Fotografia e show

Cultura indígena em destaque

Exposição fotográfica "Crianças Tentehar" e show com a cantora amazonense Djuena Tikuna integram o evento “(R)Existência”, que ocorrerá neste domingo, às 16h, na Casa d’Arte, em Raposa

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
Uma das fotografias que estarão em cartaz na mostra (R)Existência ((R)Existência)

SÃO LUÍS - O domingo será dedicado à exaltação e valorização da cultura indígena por meio da arte. Este é o propósito do evento “(R)Existência” que une a exposição fotográfica "Crianças Tentehar", com imagens de Taciano Brito e show da cantora amazonense Djuena Tikuna. A ação cultural ocorre a partir das 16h, na Casa d’Arte Centro de Cultura, localizado em Raposa. A entrada é gratuita, com cachê colaborativo (contribue-se com o que quiser ou puder).

A exposição “Crianças Tentehar”, que fica em cartaz até abril, traz recortes da passagem do fotógrafo pela ancestral Festa do Mel, em agosto de 2017. As fotos retratam as aldeias Guajajaras Lagoa Quieta e Funil, localizadas na região de Araribóia, município de Amarante, no Maranhão. Atualmente, Araribóia é a segunda maior terra indígena do estado, com aproximadamente 14 mil indígenas, distribuídos por 80 aldeias. Em algumas delas, a festa não acontecia há 61 anos, por isso é desconhecida pela maioria dos índios da etnia, sobretudo os mais jovens.

A iniciativa de resgatar a beleza, o sobrenatural e toda ritualística da Festa do Mel é de Tumui Vicente Hamu Guajajara, que nem sabe ao certo a idade que tem. Ele estima que esteja chegando aos 103 anos, mas tem a consciência de que se faz necessário preservar a cultura e, acima de tudo, trazer de volta antigas, e quase esquecidas, tradições de seu povo.

A festa dura praticamente um mês. Nesse período, os índios da aldeia anfitriã e das aldeias que participam da festa saem à caça do mel, que é "religiosamente" armazenado no local onde é feita a cerimônia.

Show
Além da mostra fotográfica, o vento terá ainda uma roda de conversa com o povo Tremembé. A seguir, a cantora Djuena Tikuna sobe ao palco para a presentar seu primeiro álbum, “Tchautchiüãne”, (minha aldeia). Cantora do povo Tikuna, Djuena é uma artista da Amazônia, da região do Alto Solimões.

O álbum “Tchautchiüãne” foi indicado ao Indigenous Music Awards, a maior premiação mundial da Música Indígena, que acontece em Winnipeg, no Canadá. O canto de Djuena Tikuna remete ao universo cultural do seu povo, originário do Alto Solimões, na fronteira do Brasil com o Peru e a Colômbia, no coração da floresta amazônica. Essa interação com a reprodução dos sons e a força que a grande floresta emana, é a trilha sonora para o conjunto de imagens de diversos povos indígenas da Amazônia, projetados no palco durante apresentação da cantora que sempre canta na sua língua materna, como forma de valorização e resistência cultural, representando os mais de 40 mil Tikuna, a maior população indígena do país.

Canções tradicionais como “Eware” (Território Sagrado) e composições autorais, como “Yiemagü rü Nainecüti’igü” (Nós somos a floresta) e a versão em Tikuna de uma canção tradicional do povo Ka’apor chamada “Maraka’nandê”, uma saudação a todos os povos, integram o repertório do show. Djuena canta a cultura do seu povo, mantendo viva a sua história. Ela vem desenvolvendo sua arte desde muito nova, ao acompanhar as manifestações culturais dos parentes nos rituais do movimento indígena. Quando já morava em Manaus, descobriu o teatro através da peça "Antes quando o mundo não existia", um conto indígena adaptado pela Companhia de Teatro Vitoria Régia, do diretor Nonato Tavares. Porém, a música sempre falou mais alto.

Desde criança acompanhava sua mãe que é cantora indígena do tradicional Grupo Wotchimaücü, Djuena se inspirou e resolveu mostrar sua voz, ao lado dos irmãos montou o grupo Magüta, para se apresentar na feira Puka’a, uma antiga feira tradicional indígena, no Centro Histórico de Manaus. Djuena Tikuna participou da coletânea “Cantos Indígenas” (2008), um trabalho que reuniu vários grupos de músicos indígenas de Manaus. Pesquisadora da musicalidade de seu povo, Djuena tem participado de diversos festivais, divulgando sua cultura tradicional e, ao mesmo tempo, fazendo uma mistura da sua arte Tikuna com influências da sonoridade amazônica e até da World Music. l

Serviço

O quê

(R)Existência

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Quando

Domingo, a partir das 16h

Onde

Casa d’Arte Centro de Cultura - Rua do Farol do Araçagi, nº 09 – Raposa (rua em frente à clínica Ruy Palhano)

Ingresso

Entrada é gratuita com cachê colaborativo para o show

Programação

16h – Abertura da Exposição fotográfica “Crianças Tentehar”, de Taciano Brito

17h – Roda de conversa com o Povo Tremembé

18h – Show musical com a cantora Djuena Tikuna

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