CIDADE DO MÉXICO - A linha de frente da caravana de migrantes centro-americanos que viaja há três semanas em direção aos Estados Unidos chegou no domingo à Cidade do México. Na capital, mais de 1 mil pessoas receberam abrigo temporário num ginásio esportivo, onde a prefeitura organizou a provisão de cuidados médicos e de alimentação. Com cerca de 1.600 quilômetros percorridos, eles ainda estão a 800 quilômetros das passagens mais próximas na fronteira com o território americano.
"Estamos determinados a chegar aos Estados Unidos e realizar o sonho americano", diz Mauricio Mancilla, que partiu de San Pedro Sula, a origem da caravana em Honduras, com o filho de 6 anos. "Temos fé em Deus de que o faremos, sejam quais forem as circunstâncias".
O abrigo no estádio tem capacidade para 5 mil pessoas, que é o número de migrantes esperado até a quarta-feira, segundo a Comissão de Direitos Humanos da Cidade do México. Os relatos da imprensa local dão conta que milhares de pessoas ainda se deslocam em grupos separados pelos estados de Veracruz, Puebla e Chiapas. Há expectativa que os grupos da linha de frente que estão fragmentados se unam ao longo dos próximos dias, antes de chegar à fronteira americana.
"Quando uma outra caravana chegar, vão dizer o que será feito", disse Teresa Estrada, uma guatemalteca de 23 anos que viaja com sua irmã mais nova, na sua primeira noite na capital. — Não é facil vir até aqui sem dinheiro nem nada. Temos que seguir em frente.
No famoso santuário da Virgem de Guadalupe, localizado na Cidade do México, um grupo de voluntários mexicanos usava megafones para oferecer transporte para os migrantes até o abrigo. Enquanto esperava a carona, o guatemalteco Cesar Gomez, de 20 anos, relatou que decidira se unir à caravana para evitar os riscos de viajar sozinho pelo território mexicano. Quando não vão em grupos, os migrantes costumam pagar milhares de dólares a coiotes que os levam até a fronteira com os EUA." Foi uma boa oportunidade. A primeira coisa é tentar os Estados Unidos. Se não der certo, talvez eu fique aqui".
As condições do tempo não tem trabalhado em favor dos migrantes. Segundo o "El País", depois de enfrentar temperaturas acima dos 30 graus no início da viagem, agora uma brusca queda de temperatura fez com que os termômetros não passassem dos 18 graus.
"Temos muitas necessidades, porque o caminho foi muito difícil. Mas Deus sabe que, se estivéssemos bem em Honduras, não teríamos vindo", diz Karla Martínez, de 30 anos, coberta por uma manta para se proteger do frio, à reportagem do "El País". "Está gelado, faz muito frio".
Pedidos de asilo
No sábado o governo mexicano disse que está processando quase 2.800 pedidos de asilo e que cerca de mil centro-americanos indocumentados haviam sido deportados. Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump, ordenou o envio de milhares de soldados à fronteira com o México, onde foram instaladas cercas de arame farpado no último fim de semana. O republicano vem chamando a caravana de "emergência nacional", fazendo do tom duro contra os migrantes uma ferramenta de campanha para as eleições legislativas de meio de mandato, que serão realizadas hoje,6, nos EUA.
Pressionado pelo governo americano, o presidente do México, Enrique Peña Nieto, busca frear o avanço da caravana em direção à fronteira com os EUA. Ele ofereceu documentos de identidade e empregos temporários para os migrantes que pedirem de asilo nos estados de Chiapas e Oaxaca, no sul mexicano, perto da fronteira com a Guatemala.
Há expectativa sobre o que fará o presidente eleito Andrés Manuel López Obrador, que toma posse em dezembro. Ele promete combater o fenômeno da migração de mexicanos e centro-americanos com olhar especial às suas causas e programas que melhorem a qualidade de vida e combatam a violência ligada ao narcotráfico.
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