Ameaça

Após provocação, Irã diz que tem capacidade para atacar EUA

O conselheiro de segurança dos EUA, John Bolton, afirmou ''pressão além das sanções'' e país persa assegurou poderio militar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h29
John Bolton diz que os Estados Unidos querem 'pressão além das sanções' contra Irã (John Bolton )

TEERÃ - O governo iraniano advertiu ontem que poderia visar alvos americanos se fosse atacado pelos EUA, depois que o conselheiro de segurança do presidente Donald Trump, John Bolton, afirmou que Washington exerceria "pressão máxima sobre o Irã, para além das sanções econômicas". A guerra de declarações ofensivas entre os dois países tem subido de tom desde que o governo americano se retirou do acordo nuclear de 2015 em maio, voltando a aplicar sanções contra o país.

A saída dos EUA do pacto, que diminuiu ligeiramente a tensão entre Irã e Estados Unidos após décadas de hostilidade, gerou dúvidas em Teerã, apesar do desconforto em relação à privação econômica. As novas restrições também produziram tensão entre os aliados europeus dos EUA, uma vez que empresas europeias começaram a abandonar o país persa.

O conselheiro de segurança nacional americano, John Bolton, afirmou que a reimposição das sanções teria um forte efeito na economia e na opinião pública iraniana.

"Não deveria haver dúvida de que os Estados Unidos querem resolver a situação pacificamente, mas estamos totalmente preparados para qualquer eventualidade provocada pelo Irã", afirmou Bolton durante uma visita à Israel, inimigo do Irã no Oriente Médio.

As sanções americanas aplicadas no começo de agosto são dirigidas ao setor de automóveis do Irã, o comércio do ouro, metais preciosos e compras de dólares, cruciais para as relações comerciais internacionais. Em novembro, mais sanções são previstas, dessa vez focando os setores bancário e petroleiro iranianos. Para as potências europeias, tem sido complicado assegurar que o Irã receba benefícios econômicos suficientes para que continue no acordo. Atingir esse objetivo tem se mostrado uma tarefa difícil, uma vez que empresas europeias têm preferido abandonar o país ao invés de enfrentar as restrições americanas.

"Esperamos que os europeus vejam, como veem as empresas de toda a Europa, que a e diferença entre fazer negócios com o Irã ou com os Estados Unidos é bem clara. Vamos ver o que se passa em novembro. Mas (Trump) deixou muito claro: quer pressão máxima contra o Irã, e é isso que está acontecendo. O que queremos é uma grande mudança de comportamento do regime. Vamos fazer outras coisas para pressionar o Irã, além das sanções econômicas", afirmou Bolton, sem dar mais detalhes.

Declarações

Respondendo a essas declarações, um clérigo iraniano considerado próximo ao líder supremo, Ahmad Khatami, disse a fiéis durante cerimônias religiosas em Teerã. "O preço de uma guerra com o Irã é muito alto para os EUA. Eles sabem que se atingem minimamente este país, os EUA e seu principal aliado na região, o regime sionista (Israel), seriam nossos alvos", afirmou Khatami.

A Guarda Revolucionária iraniana afirmou que poderia atacar cidades israelenses com mísseis caso se sentisse ameaçada, além de que continua a incrementar as capacidades defensivas do Irã, de modo a não se render à pressão americana contra seu programa balístico.

Na semana passada, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, já tinha afirmado que os EUA jamais confrontariam o Irã em uma guerra, por conta da força militar do país. "Não haverá guerra. Nós nunca começamos uma guerra e eles não confrontarão o Irã militarmente", disse Khamenei.

A campanha de Trump para isolar o Irã e enfraquecer sua economia colocou os velhos adversários de volta em rota de colisão, o que os signatários europeus do acordo nuclear temem que aumentem o risco de uma guerra mais ampla no Oriente Médio.

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