Risco à saúde

Caramujos africanos assustam ao proliferar no Cohafuma

Situação tem modificado a rotina de moradores do bairro desde agosto; ao contatarem a Sema, eles foram informados de que o órgão não dispõe de equipes para atuar na resolução do problema

MONALISA BENAVENUTO, O ESTADO DO MA

Atualizada em 11/10/2022 às 12h28

SÃO LUÍS - Mais uma vez, os caramujos africanos apavoram a população de São Luís, desta vez no bairro Cohafuma. De acordo com moradores da Rua da Filosofia, a proliferação dos moluscos se deu durante o período chuvoso, mas se tornou mais intensa entre os meses de julho e agosto. Ao contatarem a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), foram informados de que o órgão não dispõe de equipes externas para atuar na resolução do problema.

A rotina dos moradores da Rua da Filosofia não tem sido a mesma desde o surgimento dos moluscos no bairro. A espécie Achatina fulica, conhecida popularmente como caramujo africano, pode causar doenças de difícil diagnóstico em humanos, o que apavora a população da área.

“A gente sabe que esses bichos podem transmitir doenças, e tem medo principalmente por causa das crianças, que não entendem bem e gostam de brincar no quintal”, contou a costureira Maria Sousa da Silva, avó de crianças entre um e oito anos de idade.

Os caramujos podem se reproduzir rapidamente. Os indivíduos são hermafroditas e realizam até cinco posturas por ano, com 50 a 400 ovos por postura. Ativo no inverno, resistente ao frio e à seca, geralmente passa o dia escondido e sai para se alimentar e reproduzir à noite, ou durante e logo após as chuvas.

No bairro, é incontável o número de caramujos retirados pelos moradores, que, em mutirões, realizam a limpeza dos quintais, a fim de evitar o contágio por doenças que podem ser transmitidas pelos moluscos. Eles relataram que, ao entrar em contato com a Sema, foram orientados a agir por conta própria no combate aos caramujos, como informou Maria Sousa da Silva.

“O meu marido ligou para a Secretaria de Meio Ambiente, e eles disseram que não tinham uma equipe que pudesse vir até aqui, que deveríamos nos juntar para retirar os bichos, e é o que temos feito. Já tiramos baldes e baldes de caramujos, sem contar com auxílio de nenhum órgão, nem ambiental nem da saúde”, destacou a costureira.

Os cuidados com a limpeza também se intensificaram com a chegada dos caramujos. A cada ida ao quintal, os moradores precisam limpar os calçados, lavar as mãos e os pés a fim de reduzir o risco de contaminação. As casas são limpas com maior frequência e de forma minuciosa. A gente sempre passa água sanitária em toda a casa, para prevenir ao máximo”, explicou Maria Sousa Silva.

Outro lado
Em nota, a Sema informou que faz ações de conscientização e orientação à população. Além disso, a Casa Civil Estadual instituiu decreto para formação de um Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI), com o objetivo de estabelecer mecanismos e iniciativas para a adoção das providências acerca desta pauta.


Por sua vez, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que a responsabilidade pelo recolhimento dos caramujos para fins de eliminação física é do município de São Luís, por meio das Secretarias de Meio Ambiente e Obras e Serviços Públicos.

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Riscos
Além de destruir plantas nativas e cultivadas, alimentando-se vorazmente de qualquer tipo de vegetação, e competir com espécies nativas – inclusive alimentando-se de outros caramujos -, tais animais são hospedeiros de duas espécies de vermes capazes de provocar doenças sérias. São elas:
- Angiostrongylus costaricensis: responsável pela angiostrongilose abdominal, doença que provoca perfuração intestinal, de sintomas semelhantes aos da apendicite;
- Angiostrongylus cantonensis: responsável pela angiostrongilíase meningoencefálica, de sintomas variáveis, mas muitas vezes fatal.

- Tanto uma quanto outra ocorrem pela ingestão do parasita, seja pelo manuseio dos caramujos, ou ingestão destes animais sem prévio cozimento, ou de alimentos contaminados por seu muco, como hortaliças e verduras. Por isso, é fundamental o uso de luvas ou sacolas de plástico ao manipular os caramujos, assim como higienizar as mãos após o contato.

Como eliminar os caramujos
No varejo especializado, há disponíveis iscas tóxicas que servem para eliminar caramujos. Contudo, o produto comercial só deve ser utilizado quando a praga estiver provocando muitos danos no local. Caso contrário, é indicado remover os caramujos do ambiente manualmente. Com luvas de borracha ou sacos plásticos, pegue os moluscos invasores e coloque-os em água quente.

Espécies invasoras

De acordo com dados da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), as espécies invasoras representam a segunda maior ameaça à biodiversidade em todo o planeta, só perdendo para os desmatamentos. No Brasil, um exemplo com impactos negativos para a natureza, a economia e também para a saúde humana é o caramujo africano. É considerado uma das 100 piores espécies invasoras do mundo.

Íntegra da nota da SES

Sobre os caramujos africanos, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) informa que faz ações de conscientização e orientação à população. Além disso, a Casa Civil Estadual instituiu decreto para formação de um Grupo de Trabalho Interinstitucional – GTI, com o objetivo de estabelecer mecanismos e iniciativas para a adoção das providências acerca desta pauta. O GTI está sendo consolidado por gestores da Sema, Secretaria de Estado da Saúde (SES), Secretaria de Estado da Cultura e Turismo (Sectur), Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) e Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA).

Por sua vez, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informa que a responsabilidade pelo recolhimento dos caramujos para fins de eliminação física é do município de São Luís, por meio das Secretarias de Meio Ambiente e Obras e Serviços Públicos. A SES esclarece que o Laboratório Central do Maranhão (Lacen) realiza o recolhimento do caramujo apenas para fins de estudo, contribuindo com pesquisa nacional da Fundação Oswaldo Cruz.

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