Insegurança

Deputado critica desmonte das Unidades de Segurança Comunitária, em São Luís

De acordo com Aluisio Mendes, USCs implantadas na Vila Luizão e no Coroadinho contavam com câmeras de videomonitoramento cobrindo o perímetro

Atualizada em 11/10/2022 às 12h40
Na área de abrangência da USC da Vila Luizão atendia com uma população de aproximadamente 120 mil moradores (usc vila luizão)

BRASÍLIA - O deputado Aluisio Mendes criticou duramente o processo de desmonte das Unidades de Segurança Comunitária (USC) instaladas em São Luís durante a sua gestão na Secretaria de Segurança Pública e que reduziram em até 80% os índices de violência nas áreas abrangidas. Para o parlamentar, o atual governo estadual está favorecendo o aumento da criminalidade ao não dar continuidade ao trabalho de interação entre as polícias e as comunidades.

"Hoje na Vila Luizão, por exemplo, a comunidade se distanciou da USC, por que já não conta mais com a estrutura que instalamos para devolver àquelas famílias o direito de viver com segurança. O que se tem notícia agora é que até os policiais capacitados para atuar na segurança comunitária foram vítimas da ação de bandidos e a maioria não está mais naquela unidade", lamentou Aluisio Mendes.

As USCs implantadas na Vila Luizão e no Coroadinho contavam com câmeras de videomonitoramento cobrindo o perímetro de todo o complexo policial, dando ao comando de cada unidade um controle, 24 horas por dia, de toda a movimentação. As unidades também serviram de espaço para a oferta de cursos profissionalizantes e projetos sociais para os moradores.

Na área de abrangência da USC da Vila Luizão, com uma população de aproximadamente 120 mil moradores, o policiamento reforçado 24 horas era feito a pé, em motocicletas, quadriciclos e viaturas. Na USC Coroadinho, cerca de 80 mil moradores dos 28 bairros abrangidos foram beneficiados com o policiamento realizado em parceria com a comunidade.

“Quando a USC foi instalada, os policiais conversavam com os moradores, a comunidade estava presente dentro da unidade, o policiamento era 100%. Mas aqueles policiais que foram capacitados para a segurança comunitária não estão mais na Vila Luizão, e a violência voltou a crescer”, relata a líder comunitária Maria da Glória.

Para a moradora Maria Raimunda Santos, que integra o Conselho Comunitário pela Paz da Vila Luizão, os criminosos voltaram a ocupar o bairro graças à desestruturação da USC, pois há inclusive inquérito para investigar o sumiço de computadores, carregadores e armas da unidade. “Hoje a USC nem atende mais os pedidos de socorro dos moradores”, acrescentou.

O presidente da Associação de Cultura e Lazer da Coheb, Joelson Garcez Lima, a USC é uma iniciativa que deu excelentes resultados e por isso deve ter continuidade. “Os policiais são conhecidos e bem relacionados com a comunidade, e a criminalidade reduziu drasticamente em nosso bairro”, finalizou.

Aluisio Mendes disse ter ficado surpreso com a entrevista em que o secretário Jefferson Portela afirma que as USCs não funcionaram e que serão substituídas por conselhos pela paz, desfigurando uma iniciativa de sucesso por ter a marca do governo anterior. Para ele, o atual governo deveria ouvir a opinião das comunidades e de pessoas como o atual subcomandante da Polícia Militar do Maranhão, Jorge Luongo, que era um dos maiores entusiastas das USCs.

“Os conselhos pela paz não têm nenhuma estrutura, não contam com o apoio das forças policiais e ainda não tiveram nenhuma atuação efetiva. O atual governo deveria aproveitar uma iniciativa que já deu certo e expandi-la, colocando a segurança da população sempre em primeiro lugar”, finalizou ele.

Posicionamento

A Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP-MA) informou que a Unidade de Segurança Comunitária (USC) da Vila Luizão cobre um total de 10 bairros e atende mais de 120 mil moradores. O modelo maranhense foi criado a partir da experiência da UPP – Unidade de Polícia Pacificadora, implantada no Rio de Janeiro e tem como diferencial tratamento mais humanitário e atuação parceira com as comunidades.

De acordo com a secretaria, a violência nos bairros atendidos pela unidade diminuiu 30,2%, comparando 2014 - quando foram registradas 672 ocorrências - a 2016, que teve menos casos: 469. As ocorrências incluem homicídios; apreensão de arma de fogo, arma branca e simulacro de armas; tráfico de entorpecentes; recuperação de veículos roubados; latrocínio; e tentativa de homicídio.

Em 2016, a equipe teria realizado a abordagem a pessoas (39.317) e ônibus (7.604); apreensão de menores (121); conduções a delegacias (492) e autuações em flagrantes (79), totalizando 47.613 ações executadas.

Já no Coroadinho, a parceria da polícia e comunidade atende 17 bairros. Após a implantação da unidade, segundo a SSP, houve queda de 18% dos homicídios e roubos. Foram 100 casos deste tipo em 2015, número que caiu para 82 em 2016. Considerando apenas os homicídios, a diminuição teria sido de 41%. Totalizaram 49 casos deste tipo em 2015 contra 29 ano passado. As apreensões de drogas e armas aumentaram 5%. A USC Coroadinho Bom Jesus-Coroadinho atende ainda 32 áreas adjacentes.

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