disseminação global do k-pop e do entretenimento coreano, conhecidos como a Onda Coreana, podem ser vistos na América Latina, Índia, Norte da África, Oriente Médio e em outras partes do ocidente.

Indústria k-pop
O k-pop gerou uma indústria completa que abrange a residência de produção musical, empresas de gestão de eventos, distribuidores de música e outros fornecedores de mercadorias e serviços. As três maiores empresas em termos de vendas e receita são a S.M. Entertainment, YG Entertainment e JYP Entertainment, muitas vezes referidos como Big Three.

Recentemente a Big Hit Entertainment também vem se destacando no mercado do Kpop, e hoje em dia é considerado a maior agência de k-pop independente fora da Big Three. Estas gravadoras também funcionam como agências de representação de seus artistas. Eles são responsáveis pelo recrutamento, financiamento, treinamento e promoção de novos artistas, bem como a gestão de suas atividades musicais e relações públicas.

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