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Especialista esclarece mitos e verdades sobre a leishmaniose visceral canina

Classificada entre as seis endemias prioritárias no mundo, a doençaé desconhecida por muitas pessoas, mas os números da doença revelam o impacto dela no Brasil: 90% dos casos da Leishmaniose Visceral Canina na América Latina acontecem no país

Atualizada em 11/10/2022 às 12h44
A transmissão da Leishmaniose Visceral Canina ocorre pela picada das fêmeas infectadas do Lutzomyia spp (raças caes h)

SÃO PAULO - A Leishmaniose é transmitida por cães? A eutanásia dos animais é a única indicação? Consigo combater o mosquito transmissor eliminando água parada? A Leishmaniose Visceral é uma doença que leva ao óbito em até 90% dos casos não tratados, mas apesar de sua gravidade, ainda há muitas dúvidas sobre o ciclo da doença, tratamento e prevenção. Para esclarecer as questões mais recorrentes, a veterinária Fabiana Zerbini comenta mitos e verdades sobre o assunto.

Classificada entre as seis endemias prioritárias no mundo - segundo o Ministério da Saúde -, acometendo principalmente cães, gatos e humanos, a Leishmaniose é desconhecida por muitas pessoas. Os números da doença – segundo o Ministério da Saúde – revelam o impacto dela no Brasil: 90% dos casos da Leishmaniose Visceral Canina na América Latina acontecem no Brasil e, entre o ano de 2009 e 2013, 18 mil casos foram confirmados em humanos.

A transmissão da Leishmaniose Visceral Canina ocorre pela picada das fêmeas infectadas do Lutzomyia spp, conhecido como “mosquito-palha”. Até então, cães acometidos pela doença eram indicados à eutanásia, pois são hospedeiros do vetor.

Acontece que, recentemente, o Ministério da Agricultura e da Saúde aprovou a comercialização no Brasil de um medicamento para tratamento da Leishmaniose Visceral Canina. O Milteforan, desenvolvido pela Virbac, será oficialmente lançado em 2017 e promete ser uma ferramenta importante para a diminuição da transmissão da doença no Brasil. Para explicar o assunto, a veterinária e gerente técnica da Virbac, Fabiana Zerbini, esclarece alguns mitos e verdades. Confira:

Posso pegar a doença através do contato físico com o cão que possui a doença?

Mito. A Leishmaniose Visceral Canina não é transmitida por mordida, arranhão, lambedura, urina ou fezes. A doença é transmitida através da picada do mosquito infectado.

Se o cão está com sintomas na pele, isso quer dizer que ele tem leishmaniose tegumentar?

Mito. Geralmente, cães com leishmaniose visceral apresentam alterações na pele. Sendo uma doença sistêmica, pode também envolver qualquer órgão, tecido ou fluido corporal e se manifesta por sintomas clínicos inespecíficos. Além das alterações cutâneas, pode apresentar aumento de linfonodos, perda de peso progressiva, atrofia muscular, lesões oculares, entre outros.

Existe a possibilidade de alguns exames diagnósticos darem resultados errados?

Verdade. Existem resultados chamados de falso positivo e falso negativo (ou seja, o cão saudável pode ser tratado indevidamente e o cão doente pode ficar sem tratamento). Por esse motivo, o diagnóstico não é baseado em um único exame, sendo um processo complexo que necessita de prova e contraprova.

A única medida eficiente para controle da doença é o tratamento dos cães doentes?

Mito. O tratamento dos cães é apenas uma dentro de um conjunto de outras medidas necessárias para a prevenção. A medida mais eficiente continua sendo o combate ao mosquito, impedindo-o de se multiplicar e de picar animais e humanos através da utilização de repelentes.

Consigo prevenir o mosquito retirando focos de água parada?

Mito. O mosquito transmissor da doença – o mosquito-palha – tem preferência por lugares com matéria orgânica, com muitas plantas e árvores frondosas. A limpeza do terreno, poda das árvores, manter os canis limpos e telados são medidas mais eficazes contra esses mosquitos. Além disso, é essencial a utilização de repelentes no ambiente e no cão, como coleiras e medicamentos spot on.

A medicação Milteforan foi aprovada para tratamento da doença nos cães?

Verdade. Milteforan é o único medicamento para tratamento da Leishmaniose Visceral Canina (LVC), ou seja, de uso exclusivo para cães, e registrado para este fim no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA). Vale ressaltar que a Portaria Interministerial Nº 1.426, proíbe o tratamento da LVC com produtos de uso humano ou não registrados no MAPA.

Com o uso do Milteforan o cão estará curado da doença?

Mito. Com o uso do Milteforan, o cão poderá obter a cura clínica e epidemiológica. Porém, apesar de reduzir significativamente a quantidade de parasitas e o cão deixa de ser transmissor da doença, porém a leishmania permanecerá em seu organismo. Por esse motivo, é muito importante o acompanhamento e monitoramento do animal por um médico veterinário com exames clínicos e laboratoriais; além da repetição do tratamento, a fim de manter os níveis baixos da quantidade de parasitas.

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