Por qualquer aspecto que se analise, o governador Flávio Dino (PCdoB) perdeu o debate da TV Mirante. Perdeu por não ter tido respostas para as questões administrativas de seu governo, como obras construídas no governo Roseana Sarney (MDB) e usurpadas por ele; perdeu por trair seus aliados do PT, abrigando em seu governo - por troca de votos - parlamentares que votaram no impeachment de Dilma Rousseff (PT); e perdeu, sobretudo, pela postura “egocêntrica” - usando palavra de seu adversário Roberto Rocha - que o levou à tentativa de vender uma imagem de super gestor e a negar fatos comprovados, como a grosseria praticada com a ex-prefeita Maura Jorge em palanque, em Lago da Pedra.
Mas Dino perdeu o debate para si mesmo. Perdeu por se achar maior do que realmente é. Perdeu por desdenhar das regras, menosprezar os adversários e ignorar a capacidade de percepção do eleitor.
Da terça-feira, 2, até a conclusão desta nota - e mesmo antes de o debate terminar -, muitos memes já haviam inundado perfis de Internet e aplicativos de troca de mensagens, com aspectos do programa, notadamente charges eletrônicas e montagens cômicas da participação dos candidatos.
E como se sabe, quanto maior o número de memes, provocações e deboches a um candidato no universo de liberdade de expressão da internet, maior foi o seu fracasso nas discussões sérias. E Flávio Dino, neste aspecto, foi o campeão entre os participantes do programa da TV Mirante. Todo o seu fracasso ficou estampado em seu semblante, ao deixar a emissora acompanhado de familiares e aliados. O trato grosseiro com quem via pela frente disse tudo do seu desempenho.
Posição comunista
A coligação “Maranhão quer mais” pediu à Justiça Eleitoral o afastamento do secretário de Segurança, Jefferson Portela, e do comandante da Polícia Militar, coronel Luongo.
Para a coligação, os dois responsáveis pelo sistema de segurança pública no Maranhão não têm condições morais de comandar o sistema, por estarem posicionados politicamente.
Foi na gestão de Portela e Luongo que a Polícia Militar foi suspeita de ser usada como aparelho de espionagem e como instrumento para abrigar capelãs em troca de apoio político.
Uso da tropa
Desde 2016, Jefferson Portela já havia sido denunciado por usar o sistema de segurança contra adversários, com o propósito de beneficiar aliados.
No processo de Coroatá, que resultou na decretação da inelegibilidade de Flávio Dino (decisão que está suspensa após recurso), Portela chegou a ser citado, mas escapou da decisão judicial.
Agora, em 2018, pelos mesmos atos de 2016, ele aparece novamente na linha de frente da suspeita de uso da polícia em benefício político.
Ações I
O governador Flávio Dino terá de responder a pelo menos três Ações de Investigação Judicial Eleitoral, qualquer que seja o resultado das eleições de domingo.
Uma delas já foi julgada em primeiro grau, pela juíza Anelise Nogueira Reginato, que o condenou a oito anos de inelegibilidade, por abuso de poder nas eleições de 2016. Após recurso, o processo segue em trâmite judicial.
Outras duas - uma referente ao uso político e aparelhamento da Polícia Militar - e outra com 18 ilícitos relacionados entre 2014 e 2018 - começarão a tramitar a partir de agora.
Ações II
Para o especialista em Direito Eleitoral Marcos Lobo, que patrocina duas das ações, Flávio Dino tem motivos para preocupação.
Para ele, as três Aijes serão analisadas mais cedo ou mais tarde no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a tendência é a condenação do comunista.
Como cada uma deve ser julgada até 2020, e geram inelegibilidade de cinco a oito anos, é possível que Dino fique impedido de disputar eleições até 2030.
Emudeceu
O governador Flávio Dino adotou uma espécie de silêncio em relação à disputa pela Presidência da República.
Desafeto público do candidato Jair Bolsonaro (PSL), ele resolveu, mesmo assim, silenciar em relação à disputa com Fernando Haddad (PT).
Teme o governador uma eleição de Bolsonaro no primeiro turno, o que o tornaria alvo direto numa disputa de segundo turno.
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Bom desempenho
A ex-governadora Roseana Sarney ficou feliz com a repercussão nas redes sociais do seu desempenho no debate da TV Mirante.
Ela conseguiu jogar Dino nas cordas logo na primeira pergunta, quando cobrou dele que citasse ao menos três obras “planejadas, iniciadas e entregues” no governo comunista.
A partir daí, ao lado de Roberto Rocha e Maura Jorge, desmontou argumentos do governador, que acusou o golpe.
DE OLHO
R$ 46,6 milhões É o valor da licitação para a compra de comida para o Palácio dos Leões no governo Flávio Dino, que chegou a criticar a gestão anterior por causa disto.
E MAIS
• O ex-vereador Fábio Câmara pretende fazer um vídeo - “de toalha e sunga de praia” - à espera de Flávio Dino para tomar um banho na Lagoa da Jansen, que o comunista diz ter despoluído.
• Entusiasmado pelo desempenho no debate da TV Mirante, o senador Roberto Rocha lamentou que, vinculadas ao governo, as demais emissoras tenham cancelado os seus programas do gênero.
• O Ibope divulga nesta quinta-feira, 4, a sua última pesquisa antes da boca de urna sobre a sucessão no Maranhão.
Saiba Mais
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