MÊS De MARIA

Tradição e celebrações iniciam o mês mariano

Vestimenta nas cores branca e azul compõem a fé e devoção à Virgem Maria; dedicado à mãe de Jesus Cristo, Igreja Católica cultiva tradição de anos

Igor Linhares / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h25
Nossa Senhora de Fátima tem celebração realizada no dia 13 (NS Fátima)

Vestir branco ou azul durante todo o mês de maio, iniciado hoje, é uma tradição de anos para milhares de pessoas. A aposentada Maria do Socorro Sousa, de 59 anos, adotou a cor branca para os 31 dias do mês mariano, em pagamento a uma promessa realizada ainda quando mais jovem. O hábito, e o guarda-roupa monocromático neste período, fazem parte de sua caminhada há cerca de três décadas. Quem também aderiu ao costume, pelo segundo ano consecutivo, foi a professora Alcioneida Carvalho, de 60 anos.

“Passei a vestir branco há quase 30 anos, ainda quando mais nova. Sempre tive uma crença muito grande à Virgem Maria e, assim, escolhi o mesmo período dedicado a ela para pagar uma promessa que tenho. Então, vestir essa cor durante todo este mês é uma honra e, ao mesmo tempo, uma forma de eu alimentar a minha própria fé, já que é o que me move a seguir há anos nessa caminhada, nessa tradição”, contou a aposentada Maria do Socorro. “Continuarei com esse costume pelo tempo em que eu viver”.

Tradicionalmente, maio é conhecido como o mês dedicado às mães. Assim, a Igreja Católica adotou o mesmo período para saudar e celebrar a mãe de Jesus Cristo, a Virgem Maria. Neste período, comumente, milhares de fiéis à santa vestem-se de branco e/ou azul durante todo o mês, corriqueiramente em pagamento a uma promessa, a um momento difícil da vida que foi superado graças aos pedidos à mãe de Jesus, como é para a professora Alcioneida Carvalho.

“Desde o ano passado eu comecei a vestir branco e azul em graça ao que foi alcançado e superado após um acidente que sofri, no trânsito. Então, com as bênçãos recebidas neste período de prova da minha vida, prometi a mim mesma que vestiria essas cores pelo resto dos meus dias”, contou a professora. “Ter passado e superado tudo o que ocorreu em minha vida há dois anos não teria sido fácil se não fosse pela fé em Nossa Senhora”.

“O azul e o branco, tradicionalmente, representam as vestes de Maria, como trazem algumas imagens. Maria lembra sempre a tutora, a condutora do povo a Jesus. Assim, o bom devoto de Maria sempre se aproxima mais de Jesus e de seu evangelho. Maria é exemplo de discípula e nos ensina a ser discípulos”, pontuou o padre e diretor espiritual da Pastoral da Comunicação da Arquidiocese de São Luís, Gutemberg Feitosa.

Celebrações
Neste período Mariano, a Igreja Católica promove diversas celebrações que incrementam o mês dedicado à Nossa Senhora, e vão além da vestimenta adotada pelos cristãos. Ainda segundo o padre Gutemberg Feitosa, o mês da Virgem Maria é essencial para as comunidades católicas em suas trajetórias. “O mês de maio é dedicado não só à mulher e às noivas, mas, também, às mães, sobretudo à mãe de Jesus Cristo”.

Hoje (1º), a Arquidiocese de São Luís também dá início a sua programação alusiva ao mês Mariano e realiza, na Igreja da Sé, no Centro, o terço mariano, às 9h30 e, às 10h, missa de abertura do mês de maio. A celebração será presidida pelo padre Roney Carvalho, pároco da Catedral Metropolitana de São Luís.

Festejo de N. S. de Fátima
Também a partir de hoje, até o próximo dia 13, acontece o Festejo de Nossa Senhora de Fátima, na Paróquia de mesmo nome, no Bairro de Fátima. A santa teve sua primeira aparição em 13 de maio de 1917, para as crianças Lúcia de Jesus (10 anos), Francisco Marto (9) e Jacinta Marto (7), após a missa na igreja de Aljustrel, lugarejo de Fátima, em Portugal, quando os pequenos foram pastorear o rebanho de ovelhas nas terras do pai de Lúcia, na Cova da Iria.

Este ano, o festejo tem como tema “Mãe do amor, somos teus filhos na busca do direito e na justiça do Senhor”, baseado na Campanha da Fraternidade 2019 – “Políticas Públicas”, temática sobre a qual a Igreja Católica brasileira expõe sua preocupação quanto ao desmonte dos direitos sociais e a falta de atuação do poder público em atender a população, sobretudo as camadas menos favorecidas.

O Festejo de Nossa Senhora de Fátima de 2019 fará justa homenagem ao padre francês Jean Marie Maurice Lecornu, conhecido como padre João de Fátima. Ele teve sua biografia registrada em livro de autoras maranhenses que descreveram o trabalho social do sacerdote no Maranhão como fundador Centro Educacional e Profissionalizante do Maranhão (Cepromar), organização não-governamental fundada no Bairro de Fátima e depois transferida para o Sítio Pyranhenga. Além, é claro, de sua trajetória pastoral.

A programação do festejo teve início com as peregrinações da imagem de Fátima em paróquias e comunidades de São Luís, além de instituições como os hospitais Getúlio Vargas e Aldenora Belo. Antes da programação do festejo em si, a tradicional carreata pelas ruas do bairro acontece no próximo dia 28, após a missa das 15h. Durante os 13 dias de festejo, haverá celebração da Santa Missa todos os dias e, à noite, após as celebrações, apresentações culturais no largo da igreja.
No dia 13 de maio, data instituída como Dia de Nossa Senhora de Fátima, acontece a procissão às 17h, seguida de missa campal de encerramento na Praça do Alto de Fátima.

SAIBA MAIS

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Mês Mariano

Durante vários séculos a Igreja Católica dedicou todo o mês de maio para honrar a Virgem Maria, Mãe de Deus. A tradição surgiu na antiga Grécia. O mês de maio era dedicado a Artemisa, deusa da fecundidade. Algo semelhante ocorreu na antiga Roma, pois maio era dedicado a Flora, deusa da vegetação. Naquela época, celebravam os ‘ludi florals’ (jogos florais) no fim do mês de abril e pediam sua intercessão.

Na época medieval abundaram costumes similares, tudo centrado na chegada do bom clima e o afastamento do inverno. O dia 1º de maio era considerado como o apogeu da primavera. Durante este período, antes do século XII, entrou em vigor a tradição de Tricesimum ou “A devoção de trinta dias à Maria”. Estas celebrações aconteciam do dia 15 de agosto a 14 de setembro e ainda são comemoradas em alguns lugares.

A ideia de um mês dedicado especificamente a Maria remonta aos tempos barrocos – século XVII. Apesar de nem sempre ter sido celebrado em maio, o mês de Maria incluía trinta exercícios espirituais diários em homenagem à Mãe de Deus. Foi nesta época que o mês de maio e de Maria combinaram, fazendo com que esta celebração conte com devoções especiais organizadas cada dia durante todo o mês. Este costume durou, sobretudo, durante o século XIX e é praticado até hoje.

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