Polêmica

Morte após ingestão de Noz da Índia divide opiniões e vigilância proíbe venda no Maranhão

Mulher morre em São Luís e família associa óbito ao produto; nutricionista aconselha o não uso da substância

OESTADOMA.COM

Atualizada em 11/10/2022 às 12h41
Noz da Índia é usada no tratamento para emagrecimento (NOZ DA INDIA )

SÃO LUÍS – A morte de uma funcionária do Tribunal de Justiça do Maranhão, atribuída ao consumo de um produto, chamado Noz da Índia, para emagrecer tem gerado um debate muito grande nesta quarta-feira (18), em São Luís. Após a repercussão do fato, várias pessoas se posicionaram nas redes sócias sobre o assunto. E os depoimentos se dividem em experiências de sucesso e casos de sérios problemas de saúde. Nutricionista afirma que o produto não tem estudo cientifico que comprove sua eficácia e, portanto, não indica para os seus pacientes. Alguns estados já proibiram a venda. No Maranhão, a Superintendência de Vigilância Sanitária do Maranhão (Suvisa) também proibiu a venda e distribuição, após a repercussão na mídia.

Rachel Cristina Ferreira Araújo, de 54 anos, morreu na última quinta-feira (12), e, segundo a família, o motivo pode ter sido o consumo do produto, geralmente vendido em casa de produtos naturais. A médica Marizélia Ribeiro, que é amiga da família de Rachel e chegou a acompanhá-la no hospital, disse que a vítima começou a ter diarreia, vômito e dores abdominais, justamente após ingerir o produto.

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No entanto, a empresária maranhense, Magaly Sousa, garante que utiliza a Noz da Índia no tratamento para emagrecer há dois anos e nunca teve problemas. Assim que a notícia começou a ser vinculada, ela usou suas redes, inclusive com fotos, para defender o uso do produto. “Nunca tive problemas. Tem um grande erro aqui, tem gente vendendo um produto chamado ‘Chapéu de Napoleão’ dizendo que é Noz da Índia, talvez esse seja o problema. Há dois anos eu tomo, em um intervalo de quatro em quatro meses, e nunca me causou problema”, comentou.

Porém, a empresária conta que não possui recomendação médica alguma: “Foi uma amiga minha que indicou, ela também usa e nunca teve efeito colateral. Essa amiga, inclusive, já teve câncer. A Noz da Índia me ajudou bastante no processo de emagrecimento, acho que estão confundindo”, afirma ela, lembrando que o consumo da noz já lhe causou diarreia algumas vezes, mas por causa da ingestão de comida gordurosa durante o tratamento.

Outro lado

Ao passo que depoimentos dão conta de que a Noz da Índia faz bem, outros posicionamentos mostram o contrário. A jornalista Brendha Gomes afirma que passou por vários problemas de saúde após ingerir o produto. “Eu parei [de tomar] por causa dos efeitos colaterais. Eu cortava em pedaços para tomar. Eu sentia muita tontura, calafrios. Deixei de tomar, fiquei com medo”.

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Internautas também deram seu depoimento. “Eu tomei essa castanha na semana antes do Natal e fiquei toda inchada. Meu rosto, o estômago e minhas pernas. Não consegui comer. Foram duas semanas com febre e dores no meu corpo todo”, escreveu uma internauta em uma postagem na página oficial do jornal O Estado no Facebook.

Palavra de uma especialista

A médica nutricionista Renara Leite afirmou que não prescreve a Noz da Índia para os seus pacientes, já que não tem comprovação científica alguma da eficácia. “Eu nunca prescrevi. Inclusive, aconselho a não usar. Tenho casos de pacientes que passaram por sérios problemas de saúde por usar esse produto em tratamento”.

Renara lembra que o Conselho Nacional de Nutrição também não recomenda o uso. “Como não tem registro científico, o conselho não recomenda, portanto eu também não recomendo”, informou.

Proibição da venda

A Superintendência de Vigilância Sanitária do Maranhão (Suvisa) proibiu a venda da Noz da Índia no estado tendo em vista os relatos recentes de pessoas doentes e uma notificação de óbito.

Ainda segundo a Suvisa, o produto, indicado para emagrecimento, não possui comprovação da eficácia e da segurança do seu uso, além de não possuir registro no Ministério da Saúde.

“A Superintendência alerta, também, para a suspensão imediata do consumo da Noz da Índia. Nos casos de pessoas que adoeceram após uso do produto, as autoridades sanitárias do município ou do Estado devem ser notificadas para as providências cabíveis”, diz trecho da nota enviada pelo órgão.

Por fim, a Superintendência esclarece que por se tratar de produto sem registro, os estabelecimentos que estão comercializando a Noz da Índia estarão sujeitos às penalidades sanitárias previstas em lei.

No Mato Grosso do Sul também estão proibidos desde novembro do ano passado a fabricação, importação, divulgação, publicidade e comércio do produto. Uma resolução da saúde estadual determinou, ainda, o recolhimento e inutilização das unidades da semente encontradas no mercado ou expostos à venda.

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