Resposta à publicação

Em carta aberta, Bita do Barão rebate reportagem da Veja

De acordo com o babalorixá, o texto incita a intolerância religiosa e prejudica aos interesses turísticos, por exemplo, da cidade maranhense de Codó (MA)

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h31
Bita do Barão diz que a reportagem serviu para espalhar ódio e discriminação (Bita do Barão diz que a reportagem serviu para espalhar ódio e discriminação)

SÃO LUÍS - O babalorixá Bita do Barão, que foi alvo de uma reportagem escrita e publicada na última edição da revista Veja, condenou em carta aberta encaminhada para O Estado o teor da matéria e disse que foi vítima de 'inverdades' contidas no texto do repórter João Batista Jr.

De acordo com Bita do Barão, o texto incita a intolerância religiosa e prejudica aos interesses turísticos, por exemplo, da cidade maranhense de Codó (MA), onde fixou residência e se consolidou como o principal pai de santo do Brasil.

Ainda de acordo com Bita, a reportagem, em vez de levar informação aos leitores, “serviu para espalhar ódio e discriminação”, segundo ele, com fins eleitoreiros. Por fim, o babalorixá ressaltou que “cultua a Deus e outros santos”, pregando sempre o bem em detrimento do mal.

Segue a carta de Bita do Barão:

Abri as portas da minha casa para o senhor João Batista, repórter da revista Veja, acreditando ser uma oportunidade de divulgar minha querida Codó, onde há mais de 60 anos resido e realizo minhas celebrações. Qual foi minha surpresa ao tomar conhecimento de tantas inverdades contidas numa só matéria.

É triste que nos dias de hoje a gente tenha uma revista semanal que publique uma reportagem com tamanho preconceito e desrespeito às religiões afro-brasileiras. No texto, sou tratado pejorativamente como bruxo e feiticeiro, numa tentativa de demonizar a mim e às pessoas que frequentam terreiros. Espalhar intolerância religiosa é, no mínimo, irresponsável, principalmente, vindo de uma revista lida em todo o Brasil,

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Codó, no Maranhão, é conhecida como a capital brasileira da Umbanda e os festejos promovidos no mês de agosto fazem parte do calendário religioso/cultural do Maranhão e, até mesmo, do Brasil. Turistas de todo o país que acreditam no poder da fé frequentam e vêm conhecer essa festa. É comum que políticos e autoridades, principalmente do meu próprio estado, venham a essa festa, da mesma forma em que vão a qualquer outro templo religioso.

Em vez de levar informação aos leitores, essa matéria serviu para espalhar o ódio, a intolerância, a discriminação, claramente com fins eleitoreiros. Isso encontra guarida num grupo de radicais fundamentalistas que tem usado as redes sociais para atacar a mim e a s pessoas que respeitam a cultura e a diversidade religiosa no Maranhão. Incitar brasileiros a atacarem outros brasileiros em função de sua crença ou em função de sua descrença, além de preconceito, é crime.

Por outro lado, lamentavelmente, a revista foi pautada por interesse político, como prova a exploração que está sendo utilizada na mídia local. Minha missão é religiosa. Cultuo a Deus e meus santos, fazendo o bem e nunca mal a ninguém.

Sou para o Maranhão, norte e nordeste, conhecido como era Mãe Menininha, na Bahia.

Deixo registrado meu repúdio e profunda indignação com essa campanha difamatória que atinge não apenas a mim, mas a todos os que homens e mulheres de bem que buscam na fé, preservar e viver os valores da verdade, da paz e da convivência fraterna entre os semelhantes.

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